Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Corrêa afirma que juiz da Lava Jato é 'linha dura e quer dar exemplo'
Dalton dos Santos Avancini,
ex-presidente da Camargo Correa(Valor/VEJA)
Condenado a quinze
anos de prisão na Operação Lava Jato há pouco mais de um mês, o executivo
Dalton Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Corrêa, afirma que o juiz
federal Sergio Moro, é, na verdade, a "esperança do Brasil" por
conduzir com "linha dura" os processos do maior escândalo de
corrupção do país.
Com uma tornozeleira eletrônica estrategicamente escondida
no termo bem cortado, Avancini conversou rapidamente com o site de VEJA pouco
antes de depor como testemunha de acusação no inquérito em que é réu Marcelo
Odebrecht, o maior empreiteiro do país.
Ao juiz Sergio Moro, Dalton Avancini
promete detalhar a participação da Odebrecht no Clube do Bilhão, cartel de
empreiteiras que fraudava contratos com a Petrobras e distribuía propina a
agentes públicos.
"Sergio Moro é
linha dura.
Eu acho que ele quer dar o exemplo.
Ele é a esperança do Brasil,
né?", disse o executivo delator.
Quatro anos antes, a Camargo Correa
conseguiu anular no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a operação Castelo de
Areia, que investigou um esquema de fraudes, crimes financeiros e desvio de
verbas públicas da empreiteira.
Hoje a empresa já fechou três termos de um
acordo de leniência e aceitou pagar 700 milhões de reais por causa do petrolão.
Condenado por
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dalton Avancini passa o
dia recolhido em casa e com monitoramento da Justiça.
Sem poder falar com os
outros funcionários ligados à construtora e que também foram réus na Lava Jato,
Avancini não arrisca se o executivo João Auler, único da cúpula da Camargo
Correa que não fez delação premiada, deve ou não contar o que sabe às
autoridades.
Embora tenha recebido pena de quinze anos, Avancini não vai cumprir
a sentença atrás das grades por ter colaborado com os investigadores.
Auler foi
condenado a nove anos de prisão e continua sem acordo de delação.
No início do
ano, o Ministério Público encerrou as negociações para a delação de João Auler
por falta de acordo.
Pouco antes da uma
hora da tarde, o ex-presidente da construtora Camargo Corrêa chegou ao
restaurante popular da Justiça Federal do Paraná, próximo ao centro de
Curitiba.
Sentou-se em uma mesa do canto direito e pediu um chá gelado.
Ele
depõe ainda nesta tarde.
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