• ENTREVISTA DE IRENE RAVACHE

IRENERAVACHE
• ENTREVISTA DE IRENE RAVACHE. A atriz, que figura entre as grandes estrelas da dramaturgia brasileira, fala sobre ‘Além do Tempo’, em que interpreta Vitória, carreira, carma, netos e… o PT. 
Numa entrevista franca e direta, a atriz não esconde a sua frustração com o que se tornou o Partido dos Trabalhadores.
“É uma decepção ver alguém pegar as tuas esperanças de ver um país melhor virando completamente o seu discurso, a sua atitude. É uma decepção muito grande! Você perde a crença de tudo”, desabafa Irene.
Vamos falar de ‘Além do Tempo’, que é sensacional. Como é que está sendo viver a Vitória e como que está sendo a reação do público nas ruas?

Há muito tempo não vejo uma novela tão bem escalada como essa. Os jovens atores também são ótimos. Eu sou suspeita porque gosto muito de trabalhar com esses jovens atores. 

Eu acho que marca uma touca quem não pega carona com eles.

Você acha que quem tem esse preconceito quebra a cara?
Ah, eu acho… Você achar que, por ter mais tempo de carreira, não tem o que aprender com eles, está marcando uma touca violenta sob o meu ponto de vista.

Você acredita em carma?

Eu não sei se exatamente o que a gente convenciona chamar de carma. Mas tem certas coisas que a gente diz: “Ah! Isso só pode ser um carma”. São alguns erros que as pessoas repetem. Eu tenho um pouco de dificuldade de aceitar o carma como os espíritas aceitam. Não faz parte do meu vocabulário não.

E qual é a sua religião?
Às vezes, eu sou mais realista. Eu fui criada na Igreja Católica Apostólica Romana. Fui batizada, fiz primeira comunhão… Mas não sigo nenhuma religião.

Em Hollywood algumas atrizes reclamam que não há muitos papéis para atrizes mais velhas. Como é que est
á o mercado aqui no Brasil?

Eu acredito que aqui haja mercado, sim. Veja só a Fernanda (Montenegro)! Ela não para de trabalhar e ganhar prêmios! Eu nunca parei de trabalhar, embora não ache que sou um modelo adequado para isso. O que acontece é que, de um modo geral, o mercado masculino sempre é melhor do que o mercado feminino. 

Até pelos salários, que são mais generosos. Acho que as atrizes são mais disponíveis.

Você já foi uma defensora ferrenha do PT. Foi a maior decepção da sua vida?

Foi uma das grandes, senão a maior decepção da minha vida. Pelo menos como cidadã. Comecei a ficar simpatizante do PT logo no iniciozinho dele, em São Bernardo (SP), na década de 80. 

Havia um discurso colocado em cima de questões éticas e não houve neste país nenhum partido de oposição que colocasse mais o dedo na ferida, como um cachorro guardião, do que o PT. 

Se nós tivéssemos hoje um partido de oposição como o PT foi, não duraria muito tempo. O PT tinha uma maneira de fazer suas colocações de uma forma tão clara, que por isso ele ganhou: vinha da classe simples, do operário… O nosso ex-presidente (Lula) veio de uma classe extremamente simples! Um operário. 

Quando o PT ganhou a presidência, curiosamente eu não havia votado no PT, mas fui festejar. Não votei, mas sabia que ele iria ganhar, e pensei realmente que nós iríamos acordar, que iríamos dar uma virada de página, e aí acabou acontecendo o que a gente está vendo até hoje. 

É uma decepção ver alguém pegar as tuas esperanças de ver um país melhor virando completamente o seu discurso, a sua atitude. 

É uma decepção muito grande! Você perde a crença em tudo. Todas as vezes em que acontecem esses escândalos que nós acompanhamos, seja pela televisão ou pelos jornais, cada vez que um partido fala, ele fala para ver como ele fica melhor na situação e não dá a sua voz para uma coisa melhor para o Brasil. 

Meus amigos estrangeiros dizem assim: “Mas como é que os brasileiros ainda não tiraram esse presidente da Câmara (Eduardo Cunha)?” Todos eles presos de alguma forma: ou por conchavos políticos ou pessoais, ou por ter algo que pode se tornar escândalo… Então, a única palavra que define é ‘corja’.

