Com a morte de Gabriel García Márquez, foi-se o ativista de ideias políticas abomináveis que eu, porém, choro como órfão de sua literatura genial
Gabriel García Márquez se foi.
Não tenho altura suficiente para comentar o exato tamanho da perda que sua morte, aos 87 anos, depois de uma longa e corajosa luta contra o câncer, significa para a literatura.
Mas consigo, sim, dizer que se trata uma perda colossal, que “Gabo” é um gigante da literatura de todos os tempos, um escritor genial que transportou milhões de pessoas de todos os países para um universo único, exclusivo, que só seu talento conseguiu alcançar, capturar e transformar em uma prosa cuja marca registrada permanecerá, indelével.
Ao mesmo tempo, consigo dizer que eu não apenas não concordava com suas posturas políticas, como não raro abominava algumas delas, como sua adesão incondicional ao putrefato e repressivo regime cubano, sua solidariedade a regimes bolivarianos tirânicos ou suas tiradas demagógicas contra o “imperialismo” dos Estados Unidos — país em que, por ironia para quem fundou uma escola de cinema em Cuba, um de seus dois filhos, Rodrigo García, faz enorme sucesso como diretor, roteirista e produtor.
Ao mesmo tempo em que estou triste com a perda de “Gabo” — em que, na verdade, choro sua morte, como órfão de sua literatura –, fico feliz em conseguir diferenciar, dentro de mim, o ativista político que combatia do artista maravilhoso que me fará imensa falta.
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