Dilma diz que não indicou Cerveró e que 'não sabia de tudo' sobre Pasadena
Declarações foram as primeiras da presidente desde a prisão do senador Delcídio Amaral, líder do PT no Senado Estadão Conteúdo
A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje que ficou "perplexa" com a prisão do senador Delcídio Amaral, líder do PT no Senado, e voltou a garantir que não indicou o ex-diretor de Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, para ocupar o cargo na estatal e que "não sabia de tudo" no momento da compra da refinaria de Pasadena.
As declarações são as primeiras feitas pela presidente Dilma Rousseff a respeito do caso desde a prisão do senador e da revelação do áudio gravado por Bernardo Cerveró, no qual o jovem afirma que seu pai escreveu em sua delação premiada que a presidente "sabia de tudo" sobre a compra da refinaria. Dilma afirmou primeiro que não indicou Cerveró à direção da Petrobrás, contrariando a versão de Delcídio no áudio gravado. "Eu não indiquei Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobrás. Eu acredito que o senador Delcídio se equivoca. Ele não é minha indicação, ele não é da minha relação, e isso é público e notório", argumentou.
Sobre o caso Pasadena, Dilma desmentiu a versão de que estivesse informada sobre as implicações da compra da refinaria nos Estados Unidos. "Ele vem falando isso durante a CPI da Petrobrás. Eu acredito que é uma forma de tentar confundir as coisas", sustentou. "Não só eu não sabia de tudo, como foi detectado - e isso todos os conselheiros que estavam comigo no Conselho da Petrobrás podem atestar - que quando soubemos que ele não havia dado todos os elementos para nós, eu fui uma pessoa que insisti para ele sair."
Dilma fez ainda questão de frisar que não tinha relações com Cerveró anteriores à sua nomeação. "Eu não tenho relação com Nestor Cerveró", reiterou. Questionada sobre por que Cerveró afirmara que a presidente estava informada, Dilma disse: "Eu acho que ele pode não gostar muito de mim."
Sobre a prisão do senador, Dilma afirmou ter ficado "perplexa" ao receber a notícia. "Obviamente fiquei bastante surpresa com a prisão do senador Delcídio", disse, descartando ter medo de que sua eventual delação premiada prejudique seu governo. "Não tenho nenhum temor com a delação do senador Delcídio. Fiquei perplexa porque jamais esperei que pudesse acontecer com o senador Delcídio."
A presidente também descartou que a prisão do ex-diretor-presidente do banco BTG Pactual, André Esteves, possa gerar novas revelações de corrupção relacionadas ao seu governo. "No que se refere ao outro preso, que é CEO do banco BTG, eu o conheci muito mal. Não tive relações sistemáticas com ele", argumentou, lembrando que encontrou-se com o banqueiro em fóruns empresariais. "Aliás, o conheci em fóruns, como o de Davos."
Questionada sobre se a prisão do senador pode impedir ou prejudicar o trâmite de projetos como o ajuste fiscal no Congresso, a presidente disse que sua prisão gera um impacto pelas boas relações que o parlamentar tinha com a base aliada e até mesmo com a oposição, mas que o governo segue em frente. "O senador Delcídio era de fato uma pessoa bastante bem relacionada no senado. Nós o escolhemos porque ele era bem relacionado, inclusive com a oposição", reconheceu. "Mas, infelizmente, nenhum de nós é insubstituível. As questões com o congresso vão se dar normalmente, (…) vai desempenhar sua função em relação à economia do país, às suas funções no país."
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