POR FRANCISCO LEMOS FERREIRA
Para terminar esta série da conversas para memória futura sobre os automóveis Alba.
Ainda durante as conversas com António Augusto de Lemos Martins Pereira ficou a certeza da existência do quinto Alba, aquele que, curiosamente, teve por base um chassis DM adquirido pelo seu filho, o meu amigo José Luís Martins Pereira ou “Zé Lu”.
Foi com o próprio José Luís que tive esta conversa, já depois da visita ao “carro” em casa do seu actual proprietário, o também meu amigo, Paulo Porto. Este Alba, de matrícula NS-12-39, correu na Boavista na pele de DIMA pilotado pelo José Ferreira da Silva.
Onde compraste o chassis que deu origem a este Alba?
Em Redinha, Pombal.
Quem fez o carro?
Foi o “Chico Côrte-Real” que o adaptou.
Foi ele que o adaptou? Mas não foste tu que compraste o chassi DM numa sucata?
Comprei o chassis, com carroçaria, a um sucateiro na Redinha. Não me lembro quem era, mas era amigo de um amigo meu.
Que cor tinha nessa altura?
Quando comprei o carro ele estava pintado de vermelho. Depois, nas instalações da Alba retirei a pintura toda.
Que alterações é que o Côrte-Real Pereira lhe fez?
Aligeirou o chassis fazendo-lhe uns buracos. Depois fez a carroceria idêntica aos Alba.
Compraste o chassis por quanto e em que ano?
Por uns 50 contos e julgo que em 1960, mas deve estar no livrete.
A carroçaria DM estava danificada?
Sim, não sei onde, mas devo ter fotos, ou mesmo um vídeo, feito no sucateiro.
O teu pai disse-me que chegou a ser vendido, já com a carroçaria Alba, para a Madeira. É verdade?
Havia um interessado da Madeira, mas desistiu por não ser um Alba original.
O depósito tem um pormenor curioso de reciclagem feita na época: a tampa diz “Esgoto Banheira – lavabos homens”. Já vinha assim?
Sim, mas quando o pintámos já não se via
O carro chegou a andar?
Não. Raspei a tinta toda e depois comprei uma caixa de velocidades, porque a que vinha com o carro tinha a cloche partida. No entretanto não cheguei a montá-lo.
Compraste o chassis nos anos 60 para ser o Côrte-Real a adaptar a carroçaria. E tinha instrumentos?
Na verdade não me lembro. Só vendo as fotos. Deverá ter tido, que investiguei, uns Smiths essenciais, pelo que sei, originários de um Morris.
A carroçaria deste também foi feita na fábrica?
Pelo que me recordo, não. Terá sido feita em Aveiro.
Em Aveiro onde? Foi o Côrte-Real que a fez?
Sim acho que foi feita pelo Côrte-Real, ou por um chapeiro amigo dele, em Aveiro.
O volante deste carro é Nardi foste tu que o arranjaste?
Fui eu que o recuperei lá na carpintaria da Alba.
Os bancos que vi são ao género dos que estão no OT.
Sobre os bancos, arranjei umas bases em fibra idênticas, mas feitas na altura.
As jantes são em ferro da Simca?
Sim, eram as jantes normais da Simca.
O Alba NS-12-39 encontra-se desmontado e aguarda que o novo proprietário que lhe devolva o esplendor merecido para um carro cuja história envolve duas emblemáticas marcas nacionais e cuja opção será a configuração DIMA com que correu Ferreira da Silva.
Não terminámos a conversa sem lhe perguntar pelo Júpiter, um carro igualmente construído pelo “Zé Lu” na fábrica Alba, com base Volkswagen e que fez furor pelas ruas de Aveiro nos anos 70. Ficámos de beber um café e ir ver o carro que se encontra para restauro em Aveiro.
Entretanto a história deste carro continua e poderá voltar à vida em breve na configuração DIMA nas mãos do seu novo proprietário Filipe Carlos.
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