Favoritismo de Arruda no DF mostra quem é o responsável por eleger os maus políticos: NÓS!

 
Comício no interior de Pernambuco: queixas generalizadas contra os políticos fazem supor que alguém mais os elegeu -- mas fomos nós, brasileiros (Foto: Jornal do Commercio) 08/08/2013 
Salve-se quem puder!
Sabem quem é o candidato favorito a governador do Distrito Federal neste momento?
Sim, ele mesmo: José Roberto Arruda — o primeiro governador na história do país a ir para a cadeia, por corrupção, no curso do mandato, em 2010.
Que teve seu mandato de governador cassado pela Justiça Eleitoral.
Que foi condenado a mais de 5 anos de prisão, em regime semiaberto, por roubalheira.
Que já em 2001 renunciara ao mandato de senador para não ser cassado pelos colegas por fraude no painel de votação do Senado.
E o homem está lá, de novo, brilhando nas pesquisas de intenção de voto! (Leiam no Radar on-line).
Então deixem-me começar este comentário do começo.
Sempre que posso tenho insistido, ao longo de minha já larga carreira na imprensa, que é um paradoxo — para não dizer, também, uma manifestação de hipocrisia — a gritaria geral contra os políticos, que, a cada eleição, fica pior.
Sem-vergonhas, ladrões, safados, corruptos, imorais.
José Roberto Arruda: cassado, condenado por corrupção, envolvido no escândalo do painel do Senado -- mas favorito nas eleições para o DF (Foto: O Globo)
Não há palavra feia que não se aplique à generalidade dos políticos — de presidente da República ao último dos vereadores. E, como ocorre com toda generalização, esta também é eivada de injustiças.
Porque há, SIM, políticos bons, decentes, trabalhadores, corretos, voltados para o bem público.
Ninguém me contou e não é história da Carochinha.
Como comecei a carreira em Brasília, ainda com 18 anos incompletos, foca de uma agência de notícias que não existe mais, convivi desde cedo com a atividade política, sem contar que minha família, no Paraná, era fundamentamente envolvida com a coisa.
Lembro-me de, pequeno, junto com meu falecido irmão Arnaldo, termos o hábito de acompanhar, pela janela do fórum da pequena cidade em que nos criamos, embora nascidos em São Paulo, a apuração de eleição para prefeito, voto a voto em papel — nem cédula oficial da Justiça Eleitoral existia, então.
Lembro-me de meu Pai, admirador incondicional do Presidente Juscelino Kubitschek, com quem havia trabalhado, mandando os filhos, na escola, apostarem com os amigos na vitória do candidato de JK, marechal Henrique Lott, na eleição presidencial de 1960 — tal era o horror paterno diante do que para ele significava para o Brasil o candidato favorito, Jânio Quadros (de quem foi contemporâneo na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco), como em poucos meses se comprovaria.
Durante os anos em que trabalhei como repórter em Brasília, testemunhei políticos sacrificando brutalmente a vida pessoal por algo que caiu de moda mencionar, mas que existe: o bem público. Depois, já instalado em definitivo em São Paulo, continuei acompanhando profissionalmente a política e indo constantemente a Brasília — em especial durante a Constituinte (1987-1988). Por obrigação profissional, conheci, ao longo dos anos, vários presidentes, dezenas de governadores e prefeitos de grandes cidades, senadores, deputados, vereadores.
Claro que, em meio deles, havia de tudo. Mas um percentual de gente séria e preocupada com o Brasil que provavelmente deixaria surpreso os descrentes na política.
Hoje, parece que ninguém presta. É, pelo menos, o que se ouve e vê nas ruas, nos protestos, nas conversas, na imprensa.
Pode ser, sim, que o nível dos políticos que temos haja piorado muito com o correr dos anos. Atribuem ao dr. Ulysses Guimarães — um dos políticos que sempre honraram o mandato e que exerceu o ofício até a morte sem uma mancha sequer em sua honra — a afirmação de que, se o Congresso em exercício era tido como ruim, que esperassem pelo próximo… pior ainda.
Pode ser, repito.
Mas então chego à pergunta que venho fazendo pela carreira profissional afora: QUEM ELEGE os políticos que TODOS criticam?
Os neozelandeses? Os habitantes de Papua-Nova Guiné? Os italianos? Os búlgaros?
NÃO! Somos nós, brasileiros, os que ”colocam” onde estão os políticos que criticamos.
É claro que não ajuda em nada essa situação o fato de candidatos a presidente e a governador — cujo tempo de TV praticamente monopoliza as atenções do público durante as campanhas eleitorais –, JAMAIS explicarem ao povo, como seria de seu dever, a importância do Congresso e das assembleias legislativas (sem contar as  câmaras municipais) para sua administração e para a própria democracia.
O mesmo se pode dizer dos currículos escolares, que não ensinam NADA sobre como é, como funciona, para que serve e como é importante o Poder que representa o povo (daí a “democracia representativa” como forma de governo), de forma que, mesmo nas melhores escolas privadas, crianças e jovens atravessam séries sem ter a menor ideia do que são e para que servem o Congresso, as assembleias e as câmaras de vereadores.
Nada, contudo, muda o fato simples de que somos nós, brasileiros, que — com as exceções que confirmam a regra — votamos PESSIMAMENTE, em especial para o Senado e a Câmara dos Deputados, não prestando a mínima atenção nos currículos e folhas corridas dos candidatos.
Mas, quando um político com a folha corrida do ex-governador José Roberto Arruda ameaça voltar pelo voto popular para o cargo de GOVERNADOR, não se pode mencionar desconhecimento por parte do eleitorado.
O problema, aí, será muito, mas muito mais grave. Terá a ver com o nosso CARÁTER.

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