Versão experimental do sistema foi liberada para
desenvolvedores, e deve ser lançado de forma final no segundo semestre
O Google liberou nesta quarta-feira (19) a
primeira versão publicamente acessível do Android 11. O sistema operacional
ainda está em uma fase profundamente experimental e é destinado especificamente
para desenvolvedores começarem a testar seus apps na nova plataforma. Mesmo
assim, o sistema já permite testar algumas das novidades que estarão
disponíveis para todos a partir da segunda metade de 2020.
Por enquanto, é propositalmente difícil instalar o Android 11 no
seu celular. Primeiro, ele só é compatível com celulares da linha Pixel, do
próprio Google, e, mais especificamente, do Pixel 2 em diante. Além disso, não
há atualização over-the-air, o que significa que é necessário baixar a ROM no
site oficial, realizar o flash do smartphone e instalá-la no aparelho. A
expectativa do Google é de que haja três versões prévias para desenvolvedores e
três versões beta antes do lançamento final.
Mas o que há de novo, afinal de contas? É importante notar que,
por estar em desenvolvimento, alguns dos recursos mencionados a seguir podem
mudar de cara, podem ser descartados e, além disso, outras funções que ainda
não estão presentes podem surgir até o lançamento final. Confira a seguir:
Permissões temporárias
Algum aplicativo
já pediu permissão para sua localização para algo que seria útil, mas você não
gostaria que ele continuasse tendo acesso a essa informação após o fim da
tarefa? O Android 11 cuida disso para você.
Com o novo
sistema, algumas permissões mais delicadas poderão ser liberadas de forma
temporária. Isso inclui o acesso à sua localização, ao microfone do seu celular
e à sua câmera. Quando você optar por dar uma permissão temporária, ela será
revogada assim que o aplicativo for fechado.
É algo que apareceu primeiro no iOS 13, da Apple, e foi
prontamente seguido pelo Google no Android.
Modo escuro programável
Com o Android
10, o Google implementou o modo escuro no sistema, que ajusta as cores da
interface do sistema e automaticamente configura os aplicativos compatíveis a
exibirem seus modos escuros. Com o Android 11, será possível programar horários
para alternar entre os temas claro e escuro.
Com isso, é
possível fazer com que o Android fique claro durante o dia, quando o estrago
causado pela luz emitida pelo smartphone é menor, e deixar o tema escuro à
noite, quando se torna mais confortável usar o aparelho com menos emissão de
luz
Gravação de tela nativa
O Android
finalmente terá um recurso integrado ao sistema operacional que permitirá a
gravação de vídeo da tela. É uma função que já havia se tornado bastante
popular nos iPhones, mas que até hoje dependia de intervenção das fabricantes
de celulares para ser utilizado no sistema do Google.
Com a novidade,
qualquer celular com Android 11 terá acesso à funcionalidade, independentemente
de quem o produziu.
Silenciar notificações durante
gravação de vídeo
Veja se você já
passou por essa situação: durante a gravação de um vídeo, chega alguma
notificação ao seu celular que faz o aparelho vibrar e atrapalha tudo com um
barulho de “buzz, buzz”?
É bem provável que sim.
Com o Android 11, aplicativos que utilizem a câmera do celular
poderão ter acesso à função de “Não perturbe” do sistema operacional, que
silencia temporariamente todas as notificações. Isso deve impedir que seu
celular vibre quando não deve.
Chega de pedir permissão toda hora
Algum aplicativo
no seu celular fica pedindo permissão para alguma coisa repetidamente, mesmo
que você rejeite todas as vezes que ele pergunta? O Android 11 entende que, se
um usuário nega duas vezes a permissão a alguma função, é o equivalente a
pressionar “Não pergunte novamente”.
O sistema também
entende que, quando um aplicativo leva o usuário para a página de configurações
do sistema para solicitar uma permissão, e o usuário imediatamente pressiona o
botão de “voltar”, isso também conta como uma negativa.
Se um usuário quiser, posteriormente, habilitar uma permissão,
ele ainda pode entrar nas configurações do sistema para liberar o aplicativo.
Restrição a localização em segundo plano
O Android 11
quer diminuir o monitoramento irrestrito da localização do usuário. Além da já
mencionada possibilidade de dar permissão à informação apenas uma vez, a
janelinha de permissão relacionada a localização não conta com o botão para dar
acesso ilimitado a esses dados. Só há três opções: dar acesso apenas uma vez,
dar acesso apenas quando o app estiver aberto e negar.
Desenvolvedores
que quiserem pedir a localização irrestrita dos usuários precisarão detalhar
especificamente na interface de seus apps os motivos pelos quais pretendem
fazer isso. Além disso, eles precisarão incluir um link no aplicativo que leve
os usuários para a página de configurações de sistema, onde será possível dar
uma permissão permanente.
Para completar, aplicativos que quiserem coletar a localização
dos usuários em segundo plano precisarão passar por mais uma etapa burocrática.
A partir de agosto, novos apps que desejarem ter acesso a essa funcionalidade
deverão solicitar aprovação para serem distribuídos no Google Play. Além disso,
a partir de novembro, todos os aplicativos que pretendem coletar a localização
do usuário mesmo em segundo plano que não tiverem obtido a permissão do Google
serão excluídos da loja.
