Café faz bem ou mal?
Já foram publicados inúmeros trabalhos sobre os efeitos do café no nosso organismo. Alguns dizem que faz bem e outros que faz mal. Afinal onde está a verdade? Para tentar tirar isso a limpo um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos analisou a taxa de mortalidade e causa mortis em um grupo de cerca de 400.000 pessoas com idade entre 50 e 71 anos. Essas pessoas foram acompanhadas por 13 anos: entre 1995 e 2008. O estudo coordenado por Rashmi Sinha foi publicado na revista New England Journal of Medicine. Qual foi a conclusão do estudo?
Recordando
O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo tanto nos Estados Unidos como no resto do planeta. Como o café contém cafeína, que é um estimulante, muitas pessoas o consideram como não saudável.
Por outro lado o café é uma fonte rica de antioxidantes e outros compostos bioativos que poderiam ser importantes para combater doenças inflamatórias ou resistência a insulina.
Alguns estudos sugerem que o café pode aumentar o risco de doenças cardíacas, mas os resultados são inconsistentes. Outros sugerem que o café poderia proteger o organismo contra diabetes, doenças inflamatórias, derrames e injúrias devido a acidentes, mas que não teria efeito em relação sobre o câncer. Em resumo, há muita controvérsia a respeito.
O objetivo do estudo conduzido pelo Dr. Rashmi foi analisar se havia uma associação entre o consumo de café e causa de morte.
Como era constituída a amostra ?
Foram incluídos na amostra 229.119 homens e 173.141 mulheres. De acordo com o consumo de café, as pessoas foram divididas em categorias, desde zero (não consome café) até 6 ou mais xícaras por dia. Além disso foram avaliadas várias outras variáveis como tabagismo, alimentação, prática de exercícios etc…. Um total de 52.515 pessoas morreram durante o estudo. Desses 33.371 eram homens e 18.784 mulheres.
A primeira análise mostrou que a taxa de mortalidade foi maior entre aqueles que consumiam café
Se você toma muito café (como eu) já deve ter se assustado. Mas calma aí. O que os pesquisadores observaram é que entre as pessoas que consomem muito café há uma grande porcentagem de fumantes (não é o meu caso). De fato, frequentemente vemos pessoas que quando querem largar o cigarro param também de tomar café porque dizem que os dois hábitos estão intimamente associados – tomar café estimula neles a vontade de acender um cigarro.
Mas o importante desse estudo é que, quando os fumantes foram retirados da amostra, os resultados foram o inverso. A taxa de mortalidade, nos dois sexos, incluindo doenças cardíacas, doenças respiratórias, derrame, diabetes, doenças inflamatórias , infecções e – surpreendentemente – acidentes também foi menor entre os consumidores de café. Ufa…. que alívio. Em resumo, entre aqueles que tomavam 6 ou mais xícaras , houve 10% menos mortes entre os homens e 15% menos entre as mulheres.
Efeito da cafeina?
Um dado muito interessante é que os pesquisadores observaram que o efeito “benéfico” do café em reduzir a mortalidade foi o mesmo entre aqueles que tomavam café com cafeína ou descafeinado. Isso sugere que não seria a cafeína a responsável por aumentar a longevidade, mas como existem mais de 1000 substâncias no café é difícil saber quais seriam os efeitos de cada uma delas. Uma das hipóteses é que os antioxidantes, incluindo polifenóis, poderiam ser importantes.
Além disso, há uma diferença entre o café americano, que é tomado em xícaras grandes, e o nosso que não pode ser esquecida. Será que a grande ingestão de líquidos junto com o café americano não poderia também ter um efeito benéfico?
Por outro lado, os autores não sabem explicar como o café poderia diminuir as mortes acidentais. A única coisa que me ocorre seria que o café deixa as pessoas mais alertas (ou mais “ligadas” na linguagem popular), mas esse efeito sempre foi atribuído à cafeína.
Você tem alguma outra sugestão, caro leitor?
Por Mayana Zatz
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