CASTELOS MEDIEVAIS: Fontainebleau: severidade e esplendor dos aposentos da Rainha-mãe



Salão da Rainha-mãe em Fontainebleau
Nota-se neste ambiente de Fontainebleau um quê de severidade. E explica-se, porque se trata da sala da Rainha-mãe.

Era ela viúva e tudo quanto acompanhava a viuvez tinha um tom de tristeza.

De onde as portas escuras, que trazem — ao lado de todo o esplendor — uma vaga reminiscência de luto.

Entretanto, o que essa porta tem de muito sério é compensado por diversos desenhos miúdos, de arabescos finos, de flores, de guirlandas e de figuras mitológicas.

Um elemento decorativo, ao lado das tapeçarias colossais, que torna o ambiente muito bonito, são os espelhos, certamente produzidos em Veneza. Enormes, profundos e que são como que janelas abertas que aligeiram o ambiente.

Quadro da Rainha-mãe, Ana d'Áustria
(1601 - 1666), por Gilbert de Sève (1615–1698)
Chama atenção o quadro da Rainha-mãe, Ana d'Áustria, mãe de Luiz XIV, colocado no alto da porta.

Esses quadros sobre portas dão à passagem um pouco de majestade semelhante a um arco de triunfo. É triunfal para ela estar no topo de uma porta, dominando o ambiente.

Porta sempre com dois batentes, devido ao protocolo da Corte. Para as filhas ou netas do rei, abriam-se os dois batentes e o alabardeiro dava uma estocada no solo e proclamava: Sua Majestade — a Rainha, ou Sua Alteza Real etc.

Para um príncipe de sangue real que não fosse filho ou neto de rei, mas parente mais distante e para todo o resto da nobreza, abria-se apenas um batente.

De maneira que era em grande estilo quando a Rainha-mãe entrava precedida pelos alabardeiros.

Abriam-se as portas, colocavam-se eles dos dois lados e proclamavam: Sa Majesté, la Reine. Então, faziam-se reverências etc.

Dormitório da Rainha-mãe em Fontainebleau

Assim, a porta era objeto de um cerimonial. Ela tinha caráter triunfal, pois fazia parte dos hábitos do tempo a arte de chegar ou sair.

Não se chegava num ambiente como um frango entra no galinheiro... Ao se chegar a uma sala, a pessoa precisava marcar sua presença; e ao retirar-se, o ato necessitava igualmente ser marcante.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 31,10.1966. Excertos sem revisão do autor).


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