O AGORA PALESTRANTE GENERAL HAMILTON MOURÃO DECEPCIONA O POVO BRASILEIRO QUE ACREDITOU NAS FALAS DESTE QUE TODOS PENSARAM SER UM HOMEM A FAVOR DO BRASIL.
General repudia ação
militar contra governo e diz que população se torna refém das manifestações.
O
general da reserva Antônio Mourão afirmou que a população não pode se tornar
refém da greve dos caminhoneiros e que não concorda com uma ação militar contra
o governo federal para encerrar a crise política. Indagado se há
"aproveitadores" pedindo uma ação das Forças Armadas contra o
governo, o general disse que sim, "dos dois lados". "Tem gente
que quer as Forças Armadas incendiando tudo. E a coisa não pode ser assim, não
pode ser desse jeito.
Não concordo.
Soluções dessa natureza a gente sabe como
começam e não sabe como terminam.
Acho que a coisa tem que ser organizada.
Se o
governo não tem condições de governar, vai embora, renuncia.
Antecipa as
eleições, faz qualquer coisa, mas sai do imobilismo dele", disse o
militar. "A minha visão é o país.
O Brasil não pode se rachar ao meio, ser
destruído."
O general disse que é necessário garantir os serviços
essenciais no país.
A entrevista foi concedida à Folha de S. Paulo neste
domingo (27).
Grupos de manifestantes têm radicalizado o discurso por uma "intervenção
militar", um eufemismo para golpe militar.
"Eu não defendo que o país
entre no caos.
O país não pode entrar no caos.
Não podemos aceitar o caos.
Vai
ser prejudicial para todos.
A partir do momento em que começar o caos, aí entra
a violência.
E não sabemos como vai terminar isso.
Tem que garantir os serviços
essenciais. Você [greve] está tornando a população refém.
Tem pessoas com
filhos em colégios que amanhã não sabem se vão para a escola.
É uma situação
muito ruim", disse Mourão.
O militar chamou de "vergonhosa" a
convocação feita pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) para uma greve de
72 horas nas refinarias de petróleo nesta quarta-feira (30). Disse que a FUP
"pega carona" na paralisação dos caminhoneiros.
"A FUP é ligada
à CUT [Central Única dos Trabalhadores].
Alguém viu a FUP entrar em greve
quando se roubou a Petrobras até não poder mais? Não entraram em greve por
causa disso, né?", disse Mourão.
"O que se vê são aproveitadores dos
dois lados. Essa questão dos petroleiros é vergonhosa.
É a cabeça do sindicato
que não representa a pessoa que está suando lá diariamente. Queda do preço da
gasolina? Não é assim. Precisamos analisar as coisas", disse o general.
No
ano passado, quando estava na ativa na secretaria de finanças do Comando do Exército,
Mourão falou, durante uma palestra em Brasília, em impor uma solução para a
crise política no país caso o Judiciário não atuasse.
Em março passado, ele
passou para a reserva do Exército.
Na entrevista neste domingo, Mourão disse
que a crise pode ser superada se o governo federal "tomar uma atitude
séria".
"É aquela história, a teoria da bola de neve. O governo
deixou a bola de neve aumentar.
No primeiro dia ele tinha que ter feito
intervenção de uma forma mais coerente, mais específica, mais dura.
Você tem que
bater dos dois lados, no cravo e na ferradura.
Tem que ver o que a turma dos
grevistas queria, ver o que era possível ceder, dentro dos preços dos
combustíveis, que vinham aí aumentando de forma indefinida.
Porque uma coisa é
clara, você já viu reduzir preço de combustível? Quando cai é um, dois
centavos.
Isso aí é fruto até do monopólio, que te deixa sempre amarrado.
É um
governo fraco, não tenho mais dúvida nenhuma.
O governo está tentando se
salvar, vamos dizer, está tentando não ir para a cadeia", disse Mourão.
Para o general, o governo vive uma crise de "credibilidade, autoridade,
confiança".
"O sistema econômico trabalha na confiança.
Você tem
confiança que os contratos vão ser honrados, que os pagamentos serão efetuados.
Quando você perde a confiança, ocorre o que nós estamos vendo.
E há muito tempo
nós temos falado: nossa infraestrutura, toda baseada no transporte rodoviário,
ela nos enfraquece.
Vamos lembrar, a primeira greve foi em 1999.
Tem quase 20
anos que esse pacote vem se arrastando."
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