O “espólio” do PT,
principal derrotado nas eleições municipais de 2016, foi pulverizado por 25
partidos.
Esse é o total de legendas que, a partir de 2017, vai comandar
cidades conquistadas por petistas em 2012 e perdidas neste ano.
Nenhum partido teve desempenho muito distante
de sua média nacional nas ex-cidades petistas. Em números absolutos, os maiores
avanços foram feitos pelo PMDB (106 prefeituras) e PSDB (95).
Mas eles também
foram os dois maiores vencedores no conjunto de todos os municípios, e sua taxa
de sucesso foi similar nas áreas governadas pelo PT ou não.
Há quatro anos, candidatos petistas venceram
eleições em 638 municípios – o melhor resultado da história do partido. Dessas
cidades, o partido só conseguirá se manter no poder em 109, ou 17%.
No caso do
PSDB, essa taxa de continuidade será o dobro (34%). Os tucanos venceram em 695
municípios há quatro anos, e conseguiram repetir a dose em 235 delas.
O recuo petista fica ainda mais evidente
quando se analisa o tamanho do eleitorado que o partido perderá no conjunto das
638 cidades.
De um total de 28,7 milhões de eleitores, o PT só continuará
governando 1,9 milhão – uma perda de 93%.
Uma em cada dez ex-cidades petistas foi
conquistada por um partido “nanico”, de baixa expressão eleitoral.
Enquadram-se
nessa categoria as legendas que, na eleição de 2014, obtiveram menos de 2% dos
votos para a Câmara dos Deputados, em termos nacionais e em pelo menos metade
das unidades da Federação.
Balanço
A derrota do PT nas sete cidades em que disputou o segundo turno, neste
domingo, 30, foi encarada por líderes do partido como algo muito grave, mas já
esperado.
Em conversas mantidas nesta segunda-feira, 31, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (foto) disse que o quadro não mudou em relação ao primeiro
turno.
Segundo interlocutores de Lula, o
ex-presidente tem dito que o fracasso histórico do PT nas urnas reforça,
juntamente com outros fatores, a necessidade urgente de uma reformulação
radical do partido.
Palavras como “catástrofe” e “fundo do poço”
foram usadas por petistas, em caráter reservado, para descrever a situação
eleitoral da legenda.
No discurso oficial, entretanto, dirigentes preferem
encarar a derrota como um fato normal.
“Não aconteceu nada muito diferente daquilo
que a gente imaginava”, disse o secretário nacional de Organização, Florisvaldo
Souza, responsável por fazer os balanços pré-eleitorais do partido. “Foi ruim.”
Segundo ele, o alto índice de ausências e de
votos em branco e nulos registrado em diversas cidades é fruto da
“criminalização” da qual o PT seria vítima.
“O PT é vítima de um golpe, de um
longo processo de criminalização. Por isso houve tanta abstenção.
As pessoas
perdem a fé na política”, disse Florisvaldo, da corrente majoritária
Construindo um Novo Brasil (CNB).
Já o ex-ministro Miguel Rossetto, da Mensagem
ao Partido, principal corrente da esquerda petista, citou o Marquês de Pombal,
sobre o terremoto que devastou Lisboa em 1755, para resumir a situação:
“Agora
é enterrar os mortos, cuidar dos vivos e tocar a vida”, avaliou.
Na avaliação de interlocutores de Lula, o
desastre eleitoral reforça a posição da esquerda petista, defendida também pelo
ex-presidente, de que a nova direção e a reformulação programática do PT devem
ser feitas por meio de um congresso de delegados.
A CNB é a favor de um
processo de eleições diretas (PED), conforme manda o estatuto petista.
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