Seres reptilianos e inteligentes chamados Silurianos viveram na Terra, muito antes de a humanidade aparecer. Certeza na ficção científica do “Doctor Who”, hipótese teórica de uma investigação que envolve o director do Instituto Goddard da NASA para os Estudos Espaciais – que analisa a possibilidade de encontrarmos uma eventual civilização industrial anterior à nossa.
Esta investigação realizada por Gavin A. Schmidt, climatólogo e director do Instituto Goddard da NASA para os Estudos Espaciais (GISS), e por Adam Frank, professor de Astronomia e de Física da Universidade de Rochester, nos EUA, aborda a possibilidade de ter existido uma civilização industrial antiga, especulando como é que poderemos encontrar provas da sua existência.
Formas de vida complexas existem na Terra há cerca de 400 milhões de anos, enquanto a civilização industrial humana tem apenas cerca de 300 anos. Este cenário levanta a possibilidade de ter existido, muito antes de a humanidade existir, uma outra civilização inteligente e não humana.
É assim que os investigadores contextualizam o que chamam de “Hipótese Siluriana”, numa referência ao “velho episódio do Doctor Who com répteis inteligentes”, como explica Adam Frank num artigo no The Atlantic.
O professor de astronomia refere-se a episódios da série de ficção científica britânica “Doctor Who”, que foram exibidos nos anos de 1970, que tinha os répteis bípedes e inteligentes chamados Silurianos como protagonistas.
Na história fictícia, os Silurianos teriam evoluído na Terra há entre 443 a 416 milhões de anos, entrando depois em estado de hibernação, para evitar as catástrofes do planeta, e “acordando” devido a uma experiência nuclear secreta numa mina escocesa.
A “pegada geológica”
Os investigadores não encontraram “nenhuma evidência de outra civilização industrial” além da nossa, e depararam-se com mais perguntas do que respostas.
Perceber que pegadas geológicas deixam as civilizações e se é possível detectar uma civilização industrial no registo geológico, depois do seu desaparecimento da face da Terra, são algumas das questões abordadas no estudo publicado na segunda-feira no International Journal of Astrobiology.
A “Hipótese Siluriana” define uma civilização pelo uso da energia, e Schmidt e Franck partem do conceito do Antropoceno, anova era humana que vivemos presentemente, segundo a teoria de alguns cientistas.
O Antropoceno é caracterizado pela forte marca da actividade humana no clima e no meio-ambiente, com os combustíveis fósseis a serem definidos como a grande “pegada geológica” dos humanos.
Analisando as evidências que os futuros cientistas poderão encontrar do Antropoceno, daqui a milhões de anos, os investigadores traçaram os tipos de vestígios que uma civilização industrial antiga poderá ter deixado.
“Os seres humanos começaram a queimar combustíveis fósseis há mais de 300 anos, marcando o início da industrialização“, refere o comunicado sobre o estudo divulgado pela Universidade de Rochester.
“A emissão de combustíveis fósseis para a atmosfera já alterou o ciclo do carbono de uma forma que está registada nos isótopos de carbono.”
Mas a “pegada geológica” humana pode ser também detectada devido ao aquecimento global, à agricultura, à contaminação por plásticos e à guerra nuclear.
“O uso extensivo de fertilizante, por exemplo, mantém 7 mil milhões de pessoas alimentadas, mas também significa que estamos a redireccionar os fluxos de nitrogénio do planeta para a produção alimentar”, explica Franck , realçando que “futuros investigadores devem ver isto nas características do nitrogénio que vai aparecer nos sedimentos da nossa era”.
“Até o uso de esteróides sintéticos se tornou tão generalizado, que também poderá serdetectado em estrato geológico daqui a 10 milhões de anos“, acrescenta.
É para este tipo de indícios que se deve olhar para procurar essa tal civilização industrial antiga, mas Franck avisa que “seria muito fácil” não a detectar, caso tenha “durado apenas 100.000 anos, o que já seria 500 vezes mais do que a nossa civilização industrial conseguiu até agora”.
O curioso é que nem Schmidt, nem Franck acreditam que essa civilização antiga possa ter existido, mas só o facto de se questionar se existiu permite analisar os tipos de impactos que uma qualquer civilização pode ter na Terra. E isto leva à problemática das alterações climáticas.
Irónico é que quanto mais uma civilização actuar de forma sustentável, e portanto com menor impacto energético no planeta, menos “pegadas” da sua existência deixarápara as futuras gerações, atestam os investigadores.
Mas a principal conclusão deste estudo é que a queda de civilizações pode ser o gatilho para despoletar civilizações futuras, abrindo também novas teorias e ideias para a procura sinais de vida extraterrestre.
A investigação “abriu a possibilidade especulativa de que alguns planetas podem ter ciclos de construção e de queda de civilizações impulsionados pelos combustíveis fósseis“, atesta Franck no The Atlantic.
“Se uma civilização usa combustíveis fósseis, as alterações climáticas que despoleta podem levar a um grande decréscimo nos níveis de oxigénio no oceano. Estes níveis baixos de oxigénio – chamados anoxia do oceano – ajudam a desencadear as condições necessárias para fazer combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão”, atesta o investigador, concluindo que, deste modo, uma civilização e o seu desaparecimento “podem semear novas civilizações no futuro”.
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