O boletim do DataNunes constata: com 55% dos votos válidos, Aécio Neves está 10 pontos à frente de Dilma Rousseff
As pesquisas do Datafolha e do Ibope, que acabam de sair do forno, informam que nada aconteceu desde quinta-feira passada, quando os institutos serviram as primeiras sopas do segundo turno da eleição presidencial.
Aécio Neves continua com os mesmos 51% dos votos válidos, Dilma Rousseff se mantém nos mesmos 49%. Como a margem de erro é de 2%, repetiu-se o que os alquimistas do Ibope e do Datafolha chamam de “empate técnico”.
Empate coisa nenhuma, comprova o boletim do DataNunes concluído há minutos. O instituto que faz constatações em vez de pesquisas distribuiu por oito tópicos as causas das significativas alterações tanto na direção e força dos ventos quanto na temperatura política:
1. No segundo turno, Dilma Rousseff só conseguiu o apoio individual de Luciana Genro, candidata à presidência pelo PSOL e última colocada em todos os concursos promovidos nos anos 70 para a escolha do Bebê Simpatia de Porto Alegre. Já na largada, juntaram-se à coalizão liderada pelos tucanos o PSB, o PPS de Roberto Freire, o PV de Eduardo Jorge e o PSC do Pastor Everaldo. Neste fim de semana, a aliança foi notavelmente reforçada pelo apoio público da família de Eduardo Campos, que mudou radicalmente a paisagem eleitoral em Pernambuco, e pela chegada de Marina Silva ao palanque de Aécio.
2. Também no fim de semana, o bloco oposicionista foi reforçado por campeões de voto filiados a partidos governistas. O PDT, por exemplo, segue no time de Dilma, mas desfalcado dos senadores Cristóvam Buarque (DF) e Pedro Taques, governador eleito de Mato Grosso, além de Antonio Reguffe, que venceu a disputa pelo Senado no Distrito Federal.
3. No Rio Grande do Sul, Aécio conseguiu o apoio de José Sartori, do PMDB, que se prepara para confirmar no segundo turno a derrota imposta a Tarso Genro no dia 5. Aos lado dos eleitores de Sartori estão os que votaram na terceira colocada, senadora Ana Amélia Lemos. Como em Santa Catarina e no Paraná, também no Rio Grande do Sul, o candidato da oposição conseguirá mais de 50% dos votos válidos.
4. As dimensões da aliança em ação no Brasil meridional só são inferiores às da portentosa frente paulista. Os 44% do total de votos obtidos por Aécio no Estado que abriga um terço do eleitorado brasileiro foram anabolizados pela migração de dois terços dos que votaram em Marina Silva, pela decepção paralisante dos companheiros surrados nas urnas, pelos estrondos da roubalheira na Petrobras e pelo entusiasmo do governador Geraldo Alckmin e do senador eleito José Serra, decididos a ampliar os 7 a 1 do primeiro turno que transformaram São Paulo na Alemanha do lulopetismo.
5. No Rio, ressurgiu (bem mais encorpado) o grupo que defende a chapa Aezão, formada por Aécio e pelo governador Luiz Fernando Pezão, que disputa a segunda etapa contra o senador Marcelo Crivella, ex-ministro de Dilma. O significado do movimento articulado por prefeitos e parlamentares do PMDB ultrapassa as fronteiras do Rio. Governistas incuráveis, os peemedebistas sempre adivinham quem vai ganhar. A ressurreição do Aezão avisa que o azarão do começo da corrida virou franco favorito.
6. Em Minas, Aécio já está à frente de Dilma.
7. A vantagem da presidente no Nordeste será encurtada pela inversão do quadro em Pernambuco e pelo aumento da votação de Aécio nos Estados em que candidatos da oposição disputam o segundo turno.
8. No mesmo dia em que Dilma resolveu hasteá-la ao lado de Fernando Collor, Renan Calheiros e Renan Filho, a bandeira do combate à corrupção foi arriada pelas revelações feitas às Justiça Federal do Paraná por dois protagonistas e testemunhas da roubalheira na Petrobras. As denúncias vocalizadas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Yousseff, conjugadas com a discurseira moralista de Dilma, confirmaram que o Brasil é o país da piada pronta.
As constatações resumidas nos oito tópicos permitem contemplar com nitidez a posição dos candidatos e a distância que os separa. Dilma tem 45% dos votos válidos e pode ter batido no teto. Aécio já chegou a 55%. A diferença é de 10 pontos percentuais. Por enquanto.
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