JUIZ AUTORIZA USO DE R$ 3, MILHÕES E REGULARIZAÇÃO DOS LOTEAMENTOS AUFERVILLE AVANÇAM.

Recurso de venda de lotes estava bloqueado e foi transferido para processo onde grupo fez proposta para assumir empreendimentos em Rio Preto que esperam por obras há 20 anos

Vinícius Marques

Publicado em 12/11/2022 às 21:05

O juiz da 1ª Vara da Fazenda de Rio Preto, Marcelo Andreotti, autorizou a transferência de recursos depositados em conta judicial de ação que cobra obras de regularização em cinco loteamentos Auferville para o processo de recuperação do Grupo Aufer.

A medida atende pedido do grupo e também da Prefeitura de Rio Preto para viabilizar levantamento detalhado da situação de cada loteamento, pente-fino em cartórios sobre as áreas para viabilização dos empreendimentos. O valor depositado em juízo é de R$ 3 milhões. No total, são 7,6 mil lotes nos cinco Auferville.

No mês passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) havia autorizado essa transferência, que dependia ainda de decisão do magistrado de Rio Preto. A briga jurídica sobre os empreendimentos, lançados em 2000 pelo empresário Áureo Ferreira, se arrasta há décadas. Ferreira morreu em 2004. O projeto que viabilizou a inclusão de áreas ao perímetro urbano para os loteamentos foi aprovado na Câmara de Rio Preto em outubro de 1997.

O grupo acumula milhões em dívidas com credores, e o plano de recuperação judicial tem de ser aprovado em assembleia e homologado pela Justiça. O promotor Cláudio Santos de Moraes havia recorrido da primeira decisão que liberou o uso do recurso. Segundo o MP, o valor garantiria ao menos parte das obras. A Prefeitura e o grupo Aufer foram condenados para providenciar toda a regularização (leia ao lado).

A Emais Urbanismo, do empresário Edson Tarraf, apresentou proposta para assumir as obras de regularização em troca da comercialização de 3,8 mil lotes.O recurso outrora bloqueado pode ser utilizado em estudos sobre a situação de cada loteamento como forma de viabilizar as regularizações. A proposta encaminhada ao Grupo Aufer pela Emais prevê conclusão das obras em cinco anos.

A audiência sobre a recuperação do Grupo Aufer, em maio, teve participação do prefeito Edinho Araújo (MDB). A Prefeitura defendeu no processo que, por meio de parceria com inciativa privada, as obras podem ser realizadas sem gastos públicos. Edinho disse ao Diário que nova decisão deve dar andamento as tratativas de regularização. “Continuo esperançoso e otimista de que em breve vamos chegar a uma solução para este grave problema, que dura mais de duas décadas, dentro da legalidade”, afirmou Edinho.

O custo estimado para obras de infraestrutura nos loteamentos é de R$ 300 milhões. São quatro loteamentos Auferviile perto da Vila Azul, onde moram em torno de 100 famílias em local que não possui infraestrutura básica, como rede de água e esgoto. O quinto loteamento fica próximo ao Distrito de Talhado, e tem poucas construções em ruínas. A via principal de acesso, de terra, tem lixo acumulado no loteamento perto do distrito. Ainda que não possuam obras de infraestrutura, dezenas de ruas dos loteamentos possuem nomes determinados em leis aprovadas na Câmara.

Positiva

A Emais, empresa que atua no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais, avaliou a decisão da Justiça rio-pretense como positiva.

“Avaliamos como uma decisão positiva, pois os recursos a serem levantados do processo judicial pela recuperanda (Grupo Aufer) são determinantes para a composição da documentação dos empreendimentos, que é uma das condições da proposta de oferta feita pela empresa no processo judicial”, afirmou diretor de relacionamento com o cliente da Emais Urbanismo, Leandro Garcia.

Decisão de obras prevê multa

A ação do Ministério Público que exige as obras de regularização dos loteamentos Auferviille em Rio Peto teve início em 2001. O processo teve idas e vindas na Justiça, inclusive com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), quando todas as possibilidades de recursos se esgotaram.

Em 2018, o promotor Cláudio Santos de Moraes deu início aos pedidos, que foram acatados pela Justiça, para a realização das obras de modo a regularizar os empreendimentos. 

A decisão que condenou tanto o Grupo Aufer quanto a Prefeitura de Rio Preto estipulou prazo de 3 anos para que as medidas fossem adotadas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil para cada dia de atraso. 

A multa não chegou a ser aplicada. Em 2019, a Justiça de Rio Preto autorizou prazo para estudos da prefeitura sobre as obras que precisam ser realizadas, o que inclui o município e ainda o Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae). 

No ano passado, o Grupo Aufer entrou com pedido de recuperação judicial, o que abriu margem para pareceria com iniciativa privada para as obras.


https://www.diariodaregiao.com.br/politica/riopretoeregiao/juiz-autoriza-uso-de-r-3-milh-es-e-regularizac-o-dos-loteamentos-auferville-avanca-1.1020779

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