SÃO PAULO - O ato para comemorar a redução da tarifa do transporte coletivo nesta quinta-feira em São Paulo dá sinal claro de uma polarização entre quem defende a presença de partidos políticos e entre os que querem simplesmente reivindicar por um "Brasil melhor". No início da passeata, na Avenida Paulista, um grupo de cerca de cem militantes do PT, com camisetas e bandeiras, foram recebidos pelos manifestantes com vaias e xingamentos de "mensaleiros". Os petistas reagiram à hostilização esticando bandeiras e sob gritos de "democracia".
O clima é tenso, mas os policiais estão orientado a não intervir. A bandeira de um movimento social foi queimada por manifestantes. Há hostilização mesmo com grupos partidários menores. Duas mulheres saíram no tapa no meio da passeata. No Masp, houve um início de confusão quando militantes do PSTU, com bandeiras, foram xingados. No grupo do PT, um manifestante arrancou a bandeira de um militante e quebrou, iniciando um empurra-empurra. Alguns militantes do PCO recolheram bandeiras para evitar confronto.
Desde a concentração para o ato o clima era de apreensão. Um grupo contrário à presença de partidos políticos na passeata gritava palavras de ordem como "Vão para Cuba" e "Vão para a Venezuela" para lmilitantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), que reagiram:
- Baixou a tarifa e agora bota na conta da Fifa.
Dirigentes do PT passaram pela passeata para chamar os manifestantes para se concentrarem na Angélica, do outro lado da Rua da Consolação. A ordem do PT é para que se evite provocações.
Bruno Zanini, de 22 anos, funcionário do setor da saúde, disse que "todo o mundo é anônimo, a bronca é em relação a qualquer partido, porque todos eles vão fazer uma coisa que é a coligação".
Filiado do PSOL, José Henrique Leme argumentou:
- O estado é democrático e o espaço é de todo mundo. O PSOL está nesses protestos desde o início.
A passeata, na região da Avenida Paulista, começou às 17h05 com o público cantando Hino Nacional e gritando palavras de ordem como "O Povo acordo". Por volta das 17h45, participavam do ato cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Toda a Paulista foi bloqueada para veículos para garantir segurança aos manifestantes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 3 mil policiais acompanham os manifestantes.
Simpatizantes do Movimento Passe Livre (MPL) defendem a queda completa na tarifa de ônibus. O evento também virou um palco para protestar contra as obras da Copa, a corrupção e a PEC 37. Há cartazes que pedem desde a prisão dos mensaleiros a mais investimento na educação. Os grupos Pátria Minha e Revoltados Online, comunidades formadas nas redes sociais, se destacam no meio da multidão pelos gritos de "Político ladrão seu lugar é na prisão".
Camila Tavares de Souza, 29 anos, veio do Parque Rede, limite de São Paulo com Diadema. É sua primeira manifestação.
- Vim atrás do nosso direito - disse, segurando cartaz da PEC 37.
Perguntanda sobre a PEC 37, ela recorreu a uma amiga:
- O que é mesmo? - indagou.
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