25 de setembro de 2020
Acreditasse que Mullá Nasrudin, Nasreddin Hoca ou Nasreddin Hodja foi um seljúcida (povo nômade turco) sufi, e que nasceu na aldeia de Hortu em 1208, no povoado de Sivrishisr e morrido em 1284 na aldeia de Akshehir, onde há um túmulo com seu nome, perto de Konya, capital do Sultanato de Rum Seljuk, na atual Turquia.
Hoca é um título que significa “mestre” na língua turca. Em árabe, “mestre” é mawla, que aparece escrito como mulla na maioria dos livros ocidentais publicados com os contos de Nasrudin.
Para alguns, Nasreddin Hoca nunca existiu, sendo apenas um personagem imaginário criado pelos nativos de Anatólia no século 13 e que virou folclore no decorrer dos anos.
Ele é considerado um filósofo e sábio populista, lembrado por suas histórias engraçadas e anedotas. Ele aparece em milhares de histórias, às vezes espirituoso, às vezes sábio, mas muitas vezes, também, um tolo ou o alvo de uma piada. Uma história Nasreddin geralmente tem um humor sutil e uma natureza pedagógica. A festa internacional de Nasreddin Hodja é celebrada entre 05 a 10 julho em sua cidade natal a cada ano.
As histórias de Nasreddin são conhecidas em todo o Oriente Médio e tocaram as culturas ao redor do mundo. Superficialmente, a maioria das histórias de Nasreddin podem ser ditas como piadas ou anedotas de humor. Eles são contadas e recontadas eternamente em casas de chá e caravançarás da Ásia e podem ser ouvidos nas casas e nos rádios.
Mas é inerente a uma história de Nasreddin que pode ser entendida a vários níveis. Não é a piada, seguido por uma moral e, geralmente, o pequeno extra que traz a consciência do potencial místico um pouco mais sobre a forma de realização.
Ao longo dos anos, o número de histórias de Nasrudin aumentou significativamente à medida que seus contos se espalhavam além das fronteiras da Turquia, onde as histórias foram adotadas e modificadas contadas e recontadas e se tornaram parte do folclore da região. Hoje, suas histórias variam em várias centenas, embora nem todas são autenticas. Os Dervixes usam as histórias de Nasrudin como ferramenta de aprendizagem e meditação, semelhante à maneira como os praticantes de Zen Budismo usam koans.
Existem vários monumentos para Nasrudin na Turquia e em outros lugares da Europa. A maioria deles descreve ele montado ao contrário sobre um jumento. A história diz que um dia, Nasrudin montou seu jumento do jeito errado. Quando as pessoas lhe perguntavam por que, ele respondia: “Não é que estou sentado no burro ao contrário, o burro que está indo pelo caminho errado“.
Algumas das famosas histórias de Nasrudin:
Um mestre diferente
Nasrudin estava sendo esperado em uma cidade. Praticamente toda a população estava reunida na praça para ver o Mullá falar. Nasrudin olhou para aquelas pessoas e perguntou: – Você sabem sobre o que vou falar hoje? Todos responderam ao mesmo tempo: – Não! – Se vocês não sabem o que vim falar eu me retiro – e foi embora. Tempos depois a população conseguiu que Nasrudin voltasse à cidade para falar.
Mas combinaram que se ele perguntasse novamente já sabiam o que ele ia falar eles dirão que sim. Quando Nasrudin perguntou eles disseram: – Sim! Nasrudin disse então: – Se vocês já sabem eu não preciso falar nada! – e se retirou. Conseguiram que ele voltasse lá mais uma vez para falar. Dessa vez combinaram que metade diria que sim e metade que não. Nasrudin então disse: – Muito bem. Então a metade que sabe conta para a metade que não sabe – e se retirou.
O Tolo que era sábio
Todos os dias o Mullá Nasrudin ia até o mercado público. As pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o seguinte truque: mostravam duas moedas, uma valendo dez vezes mais que a outra. Nasrudin coçava a cabeça e depois de um tempo, sempre escolhia a de menor valor. A história correu pelas cercanias. Todos os dias, algumas pessoas mostravam as duas moedas e todos da pequena multidão em volta riam e faziam pilhérias. Nasrudin sempre ficava com a de menor valor.
Um dia, uma pessoa de aspecto muito sério, cansado de ver Nasrudin sendo ridicularizado daquela maneira, chamou-o a um canto, e disse: – Sempre que lhe oferecerem duas moedas, escolha a de maior maior valor, que sempre é a maior. Assim você bancará o esperto, terá mais dinheiro e os outros não o considerarão um idiota. Nasrudin lhe respondeu: – Você tem razão, mas se eu escolher a moeda maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro, para provar que sou mais idiota que elas. Você não faz ideia de quanto dinheiro já ganhei, aproveitando-me deste truque – e acrescentou: – Não há nada de errado em se passar por tolo, se na verdade o que você está fazendo é inteligente.
Fraqueza dos reis
Certa vez, Nasrudin foi à Corte usando um magnífico turbante. A intenção do Mullá era despertar o desejo do rei e vender-lhe o turbante. E, de acordo com sua expectativa, o rei perguntou: – Nasrudin, quando você pagou por esta maravilha? – Mil moedas de ouro, majestade. O vizir percebeu a esperteza e cochichou ao rei: – Ninguém, além de um idiota, pagaria tanto por um turbante.
O rei, influenciado pelo comentário, disse a Nasrudin: – Por que você pagou tanto? Nunca ouvi falar que alguém tivesse dado essa quantia por um turbante. – Paguei essa fortuna porque sabia que em todo o mundo só um rei compraria esse tipo de coisa. Sensibilizado pelo elogio, o rei decidiu comprar o turbante pelas mil moedas de ouro. Pouco depois, ao se encontrar só com o vizir, Nasrudin lhe disse: – Você pode conhecer o valor de um turbante, mas sou eu quem conhece as fraquezas dos reis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário