Pode
existir civilizações alienígenas interestelares espalhadas pela Via Láctea, de
acordo com estudo publicado no Astronomical Journal, em agosto. A razão pela
qual não sabemos disso é que eles não nos visitam há 10 milhões de anos.
O estudo sugere que
vida inteligente extraterrestre está explorando a galáxia. Para tanto,
aproveita o movimento das estrelas e passa de uma galáxia para a outra com
maior facilidade. O trabalho apresenta nova resposta para a questão sobre o
motivo de ainda não termos detectado sinais de inteligência extraterrestre,
conhecida como Paradoxo de Fermi.
Em 1975, o astrofísico Michael Hart explorou
formalmente essa questão em um artigo. Ele argumenta que houve muito tempo para
que vida inteligente colonizasse a Via Láctea nos 13.6 bilhões de anos desde
sua formação. No entanto, não tivemos notícias deles. Assim, Hart concluiu que
não deve existir outra civilização avançada na nossa galáxia.
Método
de viagem
O novo estudo,
apresenta uma perspectiva diferente daquela de Hart, de que, talvez,
alienígenas estejam apenas levando o tempo necessário e sendo estratégicos. O
cientista de computação e autor líder do estudo, Jonathan Carroll-Nellenback,
ressalta que é necessário considerar o movimento das estrelas, ao refletir
sobre essa questão.
As estrelas e os
planetas ao seu redor orbitam o centro da galáxia, em caminhos e velocidades
variadas. Nesses trajetos elas, ocasionalmente, se cruzam. Assim sendo, os
alienígenas poderiam estar aguardando que seu próximo destino se aproxime
deles, de acordo com o estudo.
Se for esse o caso, as
civilizações podem levar mais tempo do que previsto por Hart para se espalharem
pelas estrelas. Portanto, eles podem ainda não ter chegado até nós, ou o
fizeram antes da nossa evolução.
Nova perspectiva
Os cientista buscaram
diferentes formas para responder o Paradoxo de Fermi. No entanto, os autores do
novo estudo destacam que as pesquisas anteriores não levaram em consideração o
fato de que a nossa galáxia se movimenta.
Assim como planetas
orbitam estrelas, sistemas estelares orbitam o centro da galáxia. O nosso
Sistema Solar, por exemplo, orbita a galáxia a cada 230 milhões de anos.
De
acordo com o estudo, se as civilizações chegarem a sistemas estelares distantes
dos demais, como o nosso, elas podem encurtar a viagem esperando até que fiquem
próximos de um sistema estelar habitável por causa do caminho orbital.
Assim, depois de
instalados em um novo sistema, os alienígenas poderiam esperar pela melhor
distância de viagem para fazer um novo salto. De acordo com Carroll-Nellenback,
os mundos habitáveis são tão raros, que pode ser preciso esperar mais tempo do
que a expectativa de longevidade de qualquer civilização.
Civilizações
escondidas
Os pesquisadores
usaram modelos numéricos para simular a dispersão das pela galáxia. Assim,
exploraram os cenários nos quais os alienígenas poderiam existir.
Para isso, eles consideraram diversas possibilidades
para a proximidade de uma civilização hipotética em relação a novos sistemas
estelares, o alcance das sondas interestelares e taxa de lançamento delas.
Os pesquisadores não tentaram supor motivações ou política dos
alienígenas.
Parte do problema ao
imaginar a dispersão de civilizações alienígenas pela galáxia é que trabalhamos
com informações que partem de nós. Assim, as previsões se baseiam no nosso
comportamento.
Mesmo com essas
limitações, os pesquisadores identificaram que a Via Láctea poderia estar cheia
de sistemas estelares sobre os quais não sabemos. O autor líder ainda
acrescentou que não é porque é possível que existam civilizações alienígenas
nos sistemas que seja provável que isso ocorra.
Até
o momento detectamos cerca de 4 mil planetas fora do Sistema Solar, nenhum
deles aparenta abrigar vida. No entanto, há pelo menos 100 bilhões de estrelas
na Via Láctea e ainda mais planetas. Outro estudo recente estima que até 10
bilhões desses planetas podem ser semelhantes à Terra.
Não
vimos, mas eles podem estar lá
Outro elemento
relevante para o debate sobre a vida alienígena é o que Hart chamou de “Fato
A”. De acordo com ele, não há visitante interestelar na Terra agora e não há
evidência de que houve no passado.
Nesse caso, os autores
do estudo dizem que a falta de evidência não quer dizer que eles nunca tenham
visitado a Terra. Para eles, se uma civilização alienígena esteve na Terra há
milhões de anos, pode não ter restado sinais dessa passagem.
O estudo ainda aponta que desde que estamos aqui, os
alienígenas podem ter passado perto da Terra e resolvido não nos visitar.
Portanto, não é porque não fomos capazes de detectar, que a vida fora da Terra
não existe.
Isso pode, no entanto,
ser um indício de que planetas habitáveis são raros. Já estamos buscando por
planetas habitáveis e nos próximos anos essa procura deve ser potencializada
com novos telescópios. Um deles é o Telescópio Espacial James Webb, com lançamento
previsto para 2021. [Science Alert, Business Insider, The Astronomical Journal]
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