Campanhas de Dilma e Lula serão investigadas na Justiça Federal do
Paraná
Ministro do STF decidiu encaminhar
para o juiz Sérgio Moro documentos com indícios de arrecadação ilegal
Lula e Dilma em campanha -
Fernando Donasci / O Globo (03/10/2014)
BRASÍLIA – O inquérito aberto no Supremo Tribunal
Federal (STF) para investigar o
ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Edinho
Silva, não será a única frente de apuração de supostas
irregularidades nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no tribunal, já
decidiu encaminhar para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, documentos que apontam
suspeitas de arrecadação ilegal por parte das coordenações das campanhas de
Lula em 2006 e de Dilma em 2010. Edinho foi o tesoureiro em 2014 e, por ser ministro,
tem foro privilegiado junto ao STF.
Entre os citados que poderão ser investigados em
novos inquéritos na primeira instância da Justiça Federal estão o ex-deputado e
ex-secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo José de Filippi Júnior e o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, segundo fontes com acesso às
investigações.
Filippi foi tesoureiro da campanha de Lula à reeleição em 2006 e
da campanha de Dilma em 2010. Vaccari só deixou a Secretaria de Finanças do PT
após ser preso na Operação Lava-Jato, em abril deste ano. Os dois foram citados
em depoimentos prestados na delação premiada do dono da construtora UTC,
Ricardo Pessoa.
Segundo Pessoa, a campanha de Lula em 2006 contou
com repasses de dinheiro em espécie, sem registro no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). O dinheiro seria proveniente de um consórcio com obras no
exterior, integrado pela UTC.
A entrega foi feita no comitê da campanha,
conforme o empreiteiro. Pessoa também relatou entregas de dinheiro a pedido de
Vaccari.
O GLOBO apurou que a força-tarefa do Ministério
Público Federal (MPF) em Curitiba já foi avisada sobre o compartilhamento da
delação do dono da UTC, em que o empreiteiro detalha supostas irregularidades
nas campanhas petistas.
A expectativa dos investigadores no Paraná é receber
esses depoimentos até a próxima quarta-feira.
Os casos serão analisados
individualmente e poderão resultar em inquéritos diferentes.
O ex-ministro Antonio Palocci já é investigado em
inquérito na primeira instância por conta de suspeitas de arrecadação ilegal na
campanha de Dilma em 2010, delatada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa.
O encaminhamento das acusações à Justiça Federal no Paraná também foi
feito por Teori, na primeira leva de inquéritos judiciais abertos na Lava-Jato,
em março deste ano.
Costa declarou que recebeu um pedido do doleiro
Alberto Youssef e que autorizou o uso de R$ 2 milhões destinados ao PP, desviados
de contratos da estatal, na campanha de Dilma.
O pedido teria partido de
Palocci, conforme a delação de Costa. Youssef desmentiu o depoimento do
ex-diretor. Mesmo assim, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
entendeu que “a suposta solicitação da vantagem deve ser apurada em relação a
quem a teria feito”.
O inquérito está em andamento em Curitiba. Dilma não foi
alvo de investigação. Janot alegou “vedação constitucional” para analisar o
caso, por ele ser anterior à sua gestão como presidente.
Na semana passada, a Polícia Federal concluiu as
investigações contra dois políticos com foro privilegiado: os deputados Vander
Loubet (PT-MS) e Nelson Meurer (PP-PR). Nos relatórios encaminhados ao STF, a
PF concluiu que ao menos parte da propina recebida pelos dois, proveniente de
contratos da Petrobras, foi transformada em doação eleitoral.
A PF chegou à mesma conclusão em relação às
investigações contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e o senador Benedito de Lira (PP-AL),
pai dele. No relatório enviado ao STF, a polícia afirma que Arthur Lira
encontrou o doleiro Alberto Youssef “com a finalidade de solicitar o pagamento
de dívidas de campanha e apanhar recursos em espécie, oriundos do esquema de
corrupção da Petrobras”.
Para a polícia, os parlamentares praticaram corrupção
passiva, que é o recebimento de propina, e lavagem de dinheiro, configurada nas
artimanhas para ocultar o primeiro crime.
No sábado, outros dois inquéritos foram abertos no
STF para investigar supostas doações por caixa dois.
São alvos o ministro da
Casa Civil, Aloizio Mercadante, que disputou o governo de São Paulo em 2010, e
o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), eleito para o cargo naquele ano.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/campanhas-de-dilma-lula-serao-investigadas-na-justica-federal-do-parana-17420018#ixzz3rCkWwPRa
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