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17 de Junho de 2020
O conflito entre a Bic e a Montblanc
Por: Claudio Magnavita*
O roteiro do ministro Alexandre de Moraes era o
mesmo que Sergio Moro queria seguir ou sonhava seguir. Ser Ministro da Justiça
e, na sequência ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tudo rápido e a queima roupa. De ex-secretário de
Segurança de São Paulo, ativista do PSDB de carteirinha, aliado do Presidente
Michel Temer, a sua carreira do Planalto para a corte suprema foi meteórica.
A casa que deveria ser a guardiã do Constituição
coloca de lado a presunção de inocência e condena por antecipação o presidente
Jair Bolsonaro, na nomeação do diretor-geral da Polícia Federal, proibindo a
posse do delegado Alexandre Ramagem.
Age como Moro agiu e comandou a operação para
impedir a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil. Um ato perfeito, apoiado
pela Constituição, e abatido por uma decisão monocrática de um único titular do
STF, produzindo efeitos midiáticos e políticos.
Neste caso, não são as instituições funcionando. É
a usurpação por um poder do direito de outro.
O contraponto está no discurso de posse do novo
ministro da Justiça, André Mendonça, que enterrou de vez as viúvas do ex-Sergio
Moro.
Até a Rede Globo foi obrigado a elogiar a escolha.
A mesma caneta Bic que nomeou Mendonça, nomeou Ramagem. Já o uso político da
caneta Montblanc pelo Judiciário desafia cada vez mais o bom senso e reafirma a
sensação de as Cortes estarem afinadas com interesses políticos.
*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio
da Manhã
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