Publicado em 9 de dezembro de 2015
Foto: Evaristo SA/AFP
Ontem o Congresso Nacional presenciou cenas lamentáveis nas quais deputados da base aliada do governo Dilma tentaram a todo custo impedir a votação para a escolha dos membros da comissão especial que analisará o impeachment.
Ao perceberem que a chapa com tendências pró-impeachment teria condições de conquistar a maioria dos votos, deputados governistas destruíram urnas e chegaram a partir para as vias de fato.
Porém, ainda assim, a chapa alternativa de deputados da oposição e dissidentes do Planalto conseguiu 272 votos frente aos 199 da chapa pró-governo, o que acende o sinal de alerta para o PT.
Ocorre que horas após a decisão da Câmara, em atendimento a um pedido do PCdoB, Edson Fachin, ministro do STF, concedeu medida liminar para suspender o processo de impeachment até que o plenário do Supremo analise o caso, o que não deve acontecer antes do próximo dia 16.
A ação proposta pelo PCdoB, bem como, a forma exaltada e raivosa como deputados governistas se comportaram ontem (8) no plenário da Câmara denotam a preocupação que sitia o Palácio do Planalto, na medida em que o impeachment vai ganhando corpo e espaço.
Todavia, no que pese a ansiedade da maior parte do eleitorado pelo impedimento da presidente Dilma, a ação do PCdoB pode trazer efeitos deletérios para o próprio governo petista.
É fato que a ala governista queria a vitória da chapa 1, tanto é que levou o caso ao Supremo; por outro lado, também é interesse do governo que a celeuma do impeachmentseja resolvida o quanto antes. A decisão do ministro Fachin não anula o processo, apenas atrasa seu andamento.
Enquanto isso, a ala dissidente do PMDB pode conseguir as assinaturas necessárias para destituir Leonardo Picciani, aliado de Dilma, da liderança do partido na Câmara.
O deputado Leonardo Quintão, que é um dos mais cotados para assumir a liderança do PMDB na Câmara, já demonstrou publicamente flertar com a oposição.
Conforme o tempo passa, a tendência é que o cenário piore para o PT, que a cada dia perde mais aliados, demonstrando a falta de apoio da presidente.
O tempo extra que vai ganhando o processo de impeachment também pode ser fundamental para que o vice Michel Temer consiga realizar importantes articulações.
Somado a isso, há a possibilidade de que cresça nas ruas a pressão popular pelo afastamento de Dilma.
Ou seja, o tiro dado pelo PCdoB pode ter saído pela culatra.
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