CONGRESSO AMERICANO EVITA 'SHUTDOWN DO GOVERNO' POR ENQUANTO.

 

LEANDRO RUSCHEL   01-OCT.


Diferentemente do que ocorre no Brasil, nos EUA, quando o Congresso não aprova o orçamento, boa parte do governo simplesmente para de operar, e funcionários públicos deixam de receber.

O sistema americano é muito mais flexível que o brasileiro, o que abre a possibilidade de cortes profundos no orçamento em caso de vontade política para tal.

De tempos em tempos, especialmente quando há pelo menos uma das casas controladas pelo partido de oposição ao governo, a aprovação do orçamento vira uma batalha política para forçar o governo a adotar políticas públicas oposicionistas.

No momento, há duas grandes bandeiras que os republicanos defendem: o corte de gastos, em busca do equilíbrio do orçamento, e o fim da política de fronteiras abertas promovida por Biden, que produziu o maior influxo de imigrantes ilegais da história.

Além disso, há uma crescente oposição ao envio de mais recursos para a Ucrânia. Os EUA já enviaram mais de US$ 75 bilhões, chegando ao ponto de arcar com pensionistas e o funcionalismo público dos ucranianos. Isso sem contar alguns custos com envio de armas e equipamentos militares que não entraram nessa conta.

Fica cada vez mais difícil defender tal auxílio, enquanto os próprios americanos estão passando por dificuldades econômicas por conta da maior inflação das últimas três décadas. Mesmo com um nível de desemprego muito baixo, as famílias, especialmente de classe média, têm um poder de compra cada vez menor. Um dos motivos para a inflação alta é justamente o déficit trilionário alcançado pela administração Biden.

Os democratas adotaram uma política econômica muito parecida com a dos socialistas brasileiros: criação de todo tipo de bolsa para garantir votos, além de um papel cada vez maior do governo em regular o mercado, e subsidiar certos setores da economia. Não por acaso, os setores comandados pelos maiores doadores do Partido Democrata.

A imigração desenfreada também está atrelada a motivações eleitoreiras: mais imigrantes pobres significa mais pessoas que dependerão de bolsas e assistência social, ou seja, mais eleitores do Partido Democrata.

Ontem, o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, anunciou o acordo com os democratas para passar uma medida provisória, que mantém o governo funcionando pelos próximos 45 dias. 335 parlamentares passaram a medida, contra 91. Quase todos os democratas votaram a favor, enquanto apenas 50% dos republicanos aprovaram.

A ala mais à direita do Partido Republicano queria a definição de um corte de despesas maior, além da garantia de mais recursos para combater a invasão de imigrantes ilegais. Já os democratas se queixam do acordo não ter garantido mais recursos para a Ucrânia.

Pode-se dizer que a medida representa um armistício, mas está longe de resolver o orçamento para o ano que vem.

 

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