MENSALÃO: Governo teme que prolongamento do processo em 2014

19/09/2013 

MENSALÃO: Governo teme que prolongamento do processo em 2014 prejudique a campanha de Dilma à reeleição

Dilma em comício pela candidata comunista Vanessa Graziottini em Manaus, no ano passado: temor de que seja colado no PT, em 2014, o rótulo de partido corrupto (Foto: A Crítica)
PALÁCIO DO PLANALTO PREVÊ MAIS DESGASTE
Auxiliares de Dilma avaliam que adiamento da decisão poderá atrapalhar reeleição
Por Vera Rosa, do jornal O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff quer manter o governo distante do novo julgamento do mensalão.

A leitura política no Planalto é a de que a reabertura do caso pelo Supremo Tribunal Federal provoca desgaste ao governo e pode contaminar a campanha da reeleição, em 2014, mas a ordem é manter o silêncio.
Em conversas reservadas, ministros do PT dizem que, para o governo, melhor seria o STF começar agora a julgar o mensalão mineiro, que atinge o PSDB do senador Aécio Neves (MG), provável candidato tucano à Presidência.
Ninguém no governo e no PT gostou da escolha do ministro Luiz Fux como relator dos embargos infringentes.
O temor das algemas
Nos bastidores do partido, ele é considerado “um traidor” por ter prometido “matar no peito” o processo contra o ex-ministro José Dirceu, antes de ser indicado para a Corte, e depois condenar todos.
Na prática, integrantes do governo acreditam ser pouco provável uma guinada no julgamento dos réus do PT. Temem, por isso, que prisões sejam decretadas e petistas apareçam algemados durante a campanha de Dilma apenas para “compor a foto” contra o partido da presidente.
Reeleição de Dilma “não será um passeio”
Na avaliação do PT, a disputa para reeleger a presidente Dilma não será um passeio.
“Esse julgamento dos embargos tem que ficar para 2015, para depois das eleições”, disse o presidente do PT de São Paulo, deputado Edinho Silva.
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“Até agora, o Supremo agiu de forma muito politizada para uma Corte.”
Para o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), a cúpula do partido ficou perdida e atuou de forma equivocada ao não assumir a defesa pública dos réus do mensalão.
“O PT garantiu os advogados, mas errou quando, na fase da denúncia, em 2005, não assumiu, logo no início, a posição da prática de crime eleitoral. Deixou a história da compra de votos crescer. Foi um erro pelo qual vamos pagar”, insistiu Dias.
Dilma torce por Genoíno
O diagnóstico pragmático no PT e no governo sobre a conveniência política da reabertura do processo, porém, embute contradições. Motivo: há solidariedade aos réus, principalmente ao ex-presidente do PT José Genoino.
No partido e no Planalto, no entanto, o comentário é que Genoino pode ser o único que não irá para a cadeia.
A presidente conversa com frequência com José Genoino e torce por ele, mas não tem mais contato com Dirceu e muito menos com o deputado João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, e com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Na terça-feira, a presidente aproveitou a posse do novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para afirmar que “agentes da lei” devem agir com “serenidade”.
Pediu que o Judiciário seja “sábio e ágil” e disse esperar “imparcialidade” para que as decisões sejam tomadas “com base nos fatos e no direito”, sem pressões.
O dilema de defender explicitamente ou não os réus do mensalão tem sido motivo de debate na eleição para o comando do PT, marcada para novembro.
Alguns candidatos à presidência do partido, ainda que de correntes minoritárias e de pouco peso político, chegaram a cobrar posição mais enérgica da cúpula petista.
Dirigentes do PT cogitaram a possibilidade de divulgar ontem uma nota, após a aceitação dos embargos infringentes pelo Supremo, mas optaram pela discrição.

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