Não foi só aqui. O mundo todo passou calor nos últimos meses

ALEXANDRE MANSUR

21/03/2014 14h24 - 

Médias globais de temperatura entre dezembro e fevereiro. Os trechos em vermelho mostram onde a temperatura média foi até 8 graus centígrados acima da média do século XX. As áreas em azul tiveram temperaturas até 8 graus abaixo da média. (Foto: Divulgação/ Nasa)

 Está um calor fora do normal. Mas você não está sozinho. Não foi só o Brasil que passou por um verão mais quente. 

O planeta todo esteve com temperaturas mais altas do que o normal nos últimos meses, segundo a Nasa, agência espacial americana. 

Considerando todas as regiões do mundo, a média de temperatura de dezembro até agora foi a décima mais alta desde que as medições começaram há 119 anos.

O mapa acima mostra como as temperaturas se desviaram do considerado normal nos vários cantos do planeta. O período analisado é de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014. Os trechos em vermelho mostram onde a temperatura média foi até 8 graus centígrados acima da média do século XX. As áreas em azul tiveram temperaturas até 8 graus abaixo da média. A única região mais fria do que o padrão foi o Oeste e o Centro da América do Norte.

A Europa teve um inverno bem mais quente do que o tradicional. Os Países Baixos e a Áustria tiveram o segundo inverno mais quente já registrado. A Suíça teve o terceiro mais quente. As flores e os brotos da primavera chegaram semanas mais cedo em vários lugares da Europa. Partes da China, da Rússia e da Austrália também viveram temperaturas acima do normal para o período.

O mês de janeiro já tinha sido o terceiro mais quente da história.

É possível ver que o Sudeste e parte do Sul do Brasil (em vermelho) tiveram temperaturas mais altas do que o normal do século passado. Já o Centro Oeste e a Amazônia tiveram temperaturas ligeiramente mais baixas.

O calor fora do comum que os brasileiros vêm experimentando neste verão têm várias causas possíveis. Estações com temperaturas fora do normal fazem parte da variabilidade natural do clima. O everão anormalmente seco reduziu a cobertura de nuvens e ajudou a esquentar as coisas aqui embaixo.

No caso das grandes cidades, há ainda uma tendência de extremos mais acentuados de calor por causa da desertificação local. Quando você troca mata atlântica densa e verdejante por uma superfície de concreto e asfalto, aumenta a concentração de calor nos centros urbanos. É o que ocorrem no Rio e em São Paulo, por exemplo.

Seria fácil atribuir os recordes de calor e secura do verão ao aquecimento global. Mas não há como garantir essa associação. Ao contrário. Segundo os cientistas, a tendência das mudanças climáticas é para verões mais quentes porém também mais chuvosos no Sul e Sudeste do Brasil. As mudanças climáticas são complexas.