Manoel Dias, do PDT, é suspeito de comandar um esquema de desvios de recursos do ministério para empregar funcionários fantasmas
FEUDO - Manoel Dias, ministro do Trabalho: pasta é comandada pelo PDT desde o governo Lula (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Um inquérito concluído pela Polícia Federal reúne indícios de participação do ministro do Trabalho, Manoel Dias, em um esquema de desvios de recursos da pasta. De acordo com a PF, militantes do PDT, partido de Dias, foram empregados como funcionários fantasmas de uma entidade que firmou convênios com o ministério, movimentando 11 milhões de reais.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a PF pediu explicações ao ministro, mas não pôde intimá-lo por que ele detém foro privilegiado. Caberá à Justiça Federal em Santa Catarina decidir se enviará ou não o caso Supremo Tribunal Federal (STF). Só após a manifestação do Supremo é que o ministro poderá ser formalmente investigado.
A investigação da PF começou a partir de revelações de um ex-dirigente do PDT, em setembro do ano passado. Ex-presidente da Juventude do partido em Santa Catarina, John Sievers – que à época era presidente do diretório estadual do PDT – afirmou que, em 2008, recebeu pagamentos mensais da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale), com sede em Brusque (SC) e comandada por pedetistas. Na prática, porém, prestava serviços à Universidade Leonel Brizola, lidada ao PDT.
Segundo Sievers, os pagamentos foram feitos a mando do hoje ministro. "Quem me passou (as orientações) foi o Manoel (Dias). Meu salário foi pago através da ADRVale", afirmou.
Com base eleitoral em Santa Catarina, Dias nega ter dado ordem para as irregularidades e diz não temer a abertura de um inquérito: "Nunca me envolvi em corrupção", disse. Na época do surgimento das denúncias, Dias enfrentou pressões, inclusive do seu partido, para renunciar ao cargo.
Documentos – Sievers entregou à polícia extratos bancários e afirmou ter recebido da ADRVale, após acerto com Dias, valores que variam de 800 reais a 1.335 reais, entre fevereiro e outubro de 2008, na condição de "vigilante" e "assistente". Na prática, segundo sua versão, viajava a cidades do interior a serviço da universidade do partido, que também era comandada pelo agora ministro do Trabalho.
Cinco ex-dirigentes da ADRVale, hoje inativa, foram indiciados por formação de quadrilha, peculato e dispensa indevida de licitação.
À Justiça, a PF relatou que o governo sonegou dados do convênio. Além disso, não enviou dados sobre a análise da prestação de contas. A pasta alega não ter recebido informações completas porque um incêndio atingiu as instalações da ADRVale.
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