Pré-candidato espera que votos da ex-senadora em 2010 sejam transferidos para ele. Formalização vai ocorrer somente na convenção do partido
Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
Marina Silva é apresentada como candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos durante cerimônia do PSB em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
(Atualizada às 18h)
O PSB anunciou nesta segunda-feira o nome da ex-senadora Marina Silva como candidata à vice-presidente de Eduardo Campos. O anúncio, embora previsto desde que a ex-senadora se filiou ao PSB em outubro de 2013, é interpretado pelos socialistas como a largada para que ela transfira de vez o capital político para o ex-governador de Pernambuco. Estacionado nas pesquisas de intenção de votos com 9% dos eleitores, conforme pesquisas Datafolha, Campos espera que parte dos quase 20 milhões de votos que Marina obteve nas eleições de 2010 sejam transferidos para ele e o permitam desbancar o tucano Aécio Neves e disputar o segundo turno contra Dilma Rousseff. A aliança oficial entre Campos e Marina será homologada em junho, na Convenção Nacional do PSB.
"Nós anunciamos que estamos juntos para construir um novo Brasil. Esses são compromissos de vida que assumimos com a trajetória que temos, porque ao meu lado [a Marina] não só vai estar na campanha, mas vai estar no governo", disse Campos. "O que vamos ouvir e falar pelas ruas do Brasil é exatamente o que vamos fazer para que esse país saia da situação em que se encontra. Temos certeza de que esse não foi o caminho mais cômodo para que pudéssemos trilhar. Se quiséssemos remanso, o caminho seria outro. Esse é o caminho mais desafiador, mas esse é o caminho para contribuirmos com o Brasil."
O ex-governador de Pernambuco, que deixou o governo local para disputar a corrida pelo Palácio do Planalto, reuniu aliados e personalidades em Brasília para a confirmação de Marina no posto de vice-presidente.
Cúpula do PSB na apresentação da pré-candidatura de Campos e Marina
Embora ainda haja reuniões para debater as linhas gerais da campanha eleitoral de Campos, a chapa Eduardo-Marina lançou nesta segunda-feira princípios gerais de campanha eleitoral para discutir, entre outros pontos, propostas para ampliar a participação da sociedade em debates, defender a transparência da gestão pública e avançar nas conquistas econômicas e sociais obtidas nos últimos 20 anos. O ato de anúncio da chapa de pré-candidatura contou com presença de políticos e personalidades como Luiza Erundina, o escritor Ariano Suassuna, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon e o ex-jogador e deputado Romário. Na solenidade, houve apresentações do pianista Arthur Moreira Lima e do poeta Antonio Marinho.
Com um capital político de 19,6 milhões de votos em 2010 (19,3% dos votos válidos), Marina aparece em todas as simulações de intenção de voto como a mais bem colocada na tentativa de reeleição da presidente Dilma. Embora não seja uma adversária direta da petista, sua presença na corrida presidencial é considerada crucial pela oposição para forçar a disputa de um segundo turno. A ex-senadora é apontada como uma das principais representantes de uma autointitulada “nova política” e tem proximidade com o eleitorado evangélico, cada vez mais importante nas eleições.
Reinaldo Azevedo: Campos e Marina na TV: boa pegada para estranho discurso
O papel de Marina nas eleições deste ano começou a ser redesenhado em outubro de 2013, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou registro partidário à Rede Sustentabilidade porque a agremiação não conseguiu cumprir o requisito básico de recolher o mínimo de 492.000 assinaturas certificadas em cartórios eleitorais.
Alinhamento – Desde que Marina se filiou ao PSB, socialistas e militantes da Rede têm trocado farpas sobre a construção de palanques regionais. A falta de alinhamento total entre os “marineiros” e o PSB esbarra, segundo os socialistas, na resistência de Marina em formar alianças partidárias. Em São Paulo, por exemplo, o PSB insiste em lançar o nome do deputado Márcio França ao governo, enquanto a Rede tem outros candidatos, como o deputado Walter Feldman.
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