Somos seres sociais por natureza. Isso significa que nos construímos nas relações.
É a partir do outro que podemos construir nossa própria
identidade. Através da linguagem, das palavras, da conversa, podemos
nomear a realidade. Ao nomeá-la, nós nos relacionamos com ela e nos refletimos
nela.
Dependendo do efeito que os outros têm em nós, podemos nos dar conta de
nós mesmos. É através deste reflexo que podemos destruir relações, se o reflexo
nos desagrada é que não queremos ver nos outros algo de nós mesmos, e nos vemos
confrontados com o que algo neles causa em nós.
É também através do reflexo que podemos crescer como pessoas, fazer uma
autoanálise e ampliar a nossa consciência. É necessário, então, trabalhar para
poder compreender, e talvez modificar certas condutas. Como podemos usar
esse espelho a nosso favor, e a favor de nossas relações? Explico-lhe a seguir.
Os 4 pontos da Lei do Espelho:
1 O que me incomoda no outro, está
dentro de mim
Você já deve ter ouvido a frase: “o que te choca te define”. Isso
significa que o que lhe incomoda no outro, é porque o mais provável que você
seja assim. Por exemplo, se você se importa que alguém seja muito controlador,
é bem possível que você tenda a fazer o mesmo. Algumas pessoas negam
veementemente. Às vezes, nestes casos, talvez não seja o mesmo. É provável que
faça o contrário, e sendo o oposto é dá no mesmo.
Pode ser que você se incomode com um comportamento muito egoísta de
alguém que só pensa em si mesmo. A pessoa que se incomoda poderia dizer
internamente: “eu sou generosa, sempre estou pensando nos outros”. Precisamente
por isso, o comportamento egoísta o choca, porque não “ousa” dizer não aos
outros, não pode. É o oposto. O outro, não pode dar. E o reflexo é que quem dá
aos outros, paradoxalmente, não pode dar nada a si mesmo.
2 Tudo o que o outro critica
em mim, ou reclama de mim, se me fere, é por eu ainda não aceitar esse traço em
mim
Se, por exemplo,
Mariana reclama a seu parceiro João que ele é agressivo, João fica muito
zangado. Isso significa que João não aceita sua parte irritadiça, agressiva.
João acha que é errado ficar com raiva, e que ele não deve fazê-lo. É por isso
que quando lhe dizem que é agressivo, ele fica ainda mais zangado. Aceitar uma
característica pessoal que não nos agrada, é o primeiro passo para poder
modificá-la.
3 Tudo o que outro critica
em mim, sem que isso me afete, é reflexo ou projeção dele mesmo
Por exemplo, no
mesmo caso anterior, se Mariana diz a João que ele é muito irritado, e João não
se incomoda, certamente é Mariana quem tem dificuldades em aceitar seu lado
irritado. É ela quem tem que trabalhar nisso. Ao aceitá-lo, poderá trabalhar e
resolver seu lado raivoso.
4 Tudo o que gosto e amo no
outro, só consigo apreciar porque existe em mim
Quando você pode
ver algo que ama no outro, que você reconhece e aprecia, é por você ser igual.
Por exemplo, se Mariana diz a João que ele é um homem muito carinhoso, amoroso, Mariana também o é, e por isso pode perceber esses
traços em João. Isso não significa que João não seja carinhoso, e sim que
Mariana pode vê-lo porque reconhece o que é ser carinhoso, porque ela é. Ambos
são carinhosos, na realidade.
A capacidade de
trabalhar as leis do espelho e em reconhecer algo próprio, serve para poder
aceitar determinada característica pessoal. Não só para conhecer a si mesmo,
mas também para modificar o que precisa ser modificado.
Como modificar uma característica que
consideramos negativa?
Em primeiro
lugar, como dissemos anteriormente, reconhecer que a temos.
É tão simples como querer pegar um copo: para poder agarrá-lo, preciso vê-lo,
senti-lo, olhá-lo, saber que está ali.
Depois, é importante reconhecer como surgiu, que função cumpriu,
e o que tem de positivo em nossa vida. Isso é importante, pois o que não gostamos não tem que,
necessariamente, ser removido. Talvez, só saber como e quando
usar esse recurso.
Por exemplo, se
alguém é muito irritado, não tem que negar a raiva para sempre. O ponto a ser
fortalecido nessa questão é o controle, é não ficar zangado o tempo todo e
poder usar a raiva para o que deve ser usada: defender-se.
Também
compreender de onde vem tanta raiva para, assim, poder proceder a cura. É
importante compreender que essa raiva teve uma função, que geralmente é
sobreviver, só que deixa de funcionar porque já não é mais necessária. Mas a
raiva ainda é um recurso em algumas circunstâncias.
Para que servem essas leis?
Para poder reconhecer se algo é próprio ou é do outro.
Estar sempre se relacionando com os outros em constante revisão de si mesmo.
Os reflexos servem para nos fazer crescer e sermos pessoa
melhores e, consequentemente, melhorar as nossas relações.
Quando algo no outro lhe incomodar, lembre-se de verificar o gatilho para saber identificar se esse desconforto nasce do reflexo do outro. Esta análise ajudará a melhorar as suas relações sociais, deixando de viver “em choque” e desfrutando a relação com os outros em harmonia.