Solaris Praia das Astúrias
Imóvel está
registrado em nome da OAS, umas das empreiteiras do clube do bilhão.
Investigadores têm dúvidas sobre a real titularidade do apartamento
Por: Laryssa Borges, de
Brasília 27/01/2016 (VEJA.com/VEJA)
Documento assinado pela delegada da
Polícia Federal Erika Marena elenca o tríplex do ex-presidente Lula no
condomínio Solaris, no Guarujá (SP), como um dos imóveis que indicam "alto
grau de suspeita" quanto à real titularidade.
No organograma dos policiais,
a unidade residencial é registrada como de propriedade da OAS, investigada por
integrar o clube do bilhão de empreiteiras e que já teve seus executivos,
incluindo o ex-presidente Leo Pinheiro, condenados na Lava Jato pelo juiz
Sergio Moro.
Nesta quarta-feira a PF deflagrou a
22ª fase da Lava Jato, batizada de Triplo X, que investiga a atuação casada
entre a offshore Murray, criada pela empresa Mossack Fonseca no Panamá, e a
empreiteira OAS.
As suspeitas são de que imóveis no condomínio Solaris,
construídos pela OAS, possam estar sendo utilizados para camuflar o pagamento
de propina do escândalo do petrolão.
Segundo o delegado Igor Romário de Paula e
o procurador Carlos Fernando Lima, o apartamento de luxo do ex-presidente
petista é alvo de investigação.
Em abril do ano passado, VEJA revelou
que, depois de um pedido feito por Lula ao então presidente da OAS, Léo
Pinheiro, a empreiteira assumiu a construção de prédios da cooperativa.
O favor
garantiu a conclusão das obras nos apartamentos do ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, enquanto outros cooperativados ainda aguardam - e brigam na
justiça - para conseguir receber seus imóveis.
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As atividades da OAS e o estreito
relacionamento da empreiteira com próceres do PT, em especial o ex-presidente,
estão há tempos na mira da Promotoria de Justiça de São Paulo.
Conforme revelou VEJA,
no processo que tramita em São Paulo e não tem relação direta com o escândalo
de corrupção da Lava Jato, Lula será denunciado por ocultação de propriedade.
A
cooperativa habitacional de bancários deu calote em seus associados enquanto
desviava recursos para os cofres do PT.
A Bancoop quebrou em 2006 e deixou
quase 3 000 famílias sem seus imóveis, enquanto petistas graúdos, como Lula,
receberam seus apartamentos.
Ao listar diversos apartamentos que
seriam objeto de possíveis irregularidades, a PF destaca que "manobras
financeiras e comerciais complexas envolvendo a empreiteira OAS, a cooperativa
Bancoop e pessoas vinculadas a esta última e ao Partido dos Trabalhadores
apontam que unidades do condomínio Solaris, localizado na Av. Gal.
Monteiro de
Barros, 638, em Guarujá-SP, podem ter sido repassadas a título de propina pela
OAS em troca de benesses junto aos contratos da Petrobras".
Depois da
observação da delegada Erika Marena, a PF lista o tríplex de Lula, identificado
como a unidade 164 da torre A do Solaris, como um dos alvos suspeitos.
"Além das inconsistências já
detectadas quanto ao imóvel que pertencera a Marice Correa de Lima, igualmente
chamaram a atenção outros imóveis do mesmo condomínio que indicaram alto grau
de suspeita quanto à sua real titularidade", diz a polícia.
O nome de
Marice já havia aparecido em depoimentos do doleiro Alberto Youssef, que
apontou o PT como beneficiário direto do dinheiro sujo do petrolão.
Ele disse,
por exemplo, que a sigla recebeu propina em uma obra da empresa Toshiba, a
licitação da casa de força do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)
e, segundo seu depoimento, foram entregues 400.000 reais à cunhada do
tesoureiro petista, Marice.
As investigações da Polícia Federal e do Ministério
Público já haviam mostrado "inconsistências fiscais" nas declarações
de Imposto de Renda de Marice e indicativos de que parte de seu patrimônio pode
ter sido construído a partir do pagamento de propina envolvendo a construtora
OAS.
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