Aedes aegypti, o mosquito transmissor do vírus da dengue: pesquisa constatou que em janeiro deste ano 267 municípios estavam com risco de epidemia, 487 em alerta e 238 em situação satisfatória (Thinkstock)
De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, até 16 de fevereiro foram registrados 204.650 casos da doença, contra 70.489 no mesmo período de 2012
O número de casos de dengue no Brasil apresentou um aumento de 190% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde divulgado nesta segunda-feira, até 16 de fevereiro foram registrados 204.650 casos da doença, contra 70.489 no mesmo período de 2012. Apesar da maior incidência, houve redução de 20% na quantidade de óbitos e de 44% nos casos graves.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que atualmente "nós temos, sim ,epidemia em alguns estados no país". Oito deles concentram 84% dos casos: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Espírito Santo.
O boletim constatou o aumento da dengue em quase todo o Brasil, com destaque para a região Sul (2.836%) e Centro Oeste (801%). Somente a região Nordeste registrou uma queda nas ocorrências: caiu 51% em relação a 2012. Ainda assim, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alerta que a região apresenta tendência diferente das demais. "Tradicionalmente, o número de casos no Nordeste aumenta a partir de março. Tivemos um período forte de seca e as chuvas devem vir. Está claro qual deve ser o alvo das ações", afirmou o ministro.
Alguns estados merecem um alerta específico. Mato Grosso do Sul destaca-se como o maior número de casos por 100.000 habitantes: a média foi de 1.677,2, o que representa um aumento de 4.757% em relação ao ano passado. Padilha ressaltou que apesar de não haver transmissão autóctone (quando se contrai a doença na própria cidade) no Sul do país, todas as cidades em situação de risco são do Paraná. Neste ano, subiu de 361 para 12.040 casos. Segundo o ministro, a explicação é motivada pelas condições climáticas da região, bastante parecidas com as do Centro-Oeste. São Paulo também mereceu destaque. De acordo com o ministro, o local historicamente registra baixa transmissão, mas agora evidencia um número que merece atenção: foram 21.691 registros da doença, um aumento de 526%.
O boletim constatou que o DENV-4, um dos quatro sorotipos no Brasil, corresponde à maioria dos casos: 52,6%. Esse novo tipo da doença, que chegou ao país no final de 2010, apresenta os mesmos sintomas, profilaxia e tratamento. No entanto, por ainda ser relativamente novo, encontra maior vulnerabilidade entre a população, o que pode explicar o índice maior de ocorrências. O secretário de vigilância do MS, Jarbas Barbosa, afirma que o DENV-4 chegou a praticamente todos os estados, e que a tendência é que a disseminação seja mantida.
Redução de mortes — Apesar de já se falar em epidemia, o ministério da Saúde comemorou a redução do número de mortes e de casos graves. De acordo com a pasta, a redução deve-se às medidas adotadas para este ano, entre elas, principalmente, um maior investimento. Em 2012, o foram repassados 1,73 bilhão de reais para custear as ações de vigilâncias dos estados e municípios. O montante recebeu um acréscimo de 173,3 milhões de reais neste ano, destinados às secretarias municipais e estaduais de saúde.
"Mas não podemos relaxar. Estamos apenas no início do enfrentamento da dengue, que se estenderá até maio. Temos de agir para evitar mais casos", pondera Padilha. O ministro explicou ainda o perfil dos casos de óbito. Normalmente, são pessoas idosas e já com debilidades decorrentes de outras doenças, como hipertensão e diabetes.
Infestação — O ministério da Saúde também mapeou onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito da dengue. De acordo com o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Lira), realizado em 983 municípios, a maior incidência de larvas em reservatórios de água ocorreu no Nordeste, com 76,2% do motivo dos registros. Já a região Sudeste destaca-se por concentrar o maior foco em depósitos domiciliares: 63,6%. A pesquisa constatou que em janeiro deste ano 267 municípios estavam com risco de epidemia, 487 em alerta e 238 em situação satisfatória.
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