O foguete de Chico Anysio, o fiasco sideral em parceria com a China e a missão em Marte do astronauta Lula


13/12/2013
  
ATUALIZADO ÀS 20H03
O áudio de 3:58 prova que o Brasil já soube contemplar-se com ironia e rir de si próprio, duas virtudes que o livraram de descambar para o terreno do ridículo e virar motivo de galhofa. Gravado nos anos 70, Chico Anysio conta o que aconteceria se algum governo megalomaníaco resolvesse introduzir o país na era espacial com o lançamento de um foguete. As gargalhadas coletivas da plateia endossam a narrativa do grande humorista.
Neste 9 de dezembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Academia Chinesa de Tecnologia Espacial se juntaram de novo para o lançamento do satélite CBERS-3 (sigla em inglês para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O foguete de Chico Anysio não consegue subir na hora prevista. O colosso produzido em parceria decolou com três anos de atraso. Meia hora depois, o foguete lançador chinês Longa Marcha 4B se desintegrou antes de entrar em órbita. E arrastou na queda o satélite ambiental brasileiro CBERS-3.
O País do Carnaval torrou no empreendimento mais de R$ 300 milhões. A conta não inclui a gastança da comitiva que baixou na China liderada por dois ministros: Paulo Bernardo (Comunicações) e Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia), que voltaram para o Brasil em silêncio. Falou por eles um comunicado do INPE.​ Ainda não foi identificada a causa do malogro, mas os parceiros continuam sonhando com a conquista do espaço.
“Para assegurar o cumprimento dos objetivos do programa CBERS, Brasil e China concordaram em iniciar imediatamente discussões técnicas visando a antecipação da montagem e lançamento do CBERS-4″, avisa um trecho da nota. Três satélites sino-brasileiros estão em órbita. O último transformou em profecia a piada de Chico Anysio.
Ao ler o post, o jornalista Celso Arnaldo Araújo socorreu o colunista com algumas correções, já incorporadas ao texto, e o comentário que se segue: “Acho que o foguete brasileiro imaginado pelo Chico era mesmo um legítimo Ching-Ling”, escreveu Celso Arnaldo. “Mas este não era nosso. O nosso, em meu sonho, teria Lula lançado em missão one-way a Marte onde, ao chegar, ele diria: ‘ Nunca antes neste planeta…’”

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