O que te traz felicidade hoje em dia?
Em primeiro lugar são os meus netos! Quando eu tenho a possibilidade de estar com os meus netos e dormir com eles, seja na minha casa ou em um hotel, porque às vezes conseguimos sair todos juntos, é muito prazeroso.

Mais do que uma plateia te aplaudindo?
Ah é, é disparado os netos.

Você prefere disparado ser uma grande avó do que uma grande atriz?
É um amor que o seu coração começa a rir antes de você e é completamente diferente. A profissão é uma das minha paixões, mas sem dúvida alguma a minha família é mais importante.

Você tem um casamento de 44 anos né? Isso é o quê? Sorte?
Não… É trabalho. Casamento para durar é trabalho. Obviamente que há uma série de coisas… 

Se não tiver amor não adianta nada. Você vai mudando e ele vai mudando e se você não trabalha essa relação nesse sentido, fica meio defasado. Mas não pode ser um trabalho tipo sacrifício. Na minha opinião, felicidade tem que ser uma coisa fácil. 

O que eu quero dizer é que se amanhã eu me apaixonar por você e você por mim, e isso for fazer infelicidade de uma pessoa, já não vale a pena. Você tem que se apaixonar por mim e eu por você e a gente já sair para passear de mãos dadas e tomar sorvete. 

Tem que ser simples e fácil. Esse negócio de batalhar muito por amor eu estou fora.

Mas sempre foi assim no teu casamento?
Nós tivemos momentos em que nós nos questionamos até se valeria a pena continuarmos casados. Houve uma época em que nós resolvemos dar um tempo. 

Durante pouco tempo, decidimos morar separados, mas chegamos à conclusão de que ainda era mais divertido ficarmos juntos. Eu acho que o casamento, assim como uma sociedade, tem que ter conveniência para os dois lados.

Mas tem que ter muita paciência né? Porque hoje em dia as pessoas não têm paciência. Elas não querem nem tentar!
Mas você tem que ter paciência com tudo nessa vida! Com o seu trabalho, no trânsito… Os nossos serviços são bastante ruins.

IRENE
Se você fala com uma companhia que te troca cinco vezes de operador para falar do mesmo assunto, você tem que ter paciência. 
Tive uma vez uma secretária, que era uma pessoa muito interessante: ela se informava tanto antes de ligar que ela dava informação para a pessoa do telemarketing.
Você diz muito ‘não’ na sua vida? Para alguns papéis, por exemplo?
A minha mãe era a rainha do ‘não’. 

Tinha que chegar às 22h em casa. Se chegasse às 22h05, ela proibia de sair na semana seguinte. 

Eu acho que a vida se encarrega de botar barreiras: vai te dizendo não, te dando as regras e fechando algumas portas.

A rotina de novela é uma coisa puxada. Chega um momento da vida em que você diz: “Não quero me dedicar nove meses intensamente a um trabalho. Prefiro fazer um filme”?

Acho que o que é combinado não sai caro. Essa é a minha profissão, então foi isso o que eu escolhi. 

Quando eu aceito ser contratada de uma emissora, essa emissora tem as suas regras e a gente sabe que uma novela demora. 

Você está escalada para trabalhar naquele final de semana que você gostaria de viajar com a sua família, por exemplo. Isso faz parte da regra do jogo! Se não está satisfeita, não aceite trabalhar nesse tipo de segmento.

Qual foi o seu grande papel na vida?

Meu grande papel na vida foi ser mãe. Às vezes, você acha que sabe das coisas e tem que aprender. Tem que aprender a ser mãe. Não basta você gostar.

Irene, você tem algum recado para dar para as pessoas que acompanham a novela e curtem o seu trabalho?

Para quem está assistindo à novela, eu quero dizer que pode ficar certo que há grandes surpresas nesta segunda fase. 

E para quem acompanha o meu trabalho, dizer que o melhor presente que um ator pode receber é quando alguém diz que acompanha e gosta do seu trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EM DESTAQUE

PRODUÇÃO DO MORGAN "EV3" ARRANCA NO TERCEIRO TRIMESTRE.

  A Morgan anunciou uma parceria técnica com a Frazer-Nash Energy Systems, com vista à produção do seu EV3.   A visão da Morgan para o mundo...

POSTAGENS MAIS ACESSADAS