O homem por
trás da advogada das delações
Beatriz Catta Preta
conheceu o marido quando ele foi preso com dólares falsos, em 2001. Desde
então, ele foi fundamental para sua ascensão
Por: Mariana Barros 26/07/2015 (Evaristo Sa/AFP)
Advogada Beatriz Catta Preta
Na semana passada,
a advogada Beatriz Catta Preta, responsável por nove das dezoito delações da
Operação Lava-Jato, anunciou sem aviso prévio a decisão de abandonar todos os
seus clientes, tanto os corruptos enrolados no escândalo da Petrobras como
outros de cujos casos cuidava havia uma década.
Segundo pessoas próximas, foi
com a família para Miami, algo que só estava nos seus planos para daqui
"dois ou três anos".
LEIA MAIS:
A súbita decisão de
Catta Preta de abandonar seus clientes, a Lava-Jato e o Brasil adicionou mais
um toque de mistério a uma carreira construída à margem do território habitado
pelos grandes criminalistas brasileiros.
O caso que alçou Catta Preta ao
estrelato foi a delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa no ano
passado, até então a mais bombástica da Lava-Jato.
Mas o mais importante de sua
vida, ao menos no aspecto pessoal, aconteceu mais de uma década atrás.
Na ascensão da
advogada, um personagem desempenhou papel fundamental: Carlos Eduardo Catta
Preta Júnior, o marido, de quem herdou o sobrenome, é que trata das negociações
com os clientes, estabelece o valor dos honorários e cuida das cobranças do
escritório, que ela abriu em 2002, alguns anos depois de se formar pela Unip.
Amigos dizem que ele tem grande influência sobre a mulher.
Embora se declare
oficialmente comerciante, Carlos Eduardo é conhecido como "doutor
Carlos".
O casal se conheceu em 2001, quando ele foi preso em Alphaville,
na Grande São Paulo, com 50 000 dólares em notas falsas presas na cintura,
dentro de um saco plástico.
Em sua casa, agentes do Denarc, o departamento de
combate ao tráfico de drogas, encontraram mais 350 000 dólares falsos guardados
no banheiro.
Aos policiais, Carlos Eduardo contou que estava tentando vender as
notas para se livrar do prejuízo que havia tomado ao vender a um indiano 17
quilos de esmeraldas retiradas de uma mina de pedras preciosas que arrendara na
Bahia.
Um amigo indicou-lhe o escritório de Pedro Rotta, onde trabalhava
Beatriz Lessa da Fonseca, este o nome de solteira de Catta Preta.
Ela o
defendeu, conseguiu que respondesse ao processo em liberdade e tornou-se sua
namorada.
Em 2003, Carlos
Eduardo foi condenado a três anos de prestação de serviços comunitários por
crime de moeda falsa.
Os dois se casaram, tiveram dois filhos e passaram a
viajar com frequência para Miami.
De acordo com amigos, é lá que estão agora.
Sem previsão de retorno.
Para ler a
continuação desta reportagem compre a edição desta semana de VEJA no tablet, no iPhone ou
nas bancas.
Lava Jato: a mensagem da advogada que sumiu
Após renunciar misteriosamente à defesa de réus do petrolão, a criminalista Beatriz Catta Preta, advogada especialista em colaboração premiada, publicou uma mensagem no perfil do seu escritório no Facebook nesta sexta-feira. Trata-se de uma citação de John Rawls, um dos expoentes da filosofia política americana, autor do livro Uma Teoria da Justiça. "Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na Justiça que nem o bem-estar da sociedade como um todo pode sobrepor. Portanto, numa sociedade justa, os direitos assegurados pela Justiça não estão sujeitos à barganha política ou ao cálculo dos interesses sociais", diz o texto. Beatriz Catta Preta ainda não justificou publicamente a renúncia. Ela é alvo de um requerimento da CPI da Petrobras para depor em Brasília (DF). O autor é o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A convocação para o depoimento tem o pretexto de apurar se a advogada foi paga com recursos ilícitos pelos réus que defende na Lava Jato, todos delatores premiados. Um dos clientes de Catta Preta, o consultor Julio Camargo afirmou que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) cobrou dele 5 milhões de dólares em propina por contratos de navios-sonda fechados entre a Petrobras e a empresa que Camargo representava, a Mitsui.(Felipe Frazão, de São Paulo)
LEIA TAMBÉM:
Nenhum comentário:
Postar um comentário