Diferentemente do que ocorre no Brasil, nos EUA, quando o
Congresso não aprova o orçamento, boa parte do governo simplesmente para de
operar, e funcionários públicos deixam de receber.
O sistema americano é muito mais flexível que
o brasileiro, o que abre a possibilidade de cortes profundos no orçamento em
caso de vontade política para tal.
De tempos em tempos, especialmente quando há
pelo menos uma das casas controladas pelo partido de oposição ao governo, a
aprovação do orçamento vira uma batalha política para forçar o governo a adotar
políticas públicas oposicionistas.
No momento, há duas grandes bandeiras que os
republicanos defendem: o corte de gastos, em busca do equilíbrio do orçamento,
e o fim da política de fronteiras abertas promovida por Biden, que produziu o
maior influxo de imigrantes ilegais da história.
Além disso, há uma crescente oposição ao
envio de mais recursos para a Ucrânia. Os EUA já enviaram mais de US$ 75
bilhões, chegando ao ponto de arcar com pensionistas e o funcionalismo público
dos ucranianos. Isso sem contar alguns custos com envio de armas e equipamentos
militares que não entraram nessa conta.
Fica cada vez mais difícil defender tal
auxílio, enquanto os próprios americanos estão passando por dificuldades
econômicas por conta da maior inflação das últimas três décadas. Mesmo com um
nível de desemprego muito baixo, as famílias, especialmente de classe média,
têm um poder de compra cada vez menor. Um dos motivos para a inflação alta é
justamente o déficit trilionário alcançado pela administração Biden.
Os democratas adotaram uma política econômica
muito parecida com a dos socialistas brasileiros: criação de todo tipo de bolsa
para garantir votos, além de um papel cada vez maior do governo em regular o
mercado, e subsidiar certos setores da economia. Não por acaso, os setores
comandados pelos maiores doadores do Partido Democrata.
A imigração desenfreada também está atrelada
a motivações eleitoreiras: mais imigrantes pobres significa mais pessoas que
dependerão de bolsas e assistência social, ou seja, mais eleitores do Partido
Democrata.
Ontem, o presidente da Câmara, o republicano
Kevin McCarthy, anunciou o acordo com os democratas para passar uma medida
provisória, que mantém o governo funcionando pelos próximos 45 dias. 335
parlamentares passaram a medida, contra 91. Quase todos os democratas votaram a
favor, enquanto apenas 50% dos republicanos aprovaram.
A ala mais à direita do Partido Republicano
queria a definição de um corte de despesas maior, além da garantia de mais
recursos para combater a invasão de imigrantes ilegais. Já os democratas se
queixam do acordo não ter garantido mais recursos para a Ucrânia.
Pode-se dizer
que a medida representa um armistício, mas está longe de resolver o orçamento
para o ano que vem. |
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