Segundo jornal 'Valor Econômico', ex-presidente teria determinado que Paulo Roberto Costa desse R$ 1 mi a cada uma das 12 agremiações em 2008
Lula teria sido pressionado por 'bicheiros' para liberar o patrocínio às escolas de samba (Reprodução/VEJA)
O nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e um dos denunciados na operação Lava Jato da Polícia Federal, aparece novamente envolvido em outro caso de pagamento sem controle da petroleira.
Segundo o jornal Valor Econômico, Costa teria dado 1 milhão de reais a cada uma das doze escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro em 2008 a pedido do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O repasse, contudo, foi feito sem passar pelo controle de gastos da estatal e ainda gerou prejuízo milionário aos cofres da empresa.
As informações foram reveladas pelo ex-gerente de Comunicação da área de Abastecimento da Petrobras, Geovane de Morais, à Comissão de Apuração de desvios na Comunicação do Abastecimento, entre 2008 e 2009.
Algumas denúncias sobre repasses não controlados de dinheiro feitos por Geovane em 2008 já saíram na mídia em 2014 em meio às apurações da Lava Jato, mas os detalhes sobre o patrocínio às escolas de samba a pedido de Lula só vieram à tona na reportagem desta segunda-feira.
O jornal diz ter conseguido o depoimento na íntegra, com quatro horas de gravações, nas quais consta diversas vezes o nome do presidente Lula como a pessoa que determinou o patrocínio.
Geovane conta que o 'pedido' de Lula sobre o dinheiro a ser doado às escolas foi feito menos de um mês antes do carnaval de 2008.
A área técnica da Petrobras respondeu, contudo, que não havia tempo necessário para responder ao pedido, fazer as licitações e o acompanhamento dos gastos.
O assunto foi levado à Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto que, por sua vez, ordenou o repasse - "o presidente quer porque quer", contou Geovane.
"O presidente da Portela foi falar com os 11 outros presidentes (das escolas de samba do Rio) e pressionaram muito o Lula.
E tinha a questão política e eleitoral do Sérgio Cabral. Eles pressionaram o Lula e ele foi obrigado a liberar", disse Geovane.
A área de Comunicação Institucional nem teria autorização para fazer patrocínios de carnaval.
Assim, a solução foi alocar o dinheiro como "patrimônio imaterial do Brasil".
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O valor total do patrocínio ultrapassou 12 milhões de reais porque houve gastos ainda com camarotes, contratados em última hora para as "ações de relacionamento" com autoridades e políticos, entre outras despesas que a Comissão encontrou na investigação.
O gasto adicional com a organização de dois camarotes no carnaval - um para a Petrobras e outro para a Diretoria de Abastecimento, liderada por Paulo Roberto Costa - chegou a 4,7 milhões de reais.
Geovane também falou à Comissão, em depoimento de 13 de março de 2009, sobre outro assunto: fraudes em patrocínios envolvendo comunidades carentes no Rio, como a Rocinha.
Prejuízo - Em suas declarações, o ex-gerente de Comunicação também revelou que as ações de patrocínio levaram a um rombo de 58 milhões de reais pagos a serviços não prestados pela comunicação em 2008.
Houve ainda, segundo o jornal, gastos de 44 milhões de reais com duplicatas e outros pagamentos que a comissão investigadora não conseguiu identificar a quem foi.
Geovane afirma que, além de Paulo Roberto Costa, toda a alta direção da estatal participou daquele carnaval, inclusive a atual presidente da companhia, Graça Foster.
Em resposta, o Instituto Lula diz que a fiscalização de patrocínios cabe à Petrobras. Sérgio Gabriele, então presidente da Petrobras em 2008, respondeu que, na época, houve apuração interna dos desvios e o gerente foi demitido.
Geovane foi demitido em 2009, mas permaneceu na Petrobras até agosto de 2013, porque a companhia considerou que ele estava de licença médica e apenas afastado do cargo.
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