O asteróide, que foi visto pela primeira vez na última semana, deve passar ao nosso lado, com uma distância confortável de 498000 kms – cerca de 1,3x mais longe que a Lua. Mas graças ao software da NASA, nós tivemos dias, e não horas, para nos preparar para a ameaça.
Chamado de 2016 UR36, o asteróide em questão foi detectado pela primeira vez com um telescópio localizado no Hawaii. As informações rapidamente foram enviadas para o novo sistema de alerta da NASA, chamado Scout, e em questão de 10 minutos o software já havia projectado suas prováveis trajectórias – sendo que algumas entravem em intersecção com a Terra.
Imediatamente, o software alertou três outros telescópios para realizar observações e estreitar as possibilidades de trajectória do astro. Em poucas horas, os cientistas conseguiram determinar que o asteróide poderia passar próximo da Terra, mas com uma distância confortável. Em suma, o Scout deu cinco dias de antecipação para os pesquisadores planearem para a passagem do asteróide – o que pode não parecer muito, mas é bem mais do que estávamos acostumados no passado.
"Quando um telescópio encontra um objecto que se move, tudo que consegue identificar é que existe um ponto movendo-se no céu", disse o astrónomo Paul Chodas, da NASA, entrevista a Joe Palca, da NPR. "Você não possui informações detalhadas sobre sua distância. E quanto mais telescópios apontar para ele, mais informações consegue, e mais certeza sobre sua direcção e tamanho pode ter. Mas por vezes não tem tanto tempo assim para fazer essas observações", continuou.
Para se ter uma ideia, a primeira vez em que pesquisadores detectaram um asteróide que estava vindo em direcção ao nosso planeta antes dele entrar em nossa atmosfera, foi visto apenas 19 horas antes de entrar em intersecção com a Terra, e só foi considerado uma ameaça 12 horas antes de explodir numa região desértica no Sudão, em outubro de 2008.
Já em fevereiro de 2013, um meteoro de 20 metros explodiu em Chelyabinsk, na Rússia, sem sequer ser notado antes de chocar com a Terra. O objectivo do Scout é acelerar o processo de confirmação para esses asteróides que observamos, identificando quais, de facto, são ameaças reais, e o que podemos fazer para nos proteger. O software ainda está em fase de testes – O 2016 UR36 foi o primeiro caso estudado – mas a expectativa é que esteja completamente operacional até ao fim deste ano.
Junto com o Scout, a NASA também trabalha com o programa Sentry, que busca por objectos grandes o suficiente para destruir cidades inteiras. Especificamente, objectos próximos da Terra que possuem mais de 140 metros de comprimento (o asteróide que extinguiu os dinossauros deveria ter cerca de 10 km de comprimento).
O Sentry já possui uma lista de 655 objectos próximos da Terra que podem ser considerados capazes de causar dano substancial – mas estima-se que possa haver muitos mais.
Se nós conseguirmos aprimorar a nossa capacidade de encontrá-los e trabalharmos na trajectória deles em tempo hábil, podemos ter uma chance de pará-los. "Se soubermos muitas informações antecipadamente, e isso pode levar 10, 20 ou 30 anos, então podemos parar esses asteróides quando ainda estiverem a muitos quilómetros de distância da Terra", disse Ed Lu, CEO da B612, organização que monitoriza asteróides.
Até lá, seguimos torcendo para que os objectos nos errem.
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