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BRASIL GOLPE DE ESTADO E O POVO AINDA NÃO PERCEBEU


Petrobras paga o equivalente a 277,64 vezes o valor de Pasadena, e Dilma, que na época era presidente do conselho de administração e assinou o contrato, vem a público declarar que “foi mal informada sobre a operação” (Foto: Estadão Conteúdo)

Fernão Mesquita: Por que o Brasil encontra-se hoje na inédita situação do país que sofreu um golpe de Estado mas ainda não percebeu
A Petrobras paga o equivalente a 277,64 vezes o valor da refinaria de Pasadena, e Dilma, que na época era presidente do conselho de administração e assinou o contrato, vem a público declarar que “foi mal informada sobre a operação” (Foto: Estadão Conteúdo)
Artigo publicado no blog Vespeiro
GOLPE COM ANESTESIA
Em 11 de julho de 2012 O Estado de S. Paulo publicou a primeira e quase única matéria que saiu na “grande” imprensa brasileira até a quarta-feira, dia 19, sobre o verdadeiro assalto praticado contra a “nossa” Petrobras envolvendo uma refinaria obsoleta em Pasadena, Texas, que nos foi empurrada goela abaixo daquela forma risonha e franca habitual entre os que têm a certeza da impunidade.
Naquela ocasião, já lá vão 20 meses, o destaque dado à matéria foi inteiramente desproporcional ao escândalo que ela relatava e que envolvia diretamente ninguém menos que a atual presidente da Republica, Dilma Rousseff, presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando a falcatrua foi aprovada.
Veja bem, o resumo do caso é o seguinte:
Em 2005 a família Frére, da Bélgica, compra a refinaria de Pasadena por US$ 42,5 milhões. Era uma refinaria pequena que estava desativada e que não tinha condições técnicas de processar o petróleo pesado produzido no Brasil.
Em 2006, ela vende à Petrobras 50% do que comprou por US$ 360 milhões, ou seja, 8,47 vezes mais do que pagou pela refinaria inteira ou 17 vezes mais que o que pagou por 100% de suas ações. O agente direto dessa transação, Alberto Feilhaber, é um desses patriotas que pululam neste governo. Tinha 20 anos de Petrobras em seu currículo mas, àquela altura estava empregado da Astra, a empresa dos tais belgas.
Mas essa primeira mordida não foi bastante. Segundo informou na quarta-feira O Estado de S. Paulo com 20 meses de atraso em relação à sua primeira matéria, a Petrobras se comprometeu por contrato a comprar o restante das ações ao fim de um certo prazo acrescidas de um lucro anual de 6,9%.
Em 2012, ao fim de uma batalha judicial, a Petrobras paga aos felizardos belgas mais 820 milhões e quinhentos mil dólares pelos 50% restantes, perfazendo 1 bilhão e 180 milhões de dólares pelo “mico” inteiro, o equivalente a 277,64 vezes o que eles tinham pago pela empresa, o que obviamente não quer dizer que eles embolsaram sozinhos toda essa multiplicação.
José Dirceu; Antonio Palocci; Dilma Rousseff; Sérgio Gabrielli e Graça Foster: imagine a festa (Fotos: Marcello Casal Jr / ABr :: Gustavo Miranda / Agência O Globo :: Marcus Boeira :: AFP)
José Dirceu; Antonio Palocci; Dilma Rousseff; Sérgio Gabrielli e Graça Foster: imagine a festa (Fotos: Marcello Casal Jr / ABr :: Gustavo Miranda / Agência O Globo :: Marcus Boeira :: AFP)
No meio do caminho, desde 2008 quando entrou em litígio nos EUA contra seus sócios belgas, a Petrobras contrata um escritório de advocacia ligado aos próprios signatários da falcatrua para defendê-los naquele país pela bagatela 7 milhões e novecentos mil dólares…
E quem foi o arquiteto de toda essa operação transcorrida em pleno ano eleitoral?
Um certo senhor Nestor Cerveró, nomeado Diretor Internacional da Petrobras, segundo consta por ninguém menos que José Dirceu, o mais VIP entre os hospedes da ala VIP da Penitenciária da Papuda que ele divide com metade da diretoria do Partido dos Trabalhadores que ainda nos governa, depois que ele já tinha sido apeado da Casa Civil da Presidência da Republica de Lula por causa do Mensalão.
Este senhor Cerveró continuava até hoje na Petrobras como Diretor Financeiro da BR-Distribuidora, imaginem vocês que festa!
As demais figuras de proa envolvidas na operação não estão mais lá.
Dilma Rousseff, a presidente do Conselho de Administração que assinou o negócio proposto pelo preposto de Dirceu, virou presidente da Republica e publica nota oficial no Estado para dizer, candidamente, que “foi mal informada sobre a operação” que aprovou (e certamente continua sendo, posto que o “omisso” mor continua onde estava). Vale a pena ler aqui esta ode à cara-de-pau.
Sérgio Gabrielli, então diretor da Petrobras, é hoje Secretário de Planejamento do governo da Bahia chefiado por Jaques Wagner, que pretende suceder no governo daquele estado, e que na época também fazia parte do Conselho da Petrobras e também assinou o esbulho. Andam juntos desde sempre, esses dois.
Outro figurão cuja assinatura consta desse contrato-confissão é o hoje “consultor de empresas” e então ministro da Fazenda e membro do Conselho da Petrobras, Antônio Palocci.
O arquiteto da história é Nestor Cerveró, que continua na Petrobras como diretor financeiro (Foto: Agência Petrobras)
“O arquiteto dessa obra ocorrida em pleno anoa eleitoral é Nestor Cerveró, que continua na Petrobras como diretor financeiro” (Foto: Agência Petrobras)
Apesar de todos esses elementos já estarem presentes desde a primeira matéria, ela saiu, como disse, perdida numa das páginas internas do jornal.
Dez dias depois, a 21 de julho, o mesmo jornal publica uma matéria assinada pelos mesmos repórteres que assinavam a primeira para, sem mencionar o caso Pasadena uma única vez, contar ao distinto público que dona Graça Foster, que substituiu Gabrielli na presidência da Petrobras, estava “passando um pente fino” em todos os contratos da estatal, além de afastar quatro diretores ligados ao ex-presidente, com quem, entretanto, seguia mantendo as melhores relações: “A gente é amigo… A diferença é que você é menino e eu sou menina”.
Não é um amor?
Sobre Pasadena, porém, ela nada mais disse nem lhe foi perguntado.
O resto da grande imprensa brasileira, com exceção da VEJA, praticamente ignorou o assunto.
Seguiu publicando, aqui e ali, os dossiês regulamentares a que figuras nunca nomeadas lhe “dão acesso”, tais como, entre outros, o caso Alstom, velho de 31 anos e envolvendo, entre outras figuras menores do partido, um grande número de membros já falecidos do PSDB, que nesse meio tempo mereceu dúzias das manchetes que todos negaram ao caso da multiplicação por 277 vezes do preço de um bem que não nos serve para nada numa transação aprovada pela atual presidente da Republica candidata à reeleição em pessoa.
Nesse meio tempo, ainda, a Petrobras, por essas razões e por outras ainda piores, teve seu valor de mercado reduzido em 43% (desde 2010), algo equivalente a R$ 165 bilhões de prejuízo para seus acionistas ao redor do mundo, os mesmos de cujo dinheiro depende a reforma da infraestrutura brasileira que, nestes 12 anos à frente do destino da Nação, o PT permitiu que se transformasse em sucata depois de dissipar na compra de votos e na contratação de “companheiros” todo o dinheiro que poderia tê-la resgatado e modernizado minimamente.

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