Na mais recente missa negra
celebrada no Instituto Lula, com um bando de blogueiros de joelhos caprichando
no papel de coroinha sabujo, Lula comunicou no meio do sermão que é ele o
detentor do título de campeão brasileiro de honestidade.
“Se tem uma coisa
que eu me orgulho neste país é que não tem uma viva alma mais honesta do que
eu”, louvou-se o pregador.
“Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do
Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja
evangélica. Pode ter igual. Mais, eu duvido”.
Uma consulta a qualquer dicionário informa que só leva a sério o
palavrório de Lula gente que acharia muito justa a vitória do seu colega
Marcola no concurso que elegeu o Presidiário Modelo.
O verbete ensina que o adjetivo honesto só é aplicável a alguém que seja
1) honrado, probo;
2) consciencioso, sério, digno de confiança;
3) justo, escrupuloso;
4) imparcial;
5) veraz;
6) decente, decoroso, virtuoso;
7) casto, pudico, recatado.
Nem Marilena
Chauí ousaria enquadrar seu santo padroeiro numa das sete opções.
O
ex-presidente nasceu desprovido do sentimento da honra, nunca rimou com
seriedade, inspira tanta confiança quanto um hipnotizador de circo mambembe,
desconfia que escrúpulo é nome de inseto, é mais parcial que torcida
organizada, mente como Dilma Rousseff, é tão virtuoso quanto Rosemary Noronha e
acha que decência é coisa de otário.
Para o homem que liderou a execução
do projeto criminoso de poder, o único pecado mortal é perder eleição. A
eternidade no poder é o fim que justifica todos os meios ─ do furto do cofrinho
da bisavó à venda da mãe em suaves prestações.
Se os
dicionários berram em coro que Lula não é honesto, o vídeo acrescenta que nunca
foi.
Os 22 segundos iniciais reproduzem a discurseira em que o camelô de
empreiteira revelou aos blogueiros estatizados que será aprovado com louvor no
Juízo Final.
Os 68 segundos restantes registram o momento mais assombroso da
conversa ocorrida em 25 de março de 2004 entre o então presidente e um
faxineiro que, dias antes, havia devolvido ao dono a sacola com 10 mil
dólares que encontrara no banheiro do aeroporto de Brasília.
Graças ao
exemplo de honradez, o faxineiro Francisco Basílio Cavalcante conseguiu alguns
minutos de notoriedade e um encontro com Lula no Palácio do Planalto.
O
visitante lutava pela sobrevivência permanentemente acossado por contas
atrasadas.
O anfitrião já entrava sem bater no clube dos milionários. Era o
chefe supremo de um partido com os cofres abastecidos por dinheiro público ou
negociatas com empresários generosos.
E já havia pacificado o Congresso com a
farra do Mensalão, que só seria descoberta em meados de 2005.
─ Você
acha que tem muitos brasileiros que fariam o que você faz? ─ pergunta Lula de
saída, com a expressão de quem contempla uma esquisitice nativa.
─ Tem ─
responde Francisco sem titubeios. ─ Tive alguns amigos que me disseram para
ficar com o dinheiro, mas esse é o lado desonesto.
─ Mas nem
é desonestidade, não ─ discorda o presidente. ─ Quem acha um dinheiro assim,
sem dono, pensa em melhorar de vida.
Os que têm a consciência muito forte como
você são muito poucos.
Ele nunca
esteve entre esses “muito poucos”. Se fosse ele o faxineiro, o dono da sacola
nunca mais veria a cor do dinheiro.
Lula faria com os 10 mil dólares o que
fizeram com os bilhões da Petrobras os canalhas que escolheu e apadrinhou.
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