PANDEMIA PODE DURAR MAIS DOIS ANOS, DE ACORDO COM RELATÓRIO DE ESPECIALISTAS.

Desgraça pandêmica pode durar mais dois anos, de acordo com relatório de especialistas.

De acordo com um novo relatório feito por uma equipe de especialistas em pandemias, o atual coronavírus deve continuar se espalhando pela população por até dois anos.
Eles recomendam que os países se preparem para o pior cenário possível, o que, no caso dos EUA, inclui uma segunda onda de infecções no próximo outono-inverno do hemisfério norte, a partir de 23 de setembro.
Infelizmente, mesmo no melhor cenário possível, ainda haverá mortes por Covid-19.
“Essa coisa não vai parar até infectar 60 a 70% das pessoas. A ideia de que isso acabará em breve desafia a microbiologia”, disse Mike Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota (EUA), à CNN.

18 a 24 meses

As novas previsões levaram em conta modelos apresentados por outros grupos de pesquisa, como o do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (EUA) ou o do Imperial College London (Reino Unido), além de dados históricos sobre pandemias anteriores e relatórios médicos sobre o Covid-19.
“Quando você está tentando entender como doenças infecciosas vão se desenvolver, deve confiar na história e nos modelos. Por exemplo, infecções pandêmicas não tendem a desaparecer no verão, como ocorre com a gripe sazonal”, explicou o epidemiologista Marc Lipsitch, um dos autores do novo relatório, à CNN.
Por conta de um período de incubação maior, da grande transmissão assintomática do vírus e de sua alta taxa de R0 (R0 significa número básico de reprodução, e representa o número médio de pessoas infectadas por cada paciente), os especialistas creem que o Covid-19 se espalhe mais facilmente que a gripe, sendo mais comparável a uma cepa pandêmica de influenza.
“Um R0 mais alto significa que mais pessoas precisarão se infectar e se tornar imunes antes que a pandemia possa terminar. Com base nas mais recentes pandemias, esse surto provavelmente durará de 18 a 24 meses”, disseram os cientistas.

Os três cenários possíveis

O relatório afirma claramente que os governos devem parar de dizer às pessoas que a pandemia está terminando. Ela não vai terminar tão cedo. Três cenários são possíveis, todos com duração de até dois anos:
·         Cenário 1: a primeira onda de infecções ocorrida no começo deste ano é seguida por séries menores e consistentes de infecções durante um período de um a dois anos, diminuindo gradualmente em algum momento de 2021.
·         Cenário 2: a primeira onda de infecções é seguida por uma segunda ainda maior no outono-inverno do hemisfério norte (a partir de setembro), ou por uma ou mais ondas de infecções menores em 2021. Esse padrão requer a restituição de medidas de mitigação, a fim de diminuir a transmissão do vírus e impedir que os sistemas de saúde fiquem sobrecarregados. Esse cenário é similar ao que foi observado com a gripe espanhola de 1918.
·         Cenário 3: uma diminuição lenta da transmissão do vírus. Nesse que seria o melhor cenário possível, medidas de mitigação não seriam mais necessárias, ainda que casos e mortes por Covid-19 ainda ocorressem.
Dito isto, os cientistas afirmam que os governos têm obrigação de se preparar para o cenário 2. “Oficiais do governo devem desenvolver planos concretos, incluindo gatilhos para reintegrar medidas de mitigação, para lidar com picos de doenças quando eles ocorrerem”, recomendaram em seu relatório.
Quanto à tão sonhada vacina, ela pode de fato ajudar, mas não rapidamente. “O curso da pandemia pode ser influenciado por uma vacina; no entanto, uma provavelmente não estará disponível até pelo menos algum momento de 2021. E não sabemos que tipos de desafios podem surgir durante o desenvolvimento da vacina que podem atrasar esse cronograma”, escreveram os especialistas.

O relatório

Lipsitch e Osterholm disseram estar surpresos com as decisões de muitos estados americanos de retirar as restrições impostas com o objetivo de controlar a transmissão do vírus. Em alguns casos, estados decidiram voltar à “normalidade” tendo mais infecções por Covid-19 do que quando instauraram as medidas de mitigação em primeiro lugar.
“Acho que é um experimento. É um experimento que provavelmente vai custar vidas, especialmente em lugares que o fazem sem controles cuidadosos para tentar descobrir quando tentar desacelerar as coisas novamente”, argumentou Lipsitch.
O novo relatório foi escrito por Osterholm, que tem estudado o risco de pandemias e aconselhado presidentes há 20 anos; Lipsitch, proeminente especialista em pandemias da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA); Dra. Kristine Moore, ex-epidemiologista dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA e atualmente diretora médica do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota (EUA); e John Barry, historiador que escreveu o livro “The Great Influenza” (2004) sobre a pandemia de gripe de 1918.

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