Saúde pessoal: níveis desequilibrados de ferro causam várias doenças

O ferro, um nutriente essencial, há tempos é a deficiência nutricional mais comum dos Estados Unidos. Décadas atrás, muitos pais de filhos "enjoados" para comer temiam que estes desenvolvessem anemia por deficiência de ferro.

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O ferro, um nutriente essencial, há tempos é a deficiência nutricional mais comum dos Estados Unidos. Décadas atrás, muitos pais de filhos 'enjoados' para comer temiam que estes desenvolvessem anemia por deficiência de ferro. Minha mãe fervia a carne que eu me recusava a comer e me dava o caldo concentrado na esperança de eu obter parte de seu ferro.
Agora, os alimentos para bebês, leite em pó e muitas outras comidas voltadas para crianças, como cereais matinais, pães, arroz e macarrão, são fortificados com ferro. Hoje em dia, a deficiência de ferro é mais provável em crianças alimentadas unicamente com leite materno, crianças pequenas que consomem leite em excesso, mulheres grávidas ou menstruando, veganos, vegetarianos estritos e pessoas que tomam medicamentos que provocam hemorragia interna ou interferem na absorção do ferro.
Nos dias de hoje, dá-se mais atenção ao problema oposto: excesso de ferro que, segundo estudos, pode danificar órgãos e aumentar o risco de diabetes, ataques cardíacos e câncer, principalmente em idosos.
Ao examinar mais de mil norte-americanos brancos com idades entre 67 e 96 anos participando do Estudo Cardíaco de Framingham, os pesquisadores constataram que somente três por cento tinham níveis deficientes de ferro no sangue ou depositados no organismo, mas 13 por cento tinham níveis considerados altos demais.
Para os autores, 'a provável desvantagem na nutrição com ferro em norte-americanos idosos independentes seguidores de uma dieta ocidental é o alto armazenamento de ferro, não sua deficiência'.
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O ferro é parte essencial das proteínas que transportam oxigênio no corpo. A hemoglobina, a proteína que transporta oxigênio nas células vermelhas do sangue, responde por cerca de dois terços do suprimento de ferro no organismo. Porções menores são encontradas na mioglobina, a proteína que fornece oxigênio aos músculos, e em enzimas necessárias para várias reações bioquímicas.
Além disso, uma quantidade variável de ferro é armazenada em proteínas que o liberam no sangue quando necessário. Quanto mais ferro for absorvido na dieta, maior o nível de ferro armazenado. Cerca de uma pessoa a cada 250 herda um distúrbio genético chamado hemocromatose que aumenta a absorção de ferro e resulta num acúmulo gradual e danificador de órgãos do ferro armazenado, embora os sintomas do problema não costumem se tornar aparentes até a meia-idade ou mais tarde.
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Fatores que afetam a absorção de ferro
A deficiência de ferro pode resultar num conjunto confuso de sintomas, como fadiga e fraqueza, desempenho ruim no trabalho, risco aumentado de infecções, dificuldade de manter calor, desmaios, frequência cardíaca rápida e pouco fôlego durante exercícios. Estudos sugerem que os praticantes regulares de exercícios árduos, principalmente entre adolescentes e vegetarianos, têm um risco aumentado de desenvolver anemia por deficiência de ferro.
A deficiência de ferro é rara em homens e em mulheres após a menopausa, e a maioria deveria evitar suplementos contendo ferro para reduzir o risco de prejudicar os órgãos pelo excesso do elemento. Também, se exames rotineiros de sangue indicarem ferro baixo, os especialistas advertem contra a mera ingestão de um suplemento. Em vez disso, em primeiro lugar o médico deveria averiguar perda oculta de sangue ou barreiras à absorção de ferro resultantes de hábitos alimentares, remédios ou condições de saúde crônicas, como colite ou após uma cirurgia para perda de peso.
Existem dois tipos de ferro alimentar, heme e não heme. O ferro heme, encontrado apenas na carne, peixe e aves, é muito melhor absorvido do que o não heme encontrado em vegetais, alimentos vitaminados, suplementos e alimentos ácidos preparados em panelas de ferro fundido. Enquanto de 15 a 30 por cento do ferro heme consumido é absorvido, comente cinco por cento do ferro não heme chega ao sangue. Para garantir a absorção adequada de ferro, alguns veganos e vegetarianos podem precisar de suplementos.
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Vários fatores podem afetar a absorção do ferro. Alguns vegetais, como o espinafre (apesar do Popeye), contêm ácido oxálico o qual interfere na absorção do ferro. Alimentos com alto teor de fibra, como grãos integrais com fitatos, e os com alto teor de cálcio também reduzem a quantidade de ferro assimilada no sangue. Porém, a vitamina C e outros ácidos presentes de forma natural nas frutas, sucos de fruta e alguns vegetais, elevam a absorção de ferro.
Num estudo posterior dos pesquisadores de Framingham, homens e mulheres com idades entre 68 e 93 anos tinham níveis mais altos de ferro armazenado se consumissem carne vermelha quatro ou mais vezes por semana, tomassem mais de 30 miligramas diários de suplemento de ferro ou ingerissem mais de 21 porções de fruta por semana. Contudo, os níveis eram muito baixos entre quem consumia mais de sete porções de grãos integrais por semana.
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Perigos da sobrecarga de ferro
No começo deste ano, o 'Nutrition Action Healthletter', periódico publicado pelo Centro de Ciência de Interesse Público, resumiu as provas mais recentes dos efeitos do excesso do armazenamento de ferro.
O problema com o armazenamento excessivo de ferro é que, tirando uma hemorragia, o corpo não consegue se livrar facilmente dele. É incomum mulheres na idade fértil terem o problema, mas para outras pessoas com altos níveis os tratamentos recomendados incluem flebotomia (sangria) e doação frequente de sangue. Sem essas medidas, o excesso de ferro é depositado no fígado, coração e pâncreas, onde pode causar cirrose, câncer no fígado, arritmia cardíaca e diabete.
As consequências para a saúde podem aparecer até mesmo em pessoas sem hemocromatose, o distúrbio genético, que acumulam níveis muito elevados de ferro armazenado. Por exemplo, entre as 32 mil mulheres acompanhadas por dez anos pelo Estudo de Saúde de Enfermeiras, aquelas com níveis mais elevados de depósitos de ferro tinham quase o triplo de chance de desenvolver diabetes do que as com níveis mais baixos.
Igualmente, entre os 38 mil homens do Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde, quem consumia mais ferro heme tinha um risco 63 por cento mais elevado de ficar diabético.
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Enquanto o risco de câncer provocado pelo excesso de ferro é incerto, exceto nas pessoas com hemocromatose, os vínculos conhecidos entre os níveis elevados de consumo de carne vermelha e câncer de cólon e de próstata são altamente sugestivos de um risco aumentado associado ao consumo excessivo de ferro heme.
Em termos de doença cardíaca, o vínculo encontrado em alguns estudos dos níveis elevados de consumo de ferro heme pode refletir o efeito de gorduras saturadas da carne vermelha, a fonte mais rica de ferro heme, mais do que o próprio ferro.
Níveis elevados de ferro foram encontrados no cérebro de pessoas com doenças neurodegenerativas como mal de Alzheimer, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (doença de Lou Gehrig). Porém, as células cerebrais doentes acumulam níveis anormais de minerais, como alumínio, assim o ferro nesses casos pode ser o efeito de uma doença cerebral e não a sua causa.
Contudo, existem várias razões de saúde e ambientais para limitar o consumo de carne vermelha a não mais de duas ou três vezes por semana e dar preferência a aves, peixe e fontes vegetais de proteína.

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