Após decisão tomada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo
Tribunal Federal (STF), ordenando a instalação da CPI da Covid-19,
o Senado apresentou uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC 08/2021) com o objetivo de restringir o alcance das decisões
monocráticas na Alta Corte.
De autoria do senador Oriovisto
Guimarães (Podemos-PR), a proposta é uma das reações anunciadas por senadores
apoiadores do governo com o objetivo de limitar o poder dos ministros do
Supremo. Para o senador, a mudança no texto constitucional evita a
“interferência individual dos ministros do STF nas competências de outros
Poderes”.
A proposta do senador também prevê
prazo de até quatro meses para ocorrer a análise do mérito, sob pena de perda
da eficácia da liminar.
“O Supremo tem que aprender a ser um
colegiado, decidir os 11. Quando um ministro decide sozinho, esse ministro fica
com um poder absurdo. Veja: se 513 deputados, 81 senadores e o presidente da
República aprovarem uma lei, um ministro do Supremo sozinho, em uma decisão monocrática,
derruba a lei. Isso é um desequilíbrio que tem que acabar”, disse o senador.
O senador já havia apresentado
a PEC 82/2019, que
impõe limites a pedidos de vista e decisões cautelares monocráticas no âmbito
dos tribunais.
Essa proposta traz o mesmo conteúdo
da proposta anterior que foi rejeitada pelo Senado em setembro de 2019, mas
previa que decisões cautelares nos tribunais não poderão ser monocráticas nos
casos de declaração de inconstitucionalidade ou suspensão de eficácia de lei ou
ato normativo. De acordo com o Senado, agora, a proposta tramitará como PEC 8/2021.
Reação
A publicação foi determinada pelo
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e é uma clara reação à ordem
dada por Barroso.
Também assinam a PEC os senadores
Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autores do
pedido judicial que resultou na decisão de Barroso.
Além deles, outros senadores se
mobilizaram contra o que chamaram de interferência do STF no Senado.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES)
pediu em suas redes sociais apoio a um Projeto de Lei (PL) de sua autoria para
limitar o poder de ministros do STF e do STJ também em decisões monocráticas.
Pelo texto do PL 816/2021, as
decisões monocráticas de ministros de ambas as cortes, quando decretarem a
nulidade de atos praticados em processos penais, só terão eficácia após
ratificação por órgão colegiado.
CPI x CPI
Já o senador Carlos Viana (PSD-MG)
apontou que a decisão monocrática de Barroso “é um completo desrespeito entre
os Poderes da República” e defendeu a abertura de uma CPI para investigar essas
interferências.
“O ativismo judicial chegou a um
limite perigoso e inconstitucional”, disse nas redes sociais. Para ele, “é hora
do Senado dar uma resposta corajosa ao STF”.
Em seu Twitter, Carlos Viana disse que informou a Rodrigo Pacheco que iniciará coleta de assinaturas para a criação de uma CPI para investigar a questão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário