Ensaio mostra simulação de pouso, de decolagem do KC-390, maior aeronave já construída pela indústria aeronáutica brasileira
O cargueiro KC-390 da Embraer, que promete brigar por um mercado dominado pelo americano Lockheed Hercules C-130, fará o primeiro voo teste em 2014. Mas, antes disso, são necessárias horas e horas de testes, que incluem visitas periódicas a túneis de vento na Inglaterra, França, EUA e Holanda, onde ocorreram os ensaios mais recentes.
A NLR (sigla em inglês para Laboratório Aeroespacial Nacional Holandês) e a DNW (abreviatura para Túneis de Vento Germânico-Holandeses) são as empresas responsáveis pela operação em Marknesse, cidade a 100 km de Amsterdã. O complexo demanda cerca de 3 MegaWatts, quantidade de energia suficiente para abastecer uma cidade de 15 mil habitantes.
O relacionamento com a fabricante brasileira vem desde os anos 1990, segundo explica Henri Vos, gerente de desenvolvimento de negócios da DNW. "Desde que a Fokker pediu concordata em 1996 a DNW tem buscado mais clientes ao redor do mundo", diz. Além do KC-390, já passaram pelas instalações holandesas embriões dos jatos comerciais brasileiros ERJ-170 e ERJ-190.
Modelos em escala 1:6 com indícios do futuro desenho do KC-390 são produzidos e analisados em túneis subsônicos, considerados de baixa velocidade (leia-se menor que Mach 1, ou 1225 km/h). Segundo o executivo, os testem incluem, por exemplo, simulação dos procedimentos de pouso e de decolagem em que a varredura de laser aponta áreas na fuselagem que podem sofrer avarias com turbulência. A última versão do modelo, CMS5, também realizou procedimento de reabastecimento em vôo e testes de carga útil com paraquedas.
Veja como é o teste em túnel de vento (novo modelo CMS5)
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Sem precisar números, Vos diz que fabricantes chegam a desembolsar 70 mil euros por dia para utilizar as instalações de vento que tem por objetivo mitigar erros de projeto antes da produção dos protótipos. "O computador diz que tal configuração é a ideal e então você realiza o teste com o modelo em escala e percebe que as projeções não estavam certas", explica.
Além da fabricante brasileira, nomes como a francesa Airbus e a norte-americana Boeing também estão entre clientes do centro aeroespacial holandês.
Num dos galpões da NLR, uma asa pertencente a um caça F-16 passa por análise. "Sacrifica-se um para saber se o lote pode continuar voando após um limite de horas de voo", afirma o engenheiro Marcelo Muller.
No caso da Airbus, uma dieta à base de fibras e alumínio foi capaz de emagrecer um de seus jatos em 1 tonelada. "Isso permite a cada avião levar um cinco mil passageiros a mais por ano", segundo Michel van Ierland, responsável pelo marketing da NLR. "Não sabemos como vamos voar no futuro, mas temos muitas ideias", conclui.
Representantes da NLR e da DNW integram a missão comercial holandesa de 175 empresas, institutos de pesquisa e universidades que acompanha a visita oficial do Príncipe de Orange e da Princesa Máxima ao Brasil nesta semana.
Veja fotos do KC-390 no túnel de vento (modelo CMS4)
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