18/06/2013 -
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira (18) que as manifestações em 12 Estados que levaram mais de 200 mil pessoas às ruas mostram que "há certa descrença nos caminhos políticos" e que este é um momento social e não político".
Segundo o tucano, é "hora de ouvir" e "os partidos políticos que quiserem se recompor com o povo têm que chegar mais perto do povo e sentir qual é a demanda".
Completando hoje 82 anos, o ex-presidente participou ao lado do presidente do PSDB e pré-candidato do partido ao Planalto, senador Aécio Neves (MG), da inauguração na Câmara dos Deputados de uma exposição em comemoração aos 25 anos da legenda.
Sociólogo, ele alfinetou possíveis explorações políticas desses protestos, sendo que os movimentos têm se caracterizado justamento por rechaçar vinculação partidária.
"Acho que quem quiser tirar proveito disso já perdeu. Não é um momento político, é social. Quem pensar que vai dirigir essas camadas não vai", disse.
O ex-presidente fez críticas ao modelo econômico do governo Dilma Rousseff.
"Acho que a carestia é o principal problema sempre. Depois vem o resto. Reclama do preço do ônibus. Por quê? Por causa da carestia. Reclamam da saúde. Por quê? Por causa do mau atendimento nos hospitais. Enfim, há também fatores políticos, como a corrupção. É um conjunto. E não é dirigido a uma pessoa. É geral, há uma insatisfação", completou.
Para o ex-presidente, o movimento indica aos governantes que "as coisas não estão tão bem quanto eles pensam". Ele disse ainda que a ação é positiva mesmo que não tenha uma linha específica, contemplando várias reivindicações.
"É importante que as pessoas mais jovens --e não só os jovens-- expressem suas vontades, mesmo que não saibam muito bem para que lado vão e que sejam muito díspares as suas vontades. Isso é a democracia. É claro que a partir daí os que são responsáveis, os que estão no governo, que percebam. As coisas não estão tão bem quanto eles pensam. Sempre há coisas para melhorar", afirmou.
ARTILHARIA
Aécio Neves disse que o movimento não pode ser apropriado por ninguém. "Uma questão é clara: o Brasil róseo, festejado na propaganda oficial, Brasil sem miséria, de educação de qualidade, com empresas públicas batendo recorde de produção, esse Brasil que nós dizimamos irreal ficou claro que não existe", disse.
"Esse é um movimento que tem que ser respeitado por suas características, não pode ser apropriado por ninguém, mas ele passa um sinal claro à sociedade e às autoridades em especial de que há uma insatisfação latente na sociedade", completou.
Para o tucano, os protestos representam um "sinal claro que o Brasil não precisa cuidar não apenas fazer propaganda, mas cuidar efetivamente dos problemas que afetam a vida das pessoas".
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