Qual é a razão de ser do sexo?

 Por  em 27.08.2013  


Bdelloidea

Bdelloidea
Isto pode parecer óbvio, mas em termos evolutivos os benefícios da reprodução sexual não são imediatamente claros. Muitos animais se reproduzem assexuadamente. Por que não seres humanos?
Besouros rinocerontes machos desenvolvem enormes chifres que pesam metade do comprimento do seu corpo para lutar pelas fêmeas. A ave da espécie Astrapia mayeripossui uma estranha e característica plumagem, que se parece com fitas brancas na cauda, para atrair um companheiro sexual.
Tais características incomodavam Charles Darwin, uma vez que sua teoria da evolução não pode explicar completamente o porquê dessas características tão extravagantes, a fim de que animais consigam algo tão natural quanto o sexo. 
Darwin uma vez escreveu a um amigo: 
"A visão das penas na cauda de um pavão, sempre que eu olho para isso, me faz sentir mal".
Além disso, o sexo permite que um parceiro não relacionado, possivelmente inferior, contribua com metade do genoma da geração seguinte. Então, por que o sexo é quase universal em animais, plantas e fungos? A seleção natural não deveria favorecer animais que renunciam a essa roleta russa genética e simplesmente deixá-los clonarem a si mesmos?
Sim e não. Muitos animais realmente clonam a si mesmos. Certas anêmonas do mar são capazes de fazer brotar gêmeos idênticos ao lado de seus corpos. Pulgões, abelhas e formigas podem se reproduzir assexuadamente. Nascimentos sem sexo por vezes ocorrem entre tubarões-martelo, perus, jiboias e dragões de Komodo.
Entretanto, quase todos os animais praticam sexo em algum momento de suas vidas. Os biólogos dizem que os benefícios do sexo vêm dos rearranjos genéticos que ocorrem durante a meiose, a divisão celular especial que produz óvulos e espermatozoides. Durante a meiose, as combinações de genes dos pais são quebradas e reconfiguradas em novos arranjos no esperma e nos óvulos resultantes, criando novas combinações de genes que podem ser vantajosas.
Um animal, no entanto, tem se dado muito bem absolutamente sem sexo. A classe de vermes Bdelloidea, do filo Rotifera, pode ser encontrada na maioria das lagoas de água doce. Eles medem alguns décimos de milímetro de comprimento e tem sido castos durante cerca de 80 milhões de anos. As cerca de 400 espécies conhecidas provam que o grupo é respeitavelmente diversificado, mas ninguém jamais viu um macho. As Bdelloidea colocam ovos não fertilizados, que crescem e viram filhas totalmente férteis. Qual é o segredo?
O professor de biologia Matthew Meselson, da Universidade de Harvard (EUA), e a equipe que trabalha em seu laboratório passaram os últimos anos investigando a genética molecular dos vermes. Ao expor as Bdelloidea a níveis extremamente elevados de radiação ionizante (um tratamento que causa centenas de rupturas físicas em cadeias de DNA), um dos ex-alunos de pós-graduação, Eugene Gladyshev, mostrou que os vermes conseguem reconstruir completamente o seu genoma, um feito inédito entre os animais.
Recentemente, Meselson e Gladyshev fizeram uma descoberta ainda mais surpreendente: elas possuem DNA estrangeiro de bactérias e fungos em seus cromossomos, o que é uma ótima maneira de manter a diversidade genética. Quanto ao resto de nós, estamos condenados a fazer sexo. Nada mal, não? [Pop Sci]

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