5 de set. de 2023
“É pelo uso, socialmente adequado, que a propriedade é legitimada.
A consequência relativa ao descumprimento das obrigações que incidem sobre o proprietário é a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública, para o caso dos imóveis urbanos, ou da dívida agrária, para os rurais.”
I - A pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - A propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
O ministro interpretou o parágrafo único do artigo como indicativo que a produtividade da propriedade é uma condição necessária, mas não suficiente para que ela cumpra sua "função social".
As garantias fundamentais apresentadas no Artigo 5º da Constituição já traz esse grande "mas", logo após definir o direito de propriedade:
“XXIII – A propriedade atenderá a sua função social”
No caso da propriedade rural, a Constituição define a "função social" como:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – Aproveitamento racional e adequado;
II – Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III – Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.”
Perceba o nível de subjetividade dos termos: "racional e adequado", "bem-estar"...
Em outras palavras, não existe direito de propriedade no Brasil, mas sim uma espécie de cessão de direito, dependente do uso "correto" dessa propriedade para o "bem coletivo", demonstrando o quanto a Constituição brasileira foi influenciada por uma visão socialista.
O direito à propriedade é a base do sistema capitalista de livre mercado, promotor de prosperidade e liberdade.
Se ao invés de garantir tal direito, o Estado se apresenta como beneficiário último dele, nos aproximamos do socialismo arbitrário e promotor da pobreza.
No ano passado, o ministro Barroso deu mais um passo na insegurança jurídica, impondo a criação de comissões de mediação para casos de desocupações coletivas, depois de ter suspendido por mais de ano a possibilidade de qualquer despejo, por conta da pandemia.
Ou seja, o que já era difícil e demorado, ficou ainda mais difícil.
O resultado dessa política é a perda de eficiência do mercado, com encarecimento dos custos para todos: propriedades formam a base de garantias do sistema financeiro.
Se é mais difícil garantir esse direito, aumenta o risco para emprestadores, aumentando o custo para tomadores de recursos.
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