CORRUPÇÃO► SANTO ANDRÉ FOI O LABORATÓRIO DA CORRUPÇÃO, DIZ AUTOR DO LIVRO CELSO DANIEL.

 
O livro Celso Daniel — Política, Corrupção e Morte no Coração do PT, de Silvio Navarro, editor do site de VEJA, será lançado nesta terça-feira (01/11), na Livraria Cultura, às 19h, na Avenida Paulista. 

A obra, que reconstitui o assassinato do ex-prefeito de Santo André, contou com ampla pesquisa do processo judicial de mais de 20 mil páginas. 

"Eu gosto de usar a seguinte expressão: 'Santo André foi laboratório da corrupção, foi o projeto piloto de um modelo de corrupção para abastecer caixa de campanha'.

Desde 2002, o crime tem intrigado a população e a polícia, sendo que ainda há muitas pontas soltas, porém, bem menos do que há cerca de 15 anos. Navarro, através de entrevistas com pessoas chaves da história, traz detalhes inéditos. 
O autor revela que havia três carros na noite do assassinato e não dois.
Ele também desmistifica a imagem de Celso Daniel como paladino, afirmando que ele era conivente com esquemas de corrupção.  
"Durante muitos anos houve uma áurea ao redor da figura do Celso Daniel, de que era um paladino da ética. Não é verdade. 
Ele era conivente com roubo altruísta para o partido, para a causa, para o PT", afirma.
Confira a entrevista:    
RD: Como nasceu a ideia de escrever um livro sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel? O trabalho consumiu muito tempo?
Navarro: Esse projeto durou quadro anos. 

Ele começou em janeiro de 2012, na época eu era repórter da Folha de São Paulo. Escrevi um texto pra lembrar dos 10 anos da morte do prefeito Celso Daniel. Ao longo de uma década o crime havia adquirido contorno de uma verdadeira novela policial e sem um desfecho na Justiça. 

É importante lembrar que os réus na época só foram condenados em 2012. E o mandante, Sérgio Gomes, o Sombra, segundo o Ministério Público, jamais foi levado a júri popular. E nunca será, pois ele morreu há um mês. Estes quatro anos foi um trabalho de pesquisa.

RD: Santo André é citado sempre quando se fala da Lava Jato. Dizem que a origem de tudo isso é Santo André…

Navarro: Eu gosto de usar a seguinte expressão: "Santo André foi laboratório da corrupção, foi o projeto piloto de um modelo de corrupção para abastecer caixa de campanha". Você tem políticos, um partido com um projeto que hoje a gente sabe que era um projeto de poder; figuras bastante gananciosas, ambiciosas; empresários interessados em contratos públicos e dispostos a repassar a parte deles para abastecer caixa 2 de campanha. 

A diferença é que aconteceu em Santo André uma espécie de caixa 3. Algumas pessoas passaram a pegar dinheiro do próprio bolso para enriquecimento pessoal.

RD: Há especulações de que Celso Daniel se levantou contra esquemas de corrupção e foi morto por causa disso. O que tem a dizer sobre isso?

Navarro: Durante muitos anos houve uma áurea ao redor da figura do Celso Daniel, de que ele era um paladino da ética. Não é verdade. Ele era conivente com roubo altruísta para o partido, para a causa, para o PT. 

E hoje sabemos que a causa era um projeto em larga escala em projeto federal. Não é a toa que Celso Daniel, quando foi morto, tinha se desligado da Prefeitura de Santo André pra coordenar a campanha vitoriosa do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que era a mais próspera delas.

RD: A pergunta que a região toda faz é: "Quem matou Celso Daniel?"

Navarro: Como te disse, o livro é técnico, eu não vou acusar ninguém. A ideia foi reconstituir tudo o que acontecia naquela época, principalmente à luz com que se sabe hoje, pensando que os fios foram amarrados com a Operação Carbono 14. 

Citar todos os personagens possíveis, revisitar o caso e montar um mosaico para que o leitor chegue e tire suas próprias conclusões.

RD: E ficou do jeito que você queria?

Navarro: Ficou, estou muito satisfeito. Tem 238 páginas, tem um encarte com fotos também, porque é interessante. Falamos dos nomes de algumas figuras e muita gente não se lembra do rosto, de como era, como era Santo André, algumas curiosidades. Tem foto do Celso Daniel jogando basquete. 

Ele era obcecado por basquete, um hábil ala canhoto da Pirelli, do time de veteranos. Tem algumas curiosidades, tem algumas peculiaridades.

RD: Há elementos que ainda justifiquem a tese do crime comum?

Navarro: A tese do crime comum é a tese da polícia. A polícia concluiu muito rápido a investigação naquela época. Prendeu a quadrilha da favela Pantanal. Inclusive, nem todos os envolvidos foram presos, foram seis presos. 

Há algumas curiosidades, por exemplo, poderia ter mais gente na cena do crime e por aí vai. O interesse da polícia era, sobretudo, concluir o crime urbano. Pra polícia o Celso foi sequestrado e morto. 

Agora, o livro aponta inclusive aquilo que são algumas lacunas dessa investigação policial.

RD: O livro começa assim: às 23 horas, 19 minutos e 33 segundos…

Navarro: Exatamente. O livro começa com isso, que é um trecho inédito, que é o rádio da PM. 

A atendente sendo acionada por moradores daquela região que chama região dos três tombos na zona sul, perto da rodovia Anchieta, onde o carro foi arrebatado por uma Blazer e por uma Santana, e havia um terceiro carro na cena. Tem testemunhas que viram o terceiro caso, mas isso a polícia não investigou.

RD: Onde encontrar o livro?

Navarro: A segunda edição já está nas livrarias, antes do lançamento. Lançamento terça-feira (01 de novembro), ali no conjunto nacional na Livraria Cultura, na Avenida Paulista.

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