A PRIMEIRA TENTATIVA DA NASA DE AMOSTRAR UM ASTERÓIDE FEZ UMA BAGUNÇA. A MELHOR BAGUNÇA, DIZEM CIENTISTAS.

A primeira tentativa da Nasa de amostrar um asteróide fez uma bagunça. A melhor bagunça, dizem cientistas

Por Marcelo Ribeiro, em 23.10.2020

Uma sonda da NASA realmente bagunçou as coisas no asteróide Bennu, e os cientistas estão entusiasmados.

A sonda OSIRIS-REx da NASA, pousou brevemente em Bennu na tarde da terça-feira (21 de outubro) na primeira tentativa da agência espacial de coletar amostras de um asteróide. Vai demorar um tempo para confirmar se o OSIRIS-REx realmente coletou amostras de Bennu, mas até agora tudo parece ter saído conforme planejado.

“Nós realmente fizemos uma espécie de bagunça na superfície deste asteróide. Mas é uma boa bagunça”, disse o principal investigador da OSIRIS-REx, Dante Lauretta, da Universidade do Arizona, a repórteres do centro de controle Lockheed Martin da missão em Littleton, Colorado. “É o tipo de confusão que esperávamos.”

Uma animação mostrando os quadros da aproximação final que mostra o choque da sonda com o asteróide no dobro da velocidade de gravação.

Qualquer preocupação de acertar uma rocha grande e dura desapareceu quando o OSIRIS-REx pareceu espalhar grandes pedaços de cerca de 20 centímetros de diâmetro.

“Literalmente, nós o moemos”, disse Lauretta. Algumas rochas em Bennu parecem ser muito mais flexíveis ou quebradiças do que as da Terra, acrescentou.

A alegria de Lauretta é compreensível. OSIRIS-REx foi lançado no espaço em 2016 e atingiu o asteróide Bennu dois anos depois. Desde então, a espaçonave estabeleceu recordes por orbitar o menor objeto já acompanhado por uma sonda, na órbita mais próxima.

E enquanto OSIRIS-REx (o nome da nave é abreviação de Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos, Segurança, explorador de regolito, em tradução livre) revelou novos detalhes tentadores sobre Bennu (como a descoberta de pedaços de outro asteróide, Vesta, na superfície), trazer amostras de rochas espaciais de volta para a Terra continua sendo a missão principal.

Um mapa mostra os obstáculos que a sonda OSIRIS-REx precisava evitar durante a manobra de amostragem em 20 de outubro de 2020. Crédito: NASA / Goddard / Universidade do Arizona

Os cientistas esperam que, ao estudar fragmentos de Bennu, que é composto de sobras imaculadas da origem do sistema solar, eles descubram novos insights sobre como nossa vizinhança cósmica se formou e como a vida surgiu na Terra. Eles também querem entender melhor asteróides como o Bennu, que podem representar uma ameaça potencial de impacto para a Terra, para ajudar nos esforços de defesa planetária.

A próxima etapa do OSIRIS-REx é confirmar se a espaçonave realmente capturou amostras do asteróide Bennu. Para fazer isso, a sonda usará uma câmera para tirar fotos da placa de coleta de amostra (chamada de Mecanismo de Aquisição de Amostra Touch-And-Go, ou TAGSAM, na sigla em inglês).

A espaçonave também vai girar no lugar com seu braço de coleta de amostra estendido para medir qualquer diferença de massa no TAGSAM, o que vai revelar a massa da amostra, se houver. Os cientistas da missão esperam coletar 60 gramas do asteróide Bennu antes de retornar à Terra.

Se for bem-sucedido, o OSIRIS-REx se juntará a um clube de elite de sondas de coletar amostras de asteróides. Em 2010, a sonda espacial Hayabusa da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão trouxe pedaços do asteróide Itokawa. Uma missão de acompanhamento, Hayabusa2, retornará amostras de um asteróide diferente chamado Ryugu em dezembro deste ano.

Se tudo correr bem, as amostras serão colocadas em uma cápsula especial para o retorno à Terra em 2023, quando o OSIRIS-REx voltará ao nosso planeta. Se descobrir que nenhuma amostra foi coletada, ou talvez não o suficiente, a equipe da missão pode tentar novamente em janeiro em um novo local de pouso reserva chamado Osprey.

“OSIRIS-REx, em minha opinião, é o ápice da atividade humana como espécie. Construímos esta missão com propósitos pacíficos, por curiosidade e nosso desejo de conhecimento”, disse Lauretta.

Os membros da equipe da missão vêm de diversas origens e pontos de vista, acrescentou ele, “mas nada disso importa porque trabalhamos juntos, unidos por uma visão e um objetivo comuns. E quando fazemos isso, alcançamos coisas incríveis”. [LiveScience]

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