Utilizando um novo modelo que usa a história geológica da Terra, cientistas estadunidenses concluíram que um novo supercontinente deverá se formar ao redor do círculo polar ártico, a partir da fusão entre os continentes americano e asiático. O estudo é uma alternativa às teorias tradicionais que explicam os ciclos supercontinentais.
De
acordo com Ross Mitchell, ligado à Universidade de Yale e principal autor do
trabalho, o novo supercontinente - batizado de Amásia - deverá se formar em
cerca de 120 milhões de anos, após a o bloco asiático deslizar por baixo da
América em um processo conhecido como subducção.
Segundo o estudo, publicado
recentemente pela revista científica Nature, a América ficaria praticamente na
mesma localidade, enquanto o Mar do caribe e o oceano ártico desapareceriam.
Os modelos tradicionais mostram
que áreas supercontinentes sucessivas se formam ou no mesmo local, por meio de
um processo conhecido como "introversão" ou então em lados opostos do
globo, através do processo de "extroversão". No entanto, a nova
pesquisa mostra que a nova formação geológica não cabe em nenhum desses
modelos.
No estudo, a equipe de Mitchell
apresenta uma posição alternativa para formação Amásia. Nela, o próximo
supercontinente ficaria a 90 graus de longitude oeste de distância da Pangeia,
último grande supercontinente do passado. Pangéia se localizava onde hoje está
a África e se rompeu há 200 milhões de anos.
Posições
supercontinentais
A teoria de Mitchell é alicerçada principalmente na análise do alinhamento dos
elementos magnéticos em rochas antigas (paleomagnetismo), que revelou onde se
localizavam os polos magnéticos do planeta durante períodos específicos da
história da Terra. Isso permitiu que os pesquisadores de Yale reunissem
informações importantes para calcular as posições de Pangéia e os dois
supercontinentes anteriores, Rodínia e Nuna.
Os cálculos mostram que tanto a Rodínia como
Pangéia se formaram a cerca de 90 graus com relação aos respectivos
supercontinentes antecessores. Com os resultados não se adequavam nem ao modelo
da introversão nem ao modelo da extroversão, Mitchell e seus colegas propuseram
um novo modelo, que batizaram de "ortoversão".
"É importante destacar que essa versão não é
apenas uma solução de meio termo. Ela apresenta um estilo específico de
transição intermediária", disse Mitchell.
"Agora que temos uma teoria dominante como
supercontinentes tomaram forma, podemos especular como os ciclos
supercontinentais vão acontecer no futuro e esse modelo mostra que o Oceano
Ártico e o mar do Caribe vão fechar, fundindo as Américas e a Ásia praticamente
no Polo Norte".
Modelo Elegante
Brendan Murphy, ligado ao Departamento de Ciências da Terra, da Universidade São Francisco Xavier, no Canadá disse que o novo estudo será de grande valor para a comunidade geológica.
"É certamente um modelo bastante elegante e
qualquer metodologia que forneça uma explicação unificada e plausível para uma
série de acontecimentos enigmáticos nos impulsiona para frente. Acredito que
isso deverá estimular a comunidade geomagnética e tectônica a sair a campo e
testar o novo modelo.
Mesmo que esteja errado, ao longo dos anos devemos
aprender muito, mas para isso precisamos testar".
Saiba mais: Pangéia
e a teoria da deriva continental
Artes: No topo à esquerda vemos que a convergência prevista (setas vermelhas) está confinada dentro das zonas de subducção do "anel de fogo" (faixa azul). Amasia será localizada a 90 graus de distância do centro geográfico do antigo supercontinente Pangéia. À direita temos o futuro supercontinente Amasia, formado pela fusão das Américas e da Ásia, fechando o oceano Ártico e Mar do Caribe. Na sequência, vídeo explicativo mostra a ruptura do supercontinente Pangéia há 200 milhões de anos e que deu origem aos continentes atuais.
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