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17 de março de 2023, Por Arthur Gandini
O Superior Tribunal Militar deve respeitar o entendimento do Supremo sobre a existência ou não de crime militar nos atos terroristas levados a cabo em Brasília em 8 de janeiro.
A opinião é do novo presidente do STM, tenente brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, que assume a liderança da Corte ainda em meio à repercussão dos atos antidemocráticos
"Cada caso é um caso. Em última instância, quem define se é crime militar ou não, havendo a dúvida, é o Supremo Tribunal Federal", afirmou Camelo em entrevista ao Anuário da Justiça Brasil 2023, publicação da ConJur que será lançada em maio.
O novo chefe do Corte Militar acredita que quem tiver cometido ato de vandalismo deve ser punido. "Se o militar esteve participando dessa baderna, desse vandalismo que aconteceu nos tribunais, no STF, no Congresso e no Palácio do Planalto, naturalmente esses militares estão cometendo um crime comum. É um crime contra o Poder Público. Pela Justiça Comum, certamente deverão ser condenados", defendeu.
Também deve caber ao STF decidir se é Justiça Militar ou a Justiça comum que possui competência para julgar crimes cometidos por militares em ações que não estão relacionadas de forma direta com a suas funções típicas, como no apoio a questões comunitárias e no socorro a vítimas de desastres.
A análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.032 está suspensa após pedido do ministro Ricardo Lewandowski para que o caso deixasse o Plenário Virtual e fosse julgado no Plenário físico.
O tenente defende que haja um bom relacionamento entre o Judiciário e os demais Poderes como uma forma de preservar a Democracia.
E afirma que é o que se tem observado após os atos de 8 de janeiro.
Entre os principais desafios de sua gestão à frente do STM está o de obter a representação da Justiça Militar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O senador Eduardo Gomes (PL-TO), com o apoio da Corte militar, tem colhido assinaturas para apresentar umaProposta de Emenda à Constituição que aumente de 15 para 18 o número de cadeiras no conselho.
Francisco Joseli Camelo também pretende dialogar com o Ministério da Fazenda para conseguir recursos que permitam construir uma nova sede para o STM.
"O nosso orçamento, entre os tribunais superiores, é o menor da União", afirma.
O tenente brigadeiro do ar foi o responsável por coordenar as viagens oficiais do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) durante os seus dois primeiros mandatos, assim como por pilotar o avião que ficou conhecido como "Aerolula".
Francisco Joseli Camelo afirma ter desenvolvido uma relação de amizade com o chefe do Poder Executivo.
"Tive o privilégio de trabalhar com ele por oito anos.
Isso criou um elo de aproximação muito forte.
Tenho uma consideração muito grande e muito respeito pelo presidente Lula", conta.
Leia a entrevista abaixo:
Toda grande jornada começa com o primeiro passo, e estamos preparados para dar também um primeiro passo para a construção da nossa nova sede. Falta pouco, apenas a destinação dos recursos.
Já temos o terreno e o projeto executivo já está concluído.
Não é fácil, dada a situação econômica do momento, mas vamos perseguir esse objetivo.
Nosso orçamento, entre os tribunais superiores, é o menor da União.
Nas semanas de julgamento presencial, temos julgado em média apenas dez processos. Nos virtuais, conseguimos julgar de 20 a 25. Mas a tendência hoje é adotar um modelo híbrido. Imagino que vamos julgar, ao longo desse ano, duas semanas presenciais e duas semanas virtuais. No ano passado, julgamos uma semana presencial e três semanas virtuais. Estamos nos aperfeiçoando nessa parte da informática.
E é muito importante que esses crimes sejam julgados pela Justiça Milita. Por exemplo, se houver um crime de fraude à licitação com a participação ativa de um civil e a participação passiva de um militar, os dois têm que ser julgados no mesmo processo. Se houver um civil e um militar no caso, eles são julgados monocraticamente pelo nosso juiz federal militar.
Agora, esses dois militares que são alvo de inquérito, que falaram da administração militar, do alto comando do Exército, cometeram, na minha visão, um crime militar. O Ministério Público deve oferecer a denúncia e, após julgamento em primeira instância, vamos analisar o caso no STM. Vamos seguir o devido processo legal, dar todo o direito à defesa mas, se houver provas de que foram cometidos crimes, eles serão condenados.
Já a relação institucional é preciso ter com qualquer que seja o presidente. Sob a liderança da presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, os tribunais superiores estamos unidos no esforço para que os objetivos estabelecidos pelo governo sejam todos alcançados. Especialmente em relação ao que diz respeito à democracia. Estaremos sempre juntos nessa luta.
É um debate muito interessante. Mas, primeiro, o presidente tem que ter essa capacidade. Segundo, essa missão tem que tem que ser estabelecida de forma que as Forças Armadas tenham sido treinadas para atuar, e não como tem sido usada nos últimos tempos, sem critério.
Por exemplo, na Rio 92 [conferência climática internacional promovida no Rio de janeiro em 1992] havia quase 100 presidentes. Então, as Forças Armadas foram acionadas para mantr a garantia da lei e da ordem em todo o trajeto dos presidentes. E a Polícia estadual ficou livre para cuidar do resto do estado.
O ideal, tanto para as forças estaduais como para as Forças Armadas, é que não tenhamos essa necessidade especial, que cada um exerça seu papel. Mas nós sabemos que, se houver uma grande excepcionalidade, quem será chamado para atuar? Vamos chamar forças de outro país? Não, temos que ter a nossa.
A garantia dos poderes constitucionais não se confunde com a tutela dos poderes constitucionais. Os Poderes funcionam independentemente e harmonicamente. Esse é o papel das Forças Armadas. Cabe ao presidente autorizar ou não a sua atuação,
O militar quer ser candidato? Independentemente de ser eleito ou não, ele passou para o meio político.
Deve ser transferido para a reserva, recebendo uma proporção do que receberia de salário como militar. Eu acho que isso seria suficiente.
Não precisa mexer na Constituição, apenas no nosso estatuto dos militares.
A Morgan anunciou uma parceria técnica com a Frazer-Nash Energy Systems, com vista à produção do seu EV3. A visão da Morgan para o mundo...
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