Publicado em 29 de jun de 2019
O ex-ministro
Antonio Palocci relatou à Polícia Federal em Brasília supostas propinas da
J&F ao MDB no Senado para a suposta compra do apoio do partido à
candidatura de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014. A
investigação tem como base a delação de executivos do Grupo e está no Supremo
Tribunal Federal por mirar senadores emedebistas que ainda têm foro
privilegiado. Em janeiro, o delator, que fez parte dos governos Lula e Dilma,
se ofereceu para falar a respeito de políticos do MDB. Seu depoimento foi
tomado no dia 30 de maio. Após seu depoimento, a Polícia Federal pediu mais 60
dias para a continuidade do inquérito. Entre as diligências, os agentes querem
saber quem entrou na residência do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros, no
período eleitoral, em 2014. As investigações também receberam um depoimento de
um dos alvos que relatou a entrega de malas de dinheiro em suposto benefício do
emedebista. Palocci reitera fatos já expostos pelos executivos da J&F. Ele
somente deixou de citar alguns nomes de empresas que constam ainda em termos
sigilosos de sua colaboração. Em delação, Joesley Batista informou à
Procuradoria-Geral da República que o grupo mantinha duas ‘contas-correntes’ de
propina no exterior em suposto benefício de Lula e Dilma, com US$ 150 milhões,
em 2014. Ele disse que o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda/Governos Lula e
Dilma) operava as contas. No final das eleições 2014, Palocci diz ter recebido
‘uma solicitação do então Ministro Guido Mantega para disponibilizar R$
30.000.000,00 (trinta milhões de reais) da reserva de referida conta do PT para
o PMDB do Senado’ e que Joesley ‘relatou que Mantega havia pedido pressa no
pagamento pois havia risco de perda do apoio do PMDB do Senado na eleições
presidenciais de 2014’ “Joesley relatou ao Depoente que estranhou a solicitação
e então procurou a Presidente Dilma para confirmar se o pagamento deveria ser
realizado; que Joesley relatou ao Depoente que a Presidente Dilma disse a
seguinte frase: “é para fazer”, consta no termo de depoimento de Palocci. Renan
Segundo Palocci, Joesley teria lhe dito que ‘estava lidando naquele momento com
uma reclamação de Michel Temer, do Partido MDB, acerca do fato de Joesley estar
contribuindo exclusivamente com senadores da sigla’. Joesley Batista relatou ao
Depoente que os ajustes para o pagamento dos referidos trinta milhões eram
feitos pelo Senador Renan Calheiros; QUE Joesley perguntou ao Depoente se RENAN
CALHEIROS era de fato uma pessoa do PMDB que gozava da confiança do PT, tendo o
Depoente respondido afirmativamente na medida em que conhecia a atuação de
Renan Calheiros na liderança do Senado e fidelidade ao governo. Histórico
Palocci afirma que ‘no final de 2011 o Senhor Joesley Batista confidenciou ao
Depoente que havia recebido uma solicitação do ex-Ministro Guido Mantega para
que ele providenciasse a abertura de uma conta no exterior em seu próprio nome
nos Estados Unidos’. “Joesley Batista, na oportunidade, ofereceu ao Depoente a
utilização dessa conta para o pagamento de eventuais valores indevidos”.
Segundo o delator, o ‘segundo episódio se deu a partir do contato de um acionista
de uma grande grupo empresarial que havia realizado operação ilícita com o PT
para checar se sua conduta estava correta, pois tinha recebido a orientação de
depositar o valor da referida propina em conta no exterior, de propriedade de
Joesley Batista’. Palocci ainda diz que o terceiro episódio ocorreu no ano de
2012 quando Joesley relembrou a Palocci ‘acerca da existência da conta no
exterior em razão do recebimento de valores indevidos, no montante de US$
19.000,000,00 (dezenove milhões de dólares) de um conglomerado empresarial de
São Paulo, fruto de negócios ilícitos estabelecidos com o governo do PT’. De
acordo com o ex-ministro, ‘o quarto episódio diz respeito ao fato do Depoente
ter tomado conhecimento de que um tesoureiro do PT apresentava a alguns
empresários número de conta no exterior para recebimento de valores indevidos
para o Partido’. Palocci afirma que ‘checou essa informação junto ao referido
tesoureiro e outras pessoas, inclusive Joesley Batista, e descobriu que esta
conta se tratava da mesma de Joesley a e qual era disponibilizada para
recebimento de valores ilícitos por parte do PT’. A investigação O inquérito
foi aberto em maio, pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal
(STF). As suspeitas foram levantadas nas delações premiadas do executivo
Ricardo Saud e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em sua delação,
Saud disse ter havido pagamento da ordem de R$ 46 milhões a senadores do MDB, a
pedido do PT.
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