Por Bia Bernardi
Para os tomateiros de plantão, eu pergunto: qual é o futuro da humanidade? O que está reservado para nossa geração? O que vem por aí?
Caso o amigo leitor não consiga fazer a relação entre o gosto por tomate e o futuro, esse é um indício de que não está muito preocupado com essa questão. E eu provo, sim!, eu provo!, e até o final dessa crônica você há de entender o porquê.
E será preciso começar do começo, lá no interior de Goiás, onde todo mundo planta tomate. Também é possível começar pelo jardim do Éden e aí não restaria sequer uma dúvida, mas não creio que seja o caso e, assim, partirei de Goiás mesmo.
Ocorrre que, como em toda e qualquer plantação, se o tomate chegou a esse nível de valor é porque alguma coisa deu meio errado: ou a terra que estava fraca, ou o sol que não aqueceu direito, ou não choveu o suficiente. Só que se a terra estava fraca é porque já usaram e abusaram dela – o homem. Se o sol não aqueceu direito é por conta da grossa camada de poluição – o homem, de novo. E se não choveu o suficiente é porque o ecossistema pluvial já foi completamente transformado e está fora de equilíbrio – ora, veja só, quem aparece mais uma vez?
Nisso, a plantação toda dá meio errado e todos os custos do processo ficam meio caros e até chegar na bancada do supermercado todos esses "meios" se juntam e formam inteiros, elevando o preço do produto de maneira absurda. Hoje é com o tomate, mas amanhã será com o milho, o chuchu, a cana…
O ser humano já burlou tanto as regras da natureza que nada mais está normal, nada mais se encaixa dentro dos parâmetros saudáveis. O homo sapiens sapiens alterou tudo a sua volta e alterou inclusive a sua própria estrutura orgânica, dando vazão para os tipos mais absurdos de doenças, como o câncer.
Um grande amigo (e etcétera) um dia me disse que o homem é que é o câncer do mundo e vendo o preço do tomate hoje eu sou obrigada a concordar!, pois chegará o dia em que não vai haver mais solução para a seca, para o efeito estufa, para as enfermidades, e aí, meu caro, o dinheiro não fará mais diferença nenhuma: ricos serão aqueles que tiverem um bocado de alimento, sortudos serão aqueles cujos jardins florescerão! Que valia terá um pedaço de papel que não faz nada por ninguém?, que nem para comer serve!
A humanidade será levada a voltar ao sistema de escambo, com a lógica do produto ser o seu próprio valor e o centro de todo o mercado. A moeda será artigo de museu, de colecionador, herança vil de um passado tão vil quanto.
Não pense que é exagero da minha parte, pois veja que se trata apenas de uma situação causa-consequência, como um mais um, a mesma lógica que nos prova que só se colhe o que se planta (pois afinal é impossível que uma semente de melancia frutifique figos!).
O mesmo eu digo para o caso do pimentão, que… tudo bem que o pimentão… bom, mas é que… Ah, quer saber? O pimentão que se foda.
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