Capturas de tela roláveis
Em maio de 2019,
em um momento em que ainda se falava sobre o Android 10, David Burke,
vice-presidente do Google responsável pelo Android foi questionado sobre as
screenshots roláveis, e afirmou que elas estavam em desenvolvimento e poderiam
chegar ao Android 11. A versão liberada nesta quarta-feira traz os primeiros
indícios de que o recurso está em desenvolvimento e deve ser disponibilizado na
atualização.
A página XDA
Developers conseguiram encontrar, escondido no código do Android 11, elementos
de interface que indicam a chegada do recurso. Um botão “Estender” aparece na
interface de edição de capturas, que deve permitir que o print registre também
as partes do aplicativo que estão ocultas. Por enquanto, no entanto, o botão
ainda não faz nada e sequer aparece nativamente no sistema.
Sua identidade digital
Ao longo dos
últimos anos, vimos no Brasil alguns aplicativos capazes de substituir
documentos oficiais, como a CNH e o título de eleitor. Agora, o Google está
trabalhando para que esses documentos sejam acessíveis diretamente como padrão
do sistema, sem depender de apps. A função começou a dar as caras na primeira
versão do Android 11.
O recurso já era
conhecido desde o ano passado, permitindo que as credenciais sejam guardadas de
forma segura no celular, desde que ele tenha o hardware correto. As informações
devem ser acessíveis via NFC mesmo se o aparelho estiver sem bateria, o que
deve ser um alívio para quem quer sair de casa sem carteira.
A função deve
começar a ser implementada nos Estados Unidos para funcionar com habilitação de
motoristas e deve se estender para passaportes na sequência. A expansão para
outros países dependerá do interesse dos governos, claro.
Um novo formato de armazenamento
O recurso,
chamado de “Scoped Storage”, era previsto para ser implementado ainda no
Android 10, mas a proposta causou uma reação tão grande dos desenvolvedores de
aplicativos que o Google decidiu adiá-lo para o Android 11 e dar um tempo maior
de adaptação.
A função é uma
ferramenta importante de privacidade que determina que cada aplicativo teria
uma área dedicada e fechada no armazenamento do sistema. Seu objetivo é
combater o abuso de permissões do Android, fazendo com que apps possam ler
apenas a parte que lhe cabe de tudo que está armazenado em disco. Na prática,
significa que um app malicioso não poderia sair fuçando dados de outros
aplicativos; para os apps seguros, isso significaria não precisar mais pedir
permissão para realizar tarefas muito simples como, por exemplo, gravar um
arquivo de áudio, uma foto ou um vídeo no dispositivo.
O problema é
que, quando o Google anunciou a função, a empresa recebeu uma enxurrada de
críticas de desenvolvedores que apontavam que seus aplicativos deixariam de
funcionar do dia para a noite caso o recurso fosse implementado no Android 10.
Com o Android 11, o recurso começará a ser forçado e os desenvolvedores terão
um tempo de adaptação.
Novidades do menu de compartilhar
Você costuma
usar o botão de compartilhar com frequência? A partir do Android 11, essa
ferramenta vai ficar um pouco mais inteligente. Agora será possível fixar
aplicativos no menu de opções que aparece quando você tenta compartilhar alguma
coisa entre dois apps diferentes, de forma que é possível destacar aqueles
serviços que você costuma utilizar com mais frequência.
Projeto Mainline mais abrangente
Mais um daqueles
recursos importantíssimos, mas que poucas pessoas notam. Com o Android 10, o
Google implementou o Projeto Mainline, que, na prática, faz com que o sistema
seja mais modular, facilitando a distribuição de atualizações mais importantes
diretamente pelo Google Play, sem a necessidade de uma atualização total de
firmware. Isso também reduz a influência da fabricante na distribuição de
pacotes de segurança urgentes, fazendo com que mais pessoas sejam protegidas.
Com o Android
11, o Google expandiu o número de módulos do sistema operacional que podem ser
atualizados por meio do Mainline. Inicialmente, eram apenas 8 componentes que
poderiam ser modificados desta forma, mas agora esse número saltou para 20,
dando ainda mais liberdade para distribuição de updates sem intervenção das
fabricantes de celular.
Notificações em forma de bolinha
Com o Android
10, o Google deu uma nova cara para as notificações do sistema, utilizando
círculos flutuantes (similar às janelas flutuantes do Facebook Messenger e outros
apps), mas essa opção estava enterrada dentro das opções de desenvolvedor, às
quais a maioria dos usuários não têm acesso.
No Android 11, o
Google se vê pronto para disponibilizar essa nova opção para o público em
geral. A novidade não será obrigatória, mas não será mais necessário entrar em
uma área escondida de configurações para ativá-la.
Novidades no Pixel 4
Com o Android
11, o Google também trouxe novas funções específicas para o Pixel 4, o seu
celular mais recente. A empresa implementou um novo gesto reconhecido pelo
sistema de radar do smartphone, que permite pausar a reprodução de música
apenas colocando a palma da mão alguns milímetros acima do display. Antes, era
possível apenas avançar ou retroceder com movimentos de mão.
Da mesma forma, o
Pixel 4 ganhou um novo recurso de alta sensibilidade ao toque na tela, que tem
a função de melhorar a usabilidade do celular mesmo quando o smartphone tem uma
película protetora.
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