🔴 GENERAIS DO EXÉRCITO ACABAM DE FAZER "DECLARAÇÃO BOMBÁSTICA"
CONTRA HC DE LULA E PRIVILÉGIOS.
PRESSÃO DE GENERAIS FAZ EXÉRCITO GANHAR
ESPAÇO NA LUTA PARA SALVAR BRASILEIROS DOS CORRUPTOS.
No contexto de
polarização política, e às vésperas de um julgamento que poderia determinar o
destino de Lula, o general colocou o Exército ao lado dos "cidadãos de
bem" que repudiam "a impunidade" e garantiu que a instituição se
mantém atenta "às suas missões institucionais" — sem detalhar quais
são elas.
Palavras que reverberaram em todo o país.
Trata-se de uma ameaça de
intervenção militar caso o ex-presidente Lula fique livre e seja eleito?
O
general extrapolou suas funções legais ao se posicionar sobre um tema sobre um
assunto que diz respeito à Justiça? Durante todo o seu mandato, o presidente
Michel Temer (MDB) buscou agradar os setores militares seja através de
declarações ou nomeações, colocando-os de volta no núcleo decisório do país —
sobretudo após a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Pouco a pouco, foram
ganhando espaço e voz política. Estaria o Brasil voltando aos tempos em que a
opinião e os comunicados dos altos comandos militares merecem destaque no
noticiário?
Pelo sim pelo não, tanto o comandante como os principais generais
que incensaram o incendiário tuíte de Villas Bôas à véspera do julgamento no
STF, silenciaram nos dias seguintes sobre questões nacionais, inclusive durante
a decreto de prisão do ex-presidente Lula e os dias seguintes em que negociou
sua entrega à PF.
A única exceção foi o general de reserva Paulo Chagas que
manteve seu estilo 'sem papas na língua', com críticas a Lula, mas sem palavras
que pudessem soar a ameaça.
“O PT, para conquistar e manter-se no poder, escamoteou
a verdade, iludiu incautos, agradou bandidos e praticou, sem pudor, todas as
formas de imoralidade.
Por gosto e incompetência, criou uma crise generalizada
e gerou um caos cuja paternidade não assume”, diz um dos tuítes dele, do dia 8.
Chagas é pré-candidato ao governo do Distrito Federal. Desde que assumiu o
poder, Temer vem governando de braços dados com os militares.
Nomeou o general
linha-dura Sérgio Etchegoyen como ministro do Gabinete de Segurança
Institucional e lhe conferiu influência dentro do Governo; indicou o general da
reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior, defensor da ditadura militar, para
a FUNAI — e depois recuou diante das reações negativas.
Também escolheu o
comandante militar do leste, o general Walter Braga Netto, como interventor
federal no Rio. Mantém, também, na pasta de Defesa o general da reserva Joaquim
Silva e Luna, o primeiro militar desde o Governo FHC a ocupar a pasta.
Em março
deste ano, disse que o povo brasileiro "se regozijou" com a
"centralização absoluta do poder" após o golpe militar de 1964.
A
mensagem de Villas Bôas era uma extensão desse espaço dado por Temer.
No dia 6
de abril, o comandante disse ao jornal O Globo, por meio de seu porta-voz,
general Otávio Rêgo Barros, do Centro de Comunicação do Exército, que a
polêmica com o tuíte, era “assunto ultrapassado”.
Nem ele, nem a maioria dos
generais Daniel Aarão Reis, professor de História Contemporânea da Universidade
Federal Fluminense (UFF), classifica a manifestação de Villas Bôas como
“intempestiva e completamente indevida”. Para ele, que foi guerrilheiro durante
a ditadura militar, o Brasil possui "uma tradição histórica" de
sofrer "com a ingerência das Forças Armadas".
Algo que "remonta
à proclamação da República, fruto de um golpe militar". Isso porque
"os militares não se reconhecem nem querem ser reconhecidos como
funcionários públicos uniformizados, mas como tutores da nação, uma espécie de
'anjos da guarda' da República", explica ao EL PAÍS.
Autor de livros como
Luís Carlos Prestes - Um revolucionário entre dois mundos (Companhia das
Letras, vencedor do prêmio Jabuti em 2015) e Ditadura e Democracia no Brasil
(Zahar), Aarão Reis também cita as "intervenções golpistas" que
instauraram a ditadura do Estado Novo (1937-45) ou a última ditadura civil-militar
(1964-85).
Mas também fala de uma série de "ameaças, veladas ou
explícitas", ao longo do século XX.
Com a redemocratização, ele diz,
"os constituintes de 1988 capitularam face ao lobby das Forças Armadas e
mantiveram na Carta Magna artigos que autorizam a intervenção militar para
'garantir a lei e a ordem' (GLO)". Depois, entre os governos FHC e Dilma,
as Forças Armadas viram o Ministério da Defesa ser ocupado por civis, a criação
da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da ditadura militar e,
posteriormente, a constituição da Comissão Nacional da Verdade. Submeteram-se
ao poder civil e se voltaram para os quartéis, perdendo relevância na vida
política do país.
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