Fosfina está entre os gases mais fedorentos e exóticos da Terra. Este é um gás altamente inflamável e reativo às partículas da nossa atmosfera. Cientistas acreditam que pode ser um forte indicador de vida extraterrestre.
Em geral, os seres vivos da Terra, especialmente os que respiram oxigénio, não produzem ou dependem da fosfina para sobreviver.
No entanto, investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) descobriram que a fosfina é produzida por uma forma de vida menos abundante: organismos anaeróbios como bactérias e micróbios, que não dependem de oxigénio para se desenvolver.
A equipa descobriu que a fosfina não pode ser produzida de outra forma na Terra, que não por esses organismos, avessos ao oxigénio. Isto faz dela uma bioassinatura.
Num artigo publicado em novembro na revista científica Astrobiology, a equipa indica que se a fosfina fosse produzida em quantidades similares à do metano na Terra, o gás geraria um padrão de luz característico na atmosfera de um planeta. Este seria claro o suficiente para ser detetado por um telescópio a uma distância de 16 anos-luz.
Assim sendo, se a fosfina fosse detetada em um planeta rochoso, seria um sinal evidente de vida extraterrestre.
Embora na Terra o oxigénio seja um sinal de vida, há outras coisas que produzem oxigénio.
Por isso, é importante considerar outras moléculas que podem não ser produzidas com tanta frequência, mas só são produzidas por seres vivos.
A fosfina
Nos anos 70, a fosfina foi descoberta nas atmosferas de Júpiter e Saturno, gigantes gasosos e quentes. A autora do estudo, Carla Sousa-Silva, começou a questionar se a fosfina poderia ser produzida também na Terra.
Portanto, no MIT, em parceria com outros investigadores, começou à procura de resposta. A partir da investigação foi identificado que onde não há oxigénio, a fosfina está presente.
Foi assim que os investigadores perceberam que a fosfina é muito tóxica para seres que gostam de oxigénio, mas para os que não gostam de dele, este gás parece ser uma molécula muito útil.
Depois desta perceção, os cientistas precisaram de garantir que a fosfina não pode ser produzida por algo sem vida, para considerá-la então como uma bioassinatura viável.
Para isso, eles passaram anos a executar uma análise teórica exaustiva de caminhos químicos para ver se o fósforo poderia ser transformado em fosfina de forma abiótica. Depois de muita análise, os investigadores chegaram à conclusão de que apenas algo com vida consegue criar quantidades detetáveis de fosfina.
Deteção em exoplanetas
Para identificar se é possível detetar a presença da molécula em exoplanetas, os cientistas simularam a atmosfera de dois tipos de exoplanetas com composição semelhante a da Terra, mas pobres em oxigénio.
Os tipos de atmosfera foram: rica em hidrogénio e rica em dióxido de carbono.
Na simulação foram introduzidas diferentes taxas de produção de fosfina e extrapolaram como seria o espetro de luz de determinada atmosfera, dada certa taxa de produção de fosfina.
Foi assim que eles identificaram que, como dito anteriormente, seria possível detetar uma quantidade de fosfina equivalente àquela de metano produzida na Terra, a 16 anos-luz de distância. Essa esfera do espaço cobre uma variedade de estrelas e, possivelmente, hospeda planetas rochosos.
Fonte: ZAP
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