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Mamografia anual é questionada no Canadá. E no Brasil?

 

Mulheres acima dos 50 anos que fazem exames regularmente têm maior chance de cura do câncer de mama (Foto: Thinkstock)


Mulheres acima dos 50 anos que fazem exames regularmente têm maior chance de cura do câncer de mama (Foto: Thinkstock)

Para a Sociedade Brasileira de Mastologia, a situação no país é muito diferente e as recomendações sobre o rastreamento mamográfico devem permanecer as mesmas

Centros de pesquisa canadenses publicaram nesta terça-feira (11), no British Medical Journal, um dos mais vastos e meticulosos estudos sobre a mamografia. 


Depois de acompanhar mais de 90 mil mulheres por 25 anos, os pesquisadores questionam a eficácia do exame anual como forma de reduzir a mortalidade por câncer de mama.

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No grupo das mulheres que fizeram mamografias com frequência, 3.250 foram diagnosticadas com câncer e 500 morreram. No grupo de mulheres que não passaram pelo exame, os números são semelhantes: 3.133 desenvolveram a doença e 505 morreram. “Nossos dados mostram que a mamografia anual não resulta em uma redução da mortalidade específica por câncer de mama em mulheres com idades entre 40 e 59 maior do que exames físicos ou cuidados usuais. 


Os dados sugerem que o valor da mamografia deve ser reavaliado”, diz a pesquisa, que foi liderada por Anthony Miller, da Universidade de Toronto.

Um ponto negativo da realização de mamografias regularmente, segundo o estudo, é o aumento do número de diagnósticos. Nem sempre o câncer é uma ameaça à saúde da mulher – ele pode crescer lentamente, diminuir e até desaparecer sozinho. 


O diagnóstico, no entanto, acaba obrigando a mulher a passar por tratamentos, como a quimioterapia, cirurgia ou radioterapia, que talvez não sejam realmente necessários. 


Entre as mulheres analisadas no Canadá, um em cada cinco cânceres encontrados com a mamografia eram inofensivos. 

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Outras pesquisas já haviam mostrado que esse exame pode resultar em diagnósticos excessivos, que geram desconforto e ansiedade para as pacientes. A Sociedade Americana de Câncer pretende reuni-los e discutir possíveis mudanças nas recomendações sobre a prevenção. 


Segundo dados da Sociedade, exames clínicos combinados com mamografias salvam vidas. 


Eles reduzem a mortalidade por câncer em pelo menos 15% para mulheres na faixa dos 40 anos e em 20% para as mulheres mais velhas.

Os pesquisadores do Canadá dizem que os resultados da estudo estão alinhados com a realidade dos países desenvolvidos e não podem ser generalizados para todos. Mesmo recomendando que o uso regular da mamografia seja revisto, eles defendem a importância da educação, do diagnóstico precoce e de um excelente atendimento clínico às mulheres. 

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta para a necessidade do cumprimento das recomendações atuais – rastreamento mamográfico para todas as mulheres brasileiras entre 40 e 69 anos –, o que ainda está longe do ideal. 


“O Brasil ainda não conseguiu diminuir a taxa de mortalidade por câncer de mama, assim como já ocorre no Canadá. 


É possível verificar uma estabilização e discreta redução nas mortes no Sul do país, onde há rastreamento mamográfico mais adequado, mas no Centro-Oeste e no Norte o índice ainda é bastante alto”, diz o presidente da Sociedade, Ruffo de Freitas Junior, em nota.

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Citando um estudo brasileiro publicado em 2014 pelo Grupo Brasileiro de Estudos em Câncer de Mama, o mastologista afirma ainda que a realidade do serviço público é bem diferente do privado. 


As mulheres atendidas pelo sistema particular têm o dobro de chance de obter um diagnóstico de câncer avançado, e a chance de morte pela doença entre as pacientes dos serviços públicos é 10% maior.

“A SBM entende que a realidade do Canadá difere do Brasil, já que o sistema de saúde pública é muito mais adequado, assim como a população é mais disciplinada. 


Essas duas situações juntas certamente contribuíram favoravelmente para que as mulheres que foram submetidas ao exame físico e encaminhadas para o tratamento logo no início puderam ter acesso ao serviço de saúde pública com rapidez, o que não acontece no Brasil”, afirma Ruffo de Freitas Junior.

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Ele diz ainda que, mesmo que novas análises não mostrem redução da mortalidade, a mamografia tem seu valor. No grupo que ficou sem esse exame no estudo canadense, mais mulheres apresentaram câncer de mama de maior tamanho, já comprometendo os linfonodos ou ínguas da axila.

O câncer de mama é um dos mais frequentes entre as mulheres brasileiras, responsável por 30% dos casos em relação aos demais tipos. Neste ano, segundo estimativas do Ministério da Saúde, 57,1 mil novos casos devem ser identificados. 

  


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